Contabilizei recebe R$ 320 milhões em investimento liderado pelo SoftBank

Startup de contabilidade para micro e pequenos empresários atende 30 mil usuários. Plano é dobrar o faturamento em 2022

Mariana Fonseca

Vitor Torres, fundador da Contabilizei (Divulgação)
Vitor Torres, fundador da Contabilizei (Divulgação)

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A Contabilizei está de olho em levar sua solução de contabilidade não apenas para os mais de 21 milhões de CNPJs ativos no país, mas também aos empreendedores que ainda precisam se formalizar. Nesta quinta-feira (10), o conglomerado japonês de telecomunicações SoftBank tomou a frente de um investimento de R$ 320 milhões nesse plano de ataque.

O SoftBank liderou a rodada série C da Contabilizei. O conglomerado tem no portfólio unicórnios como Gympass, Loggi e Rappi. A rodada também contou com o banco Goldman Sachs (CargoX, Olist) e o fundo PruVen Capital (Pismo). A startup já tinha investidores como o Banco Mundial e os fundos Igah Ventures, Kaszek, Point 72 e Quona. A captação total agora subiu para cerca de R$ 470 milhões.

A Contabilizei começou a operar em janeiro de 2014, com uma solução de contabilidade online para facilitar a adesão e reduzir os custos desse tipo de serviço. A startup oferece primeiro um serviço de abertura gratuita de empresa – um grande canal de aquisição de novos empreendedores-usuários. O passo seguinte é vender sua solução principal, de contabilidade online.

A startup começa com um atendimento humano, tendo uma equipe própria de contadores e registro no Conselho Federal de Contabilidade. Já processos como a importação de guias fiscais, o cálculo de impostos devidos e a elaboração de balanços financeiros são feitos de maneira automatizada pelo sistema da Contabilizei. Segundo a empresa, seu custo atual é entre 70% a 90% menor do que o de um escritório de contabilidade tradicional. O negócio se monetiza com uma mensalidade que vai de R$ 96 a R$ 349.

Mais recentemente, a Contabilizei também passou a oferecer soluções complementares por meio de empresas parceiras, como conta bancária, gestão de contas a pagar e a receber, parcelamento dos impostos devidos e assessoria para contratação de plano de saúde. “Começamos ajudando a abrir a empresa. Depois, passamos para cuidar do CNPJ. Agora, cuidamos de outros assuntos em que os empreendedores têm dificuldade”, resumiu o cofundador Vitor Torres em entrevista ao Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney.

Nesses oito anos, a startup acumulou mais de 30 mil empresas atendidas. Para efeitos de comparação, um escritório de contabilidade tradicional suporta entre 80 a 100 clientes regularmente, segundo o cofundador da Contabilizei.

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O SoftBank entrou no quadro de investidores da Contabilizei em janeiro do último ano, em uma rodada com valor não divulgado. “O tamanho da oportunidade para ajudar o pequeno empreendedor brasileiro é gigantesco. E vemos na Contabilizei a empresa mais bem preparada para ofertar o serviço de apoio que este empreendedor necessita com capacidade de crescer mantendo a excelência no atendimento ao cliente”, disse em comunicado Carlos Medeiros, sócio do SoftBank.

“Nós identificamos três tipos de concorrentes: o contador no escritório tradicional, os softwares de gestão que se associam a contadores e a decisão pela informalidade. O SoftBank analisou todas as teses de negócio em contabilidade e acreditou que a nossa sairia vencedora”, analisou o fundador da Contabilizei na época ao Do Zero Ao Topo. “É aquele tipo de fundo de venture capital que analisa em profundidade a indústria e escolhe o player que julga ser o consolidador. (…) Também levamos em consideração que o fundo tem apetite e capacidade financeira para nos acompanhar em captações futuras de investimento.”

A avaliação de mercado da Contabilizei nesta rodada não foi divulgada. A startup aparece frequentemente em listas de próximos unicórnios, ou startups avaliadas em pelo menos US$ 1 bilhão, do Brasil. A Contabilizei faz parte dos palpites da empresa de inovação Distrito para este ano, por exemplo.

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O investimento atual de R$ 320 milhões reforçará primeiro uma frente que a Contabilizei e outras startups têm adotado: a abertura de unidades físicas para conquistar novos públicos. A startup de contabilidade digital inaugurou no último outubro dois escritórios em shoppings de São Paulo e do Rio de Janeiro. O plano é abrir mais cinco unidades nos próximos três meses.

“Temos nos posicionado mais como um serviço do que como apenas um software. Apoiamos o empresário com abertura de empresa, contabilidade e gestão empresarial, e não apenas temos um sistema em que ele coloca dados e depois contrata um contador para cuidar das informações. Nos últimos anos inauguramos atendimentos que iam além do site, como conversas por telefone e por WhatsApp. Com as lojas físicas, chegamos a ainda mais empreendedores”, diz Torres.

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A Contabilizei atende microempresas e empresas de pequeno porte, dentro dos regimes tributários Simples Nacional (limite de faturamento anual de R$ 4,8 milhões) e Lucro Presumido (R$ 78 milhões). Os empreendimentos vão desde profissionais autônomos, como advogados e médicos, até comércios eletrônicos.

Na mesma linha, a startup também vai reforçar um plano que criou no último ano com assessores exclusivos, chamado Expert. Um último objetivo é ampliar os produtos e serviços financeiros na plataforma, aprofundando a relação com empresas parceiras. A Contabilizei afirma que dobrou seu faturamento anual em 2021, sem revelar os números. A expectativa é novamente dobrar em 2022.

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.