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Camila Farani passava longe da tecnologia quando começou a sua história com o empreendedorismo. Ela levantou as vendas da loja da sua mãe e, desde então, não parou de criar e de apoiar negócios. Depois de ter as próprias empresas de alimentação, Camila se tornou uma das maiores investidoras do país. Ela colocou dinheiro em mais de 45 startups, na pessoa física ou na pessoa jurídica (inclusive como jurada do programa Shark Tank Brasil). Essas empresas investidas movimentam R$ 3,7 bilhões por ano.
A trajetória de empreendedora e investidora de Camila Farani é o tema do episódio 125 do podcast Do Zero ao Topo. O programa está disponível em vídeo no YouTube ou nas plataformas de áudio ApplePodcasts, Spotify, Deezer, Spreaker, Google Podcast, Castbox e Amazon Music.
Além de investir em startups na pessoa física, Camila atuava e atua como investidora jurídica por meio de empresas de investimento como Gávea Angels, Mulheres Investidoras Anjo e G2 Capital. Também faz parte do conselho de administração do PicPay e da Tem Saúde, e do conselho de marketing e crescimento da Nuvemshop. Confira alguns trechos da conversa com Camila Farani:
Do Zero Ao Topo – Você investe desde 2010. Como você entrou no mundo do investimento em tecnologia, sendo que a sua experiência anterior tinha sido como empreendedora em alimentação?
Camila Farani – Fiquei no Mundo Verde durante dois anos e foi uma decisão difícil sair. Ouvi “Você é maluca!”, “Como você vai sair? Você é diretora executiva, você é sócia!”, não sei o quê… Mas eu não estava me sentindo realizada. (…) Eu sou inquieta demais para ficar dentro de um negócio e passar o dia inteiro analisando indicadores, indicadores e indicadores. Eu queria olhar para outras coisas, outros mercados. Pedi demissão e um mês depois um amigo veio falar comigo.
Eu estava capitalizada, tinha mudado da vida, saído da Zona Norte para a Zona Sul do Rio de Janeiro. Tinha virado executiva e ganhado experiência. Então entrei no Gávea Angels, um dos primeiros grupos de investidores anjo. E o que que era esse negócio de investidor anjo? O pitch do Geraldo [Neto, líder do Gávea Angels] foi assim: você vai lá e coloca dinheiro num aplicativo, e se você tiver êxito seu capital será multiplicado por 10 a 15 vezes em seis anos.
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Eu falei: “Pelo amor de Deus! Eu estou acostumada a ter caixa todo mês, esse negócio não é para mim”. (…) Ele falou para eu ir numa reunião, porque tinha uma menina com um e-commerce de cosméticos excelente, mas só tinha homem na banca e eles não tinham como conhecer os produtos. E lá fui eu.
Eu entrei naquela sala com 18 investidores, a empreendedora fez o pitch e eu fiquei fascinada. Falei comigo: “Existe vida fora da alimentação e é isso que eu quero fazer o resto da minha vida: ser investidora.”
Do Zero Ao Topo – Você falou em muitas ocasiões que você sentia a síndroma da impostora, a sensação de “será que eu mereço estar neste lugar?”. Como é que você lida com essa insegurança? Que dica você daria para empreendedoras que também sentem esse medo?
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Camila Farani – Em 2016, eu fui chamada para fazer o Shark Tank Brasil e foi um grande baque. Eu olhei aquelas pessoas e vi meus ídolos, o João Appolinário e o Robinson Shiba. O Robinson Shiba! Como eu ia contar que eu copiava todas as estratégias dele (risos)?
Eu sentei na primeira temporada de coque, para parecer uma super investidora profissional. Depois de seis temporadas, eu deixei essa cadeira de fato me sentindo uma investidora profissional, mas ainda com a certeza de que não fiz 10% do que posso fazer pelo empreendedorismo no Brasil.
Do Zero Ao Topo – Qual conselho você daria para um empreendedor que quer um investimento da Camila Farani?
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Camila Farani – Primeiro de tudo, o seu negócio é sobre você. Eu vou querer saber sua história de vida; por que você quis criar seu negócio; para onde você vai; como você resiste à frustração e à pressão; como você constrói times, gestão e cultura; e se você entende como funcionam as rodadas de funding [investimento]. Principalmente, eu quero sentir sua legitimidade e seu amor pelo que você faz.
Depois passamos para o seu modelo de negócio, para como a sua dor se encaixa com seu problema e com como que você se monetiza. Se você já encontrou seu product-market fit, que são os produtos e mercados ideais, dentro de um problem-solution fit, que são os problemas e soluções ideais. Eu invisto quando o empreendedor já encontrou ou está em vias de encontrar [esses encaixes]. Se você perguntasse para os usuários quão frustrados eles ficariam se a sua ferramenta não existisse mais e essa frustração ficar acima de 40% dos usuários, você já tem uma ideia, um cheio de que você já encontrou seu product-market fit.
O próximo passo é o produto. Se a tecnologia é blindada o suficiente; como ela foi codada [programada]; quem é seu time de tecnologia; se você tem um CTO [diretor de tecnologia]; quão proprietária é a tecnologia; e se ela é software ou hardware.
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Vou ainda querer saber como está sua tração, em usuários ou faturamento. E como está sua saúde financeira. Se você tem dívida, se você está alavancado e como está o caixa. Eu sempre invisto para a gente ter um runway, um fôlego de 18 até 24 meses. Não invisto para o negócio acabar em dois ou três meses.
E, para fechar, quero saber quão feliz você está com seu negócio, porque é isso que importa no final das contas.
Sobre o Do Zero ao Topo
O podcast Do Zero ao Topo traz, a cada semana, um empresário de destaque no mercado brasileiro para contar a sua história, compartilhando os maiores desafios enfrentados ao longo do caminho e as principais estratégias usadas na construção do negócio. O programa já recebeu nomes como André Penha, cofundador do QuintoAndar; David Neeleman, fundador da Azul; José Galló, executivo responsável pela ascensão da Renner; Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos; Artur Grynbaum, CEO do Grupo Boticário; Sebastião Bonfim, criador da Centauro; e Edgard Corona, da rede Smart Fit.