Investimento em startups brasileiras bate recorde e passa dos R$ 33 bilhões em 2021

Associação Brasileira de Venture Capital e Private Equity (ABVCAP) mostra que também aumentaram o número de startups investidas e o cheque médio

Mariana Fonseca

(Pixabay)
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SÃO PAULO – As startups brasileiras receberam R$ 33,5 bilhões de fundos de venture capital durante os primeiros nove meses de 2021. É um recorde histórico de captação, triplicando o valor arrecadado pelas startups no mesmo período de 2020.

Além do maior volume financeiro, mais startups estão recebendo cheques maiores. 226 negócios receberam um cheque médio de R$ 130,7 milhões. Nos três primeiros meses de 2020, eram 147 negócios e um aporte médio de R$ 80,2 milhões.

Os dados são parte de um estudo elaborado pela Associação Brasileira de Venture Capital e Private Equity (ABVCAP) e pela consultoria KPMG. “Apesar dos ruídos políticos, da insegurança jurídica e das incertezas econômicas, o Brasil vive a maior onda de empreendedorismo de sua história”, afirmou em comunicado Piero Minardi, presidente da ABVCAP. “E o capital de longo prazo da indústria de private equity e venture capital tem sido protagonista desse movimento, ao apoiar empresas com recursos financeiros, conhecimento setorial, melhorias na gestão e acesso ao mercado de capitais.”

Entre os setores preferidos dos investidores estão seguros e serviços financeiros, software, logística e varejo. Veja a divisão de aportes completa nos primeiros nove meses de 2021:

Investidores de olho nas startups

Outro relatório corroborou o interesse dos investidores pelas startups brasileiras – mas sob a ótica de criação de unicórnios, ou startups avaliadas em ao menos US$ 1 bilhão. A empresa de análise de dados em inovação Sling Hub afirma que o Brasil se tornou o país mais relevante da América Latina em termos de unicórnios.

A Argentina foi o único país latino-americano a produzir unicórnios durante uma década, com Mercado Livre em 2007 e Decolar em 2017. Esse cenário mudou em 2018, quando sete startups brasileiras ultrapassaram o valor de mercado de US$ 1 bilhão. No mesmo ano, Colômbia e México também entraram para o clube dos unicórnios.

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Esses unicórnios costumam se criar com a ajuda de investidores. A empresa de telecomunicações japonesa SoftBank ocupa o topo do ranking, investindo em 13 dos 34 unicórnios da América Latina. Os americanos Tiger Global e Endeavor completam o pódio, com 11 e 10 unicórnios respectivamente.

O SoftBank recentemente criou um fundo de US$ 3 bilhões em startups da América Latina. A empresa já tinha um fundo de US$ 5 bilhões para a região, que apresentou uma taxa interna de retorno de 85% em dólares. O resultado evidencia “o rápido crescimento da América Latina”, segundo o SoftBank.

“A América Latina é uma das regiões econômicas mais importantes do mundo e o SoftBank continuará impulsionando a adoção de tecnologia, que beneficiará centenas de milhões de pessoas”, escreveu em comunicado Masayoshi Son, presidente do SoftBank. “Há muita inovação e disrupção ocorrendo na região e acredito que as oportunidades de negócios nunca foram tão grandes.”

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Tecnologia brasileira cresceu (e crescerá)

A pandemia do novo coronavírus impulsionou a digitalização dos brasileiros, abrindo mais oportunidades para as empresas de tecnologia. 42% dos brasileiros têm uma conta em um banco digital, enquanto o e-commerce nacional conquistou 13 milhões de novos consumidores em 2020, 29% a mais do que o visto em 2019. Assim, o valor de mercado das empresas de tecnologia nacionais como porcentagem do PIB foi estimado em 2,8% em 2020. Em 2021, a projeção é chegar a 4,5%.

Mesmo com esse crescimento, ainda há espaço para explorar a transformação digital no país. Nos Estados Unidos, o valor de mercado das empresas de tecnologia na região como porcentagem do PIB irá de 48,2% para 69,8% entre 2020 e 2021. Na China, de 25,4% para 30,2%. Na Índia, de 9,9% para 14,2%.

Julio Vasconcelos, empreendedor e investidor pelo fundo de venture capital Atlantico, afirmou em entrevista anterior do Do Zero Ao Topo que o que vimos no ano passado foi resultado apenas da primeira onda da pandemia do novo coronavírus.

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“Uma vez que o e-commerce dobrou de tamanho em 2020, toda a fundação que viabilizou esse crescimento também teve de se expandir para acompanhar. Logística e pagamento, por exemplo, também ficaram maiores e melhores. Estamos em uma segunda ou terceira leva de setores sendo ampliados, junto da maior penetração do digital.”

O sócio-operador do Atlantico deu como primeiro exemplo as entregas de supermercado, um setor com penetração historicamente baixa no e-commerce e agora em toada de crescimento. Em serviços financeiros, as agências digitais dividem espaço com a expansão de pagamento, crédito e investimento completamente pela internet. Com mais setores a explorar, cheques continuam sendo assinados – e o valor deles fica cada vez mais alto, como mostraram ABVCAP e KPMG.

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.