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SÃO PAULO – O setor de seguros é gigante: foram receitas de R$ 71,16 bilhões apenas no primeiro trimestre de 2021, segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep). Mas a presença desses produtos entre a sociedade brasileira ainda é baixa – mesmo no seguro de automóvel, que é o mais conhecido. A Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) afirma que 70% dos carros registrados no Brasil não têm um seguro auto.
Para a Justos, a resposta para ampliar as contratações do seguro automóvel está em processos mais simples e preços mais acessíveis. A startup de seguros (insurtech) defende que a mensalidade dependerá do comportamento do motorista – os conscientes pagarão menos.
A Justos ainda está em fase de testes, com lançamento previsto para o segundo semestre de 2021. Mesmo assim, sua ideia já atraiu investidores de peso. A insurtech captou um aporte semente de R$ 15 milhões com os fundos BigBets e Kaszek Ventures. Fundadores de empresas como Creditas, iFood, Kavak e Nubank também investiram na rodada. O InfoMoney conversou com Dhaval Chadha, cofundador da Justos, para entender o modelo de negócios e os planos para a startup de seguros após a captação.
Ideia de negócio: seguro auto flexível
A Justos foi criada pelo espanhol Antonio Molins, pelo indiano Dhaval Chadha e pelo mexicano Jorge Soto Moreno. Eles se conheceram quando estavam no Vale do Silício, trabalhando para empresas como Airbnb, ClassPass e Netflix. Quando decidiram empreender juntos, Chadha se lembrou dos oito anos em que morou no Brasil. Como mexicano, Moreno também conhecia o mercado latino-americano.
“Tínhamos uma motivação de melhorar a vida das pessoas na região e procuramos setores com grande impacto e boas oportunidades, como fintech e healthtech”, explica Chadha. Molins entrou com experiência em uso intensivo de dados, com doutorados na Universidade de Harvard e no Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Olhando para o mercado de serviços financeiros, os empreendedores concluíram que havia mais bons bancos digitais do que seguradoras digitais – e um grande mercado para aproveitar.
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“Especificamente falando de seguro automotivo, é um segmento que têm boas margens e usa pouco a tecnologia. Queríamos participar dessa transformação”, diz Chadha. As conversas entre os empreendedores em agosto do último ano viraram um piloto dois meses depois.
Nos testes, o usuário baixa o aplicativo e coloca dados como CPF, CEP e placa do carro para receber a cotação padrão de seguro automotivo da startup. Segundo Chadha, o valor ficará até 30% menor do que o visto nas seguradoras tradicionais. Os valores absolutos só serão divulgados perto do lançamentos da insurtech.
Após dirigir 80 quilômetros, a Justos consegue fornecer descontos adicionais de outros até 30%. Isso porque a startup realiza medições a partir dos smartphones dos usuários para definir seu perfil de direção, o risco associado e a precificação mais adequada para ele. Alguns pontos analisados serão aceleração, freadas bruscas e se a pessoa fala no celular enquanto dirige. “Todo mês, o usuário tem a oportunidade de ganhar um desconto que será aplicado no pagamento do mês seguinte”, explica o cofundador.
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O Brasil tem mais de 110 insurtechs, segundo um estudo feito pela empresa de inovação Distrito em janeiro de 2020. Alguns exemplos de startups de seguros que também oferecem seguros automotivos são Pier, Thinkseg e Youse. As variações de mensalidade seguem critérios diferentes da Justos, porém. A Pier olha para a desvalorização do automóvel para fornecer descontos; a Thinkseg olha para quilômetros rodados; e a Youse olha para inclusão e exclusão de algumas coberturas.
“Estamos focados mais na qualidade da direção, levando em consideração cinco tipos de comportamento para definir nossas mensalidades”, diz Chadha.
Investimento e planos de lançamento
Em novembro de 2020, os fundadores assinaram um acordo para investimento de R$ 15 milhões na ideia. O aporte semente foi liberado pelos fundos Big Bets e Kaszek Ventures. O Big Bets tem no portfólio startups como ChatPay, Conta Simples e Lemon. Já o Kaszek Ventures foi criado pelos cofundadores do Mercado Livre Hernán Kazah e Nicolas Szekasy e investiu em mais de 75 startups, muitas delas unicórnios brasileiros.
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Alguns desses fundadores de startups bilionárias também participaram do investimento na Justos como anjos. É o caso de Carlos Garcia, da Kavak; David Vélez, do Nubank; Patrick Sigrist, do Ifood; e Sergio Furio, da Creditas. “A cada duas ou três semanas, trazemos conversas deles com nossa equipe. Esses fundadores também nos ajudam com contatos para as próximas rodadas de investimento”, diz Chadha.
O principal foco do aporte foi ampliar a equipe da insurtech. A Justos tem hoje uma equipe de 20 funcionários, 12 deles localizados no Brasil. O negócio está agora desenhando seus processos gerais e específicos para concessão do seguro automotivo.
A Justos já tem uma lista de espera. Após o lançamento no segundo semestre de 2020, a insurtech também usará parte dos recursos para marketing e para formar parcerias com outras fintechs. “No aplicativo de um banco digital, por exemplo, você pode ver uma área para descobrir qual será seu desconto no seguro automotivo caso você dirija bem. Com consentimento do cliente em compartilhar seus dados, esse se torna um bom canal de aquisição para nós”, diz Chadha.
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