Como esta fintech captou R$ 55 milhões e atraiu a Sinqia

Celcoin fornece interfaces de programação (APIs) de serviços financeiros para 170 clientes; novo investimento vai para desenvolvimento de produto e M&As

Mariana Fonseca

Marcelo França, da Celcoin (Divulgação)
Marcelo França, da Celcoin (Divulgação)

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SÃO PAULO – Todos os negócios que atuam com serviços financeiros têm enorme expectativa com o Open Banking — movimento criado pelo Banco Central que defende que as informações podem estar armazenadas nesta ou naquela instituição, mas o dono delas é o cliente. Essa expectativa é ainda maior nas fintechs, porque veem a oportunidade de competir com as instituições tradicionais.

A Celcoin não está lidando apenas com a esperança: a fintech trabalha desde o ano passado desenvolvendo interfaces de programação, ou APIs, voltadas para empresas que querem surfar na onda do Open Banking. Sua proposta acabou de atrair um novo investimento. A Celcoin captou R$ 55 milhões com investidores como a Sinqia (SQIA3), provedora de tecnologia para serviços financeiros com valor de mercado de R$ 1,6 bilhão na B3.

Soluções financeiras no físico e no digital

A Celcoin foi criada por Adriano Meirinho e Marcelo França em 2016. França trabalhou com tecnologia no Banco Bozano Simonsen (incorporado pelo Santander), na corretora Investshop (hoje parte do Itaú Unibanco) e no Lemon Bank (comprado pelo Banco do Brasil). Já Meirinho tem experiência com marketing e internet, com passagem por Catho e Oppa.

A Celcoin começou colocando serviços financeiros em comércios, como pagamento de contas, recarga de celular e transporte, assinatura de serviços de streaming e saques e depósitos pela rede de caixas eletrônicos Banco24Horas. Os lojistas atuam como correspondentes bancários, fornecendo tais serviços à vizinhança. A vertical continua até hoje e ficou conhecida como Rede Celcoin. São 50 mil pontos de venda em 3 mil municípios.

Mas a fintech também passou a fornecer outros serviços financeiros e para empresas que atuam também no digital – como operadoras de celular, programas de fidelidade e até bancos, corretoras e outras fintechs. Alguns serviços fornecidos, além dos já presentes na Rede Celcoin, são débito automático e pagamento por Pix.

Por meio de suas interfaces de programação (APIs), a Celcoin atende 170 clientes e tem 36 mil correspondentes bancários conectados à plataforma atualmente. “Vimos que fornecer infraestrutura financeira para outros clientes era um negócio promissor. Então lançamos a nossa plataforma de open finance”, diz França.

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A proposta da Celcoin foi impulsionada nos últimos meses, seja pela demanda por serviços financeiros digitais provocada pela pandemia ou pela adoção de mais empresas ao Open Banking. No começo de 2020, a fintech atendia apenas 60 clientes e tinha 20 mil correspondentes bancários. A Celcoin cresceu seu volume de transações em quatro vezes nos últimos 12 meses. 8 milhões de pessoas transacionam mais de R$ 1,5 bilhão na plataforma por mês atualmente.

“Participamos de três grupos de trabalho do open banking e temos buscado nos antecipar ao Open Banking regulado. Lançamos em 2020 nossas APIs para Open Banking e temos um volume considerável de clientes querendo essa solução”, diz França. A segunda fase do Open Banking, que envolve o compartilhamento de dados cadastrais e transacionais de clientes mediante seu consentimento prévio, está prevista para começar em agosto. “Com o Open Banking implantado, esperamos crescer ainda mais. Devemos ter a adoção de novos clientes.”

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Novo investimento e expansão

Esse não é o primeiro aporte recebido pela Celcoin. A fintech tinha captado R$ 6 milhões em 2019 (Vox Capital), e mais R$ 23 milhões de reais em 2020 (Vox Capital e boostLab/BTG Pactual). O aporte atual de R$ 55 milhões foi realizado tanto pelos investidores anteriores quanto pela Sinqia.

Apenas a provedora de tecnologia e serviços financeiros aportou R$ 15 milhões dos R$ 55 milhões por meio do Torq Ventures, seu fundo corporativo de capital de risco (corporate venture capital). Em comunicado registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Sinqia informou que os objetivos com o investimento são “reforçar sua estratégia de open finance; (ii) se posicionar no mercado de infraestrutura para bancos digitais e fintechs; (iii) explorar sinergias comerciais, distribuindo as soluções da Celcoin na sua base de clientes e viceversa; e (iv) explorar sinergias técnicas, fornecendo softwares para suportar a expansão das operações da Celcoin.”

A Sinqia enfrenta um mercado cada vez mais concorrido, especialmente com a recente parceria entre a concorrente Totvs com a B3. A Sinqia tem uma fatia de 6% no segmento de software para serviços financeiros.

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“A Celcoin já é uma startup consolidada e que gera caixa, mas decidimos abrir esse novo aporte por conta da sinergia que temos com essas empresas. Vox e BoostLab já eram investidores, e agora a Sinqia chega para somar com a Celcoin”, diz França.

A fintech de APIs usará os novos recursos para desenvolvimento de produtos e fusões e aquisições (M&As). “Temos olhado algumas startups que têm sinergia com a Celcoin e queremos fechar negócios ainda em 2021”, diz o cofundador. A Celcoin também pretende concluir a obtenção das licenças de instituição de pagamento e de iniciador de transações de pagamento, entidades criadas pelo Banco Central para aumentar a concorrência em serviços financeiros.

A Celcoin planeja fechar este ano com 250 clientes e R$ 40 bilhões em transações processadas. Esse crescimento seria de duas vezes sobre 2020.

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.