Você sabe qual é a relação entre a taxa Selic e os preços do Tesouro Direto?

Redução na taxa básica de juros da economia nem sempre resulta em valorização dos títulos públicos; entenda

Equipe InfoMoney

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Quando você compra um título público no Tesouro Direto, os preços que aparecem em seu extrato variam diariamente, sinalizando quanto você receberia caso vendesse antecipadamente. Esses valores se movem seguindo uma lógica inversamente proporcional às mudanças nas taxas de juros, ou seja, quanto menores essas taxas, mais caros ficam os títulos, representando um ganho para quem já investe no Tesouro Direto.

Portanto, seria natural imaginar que quando a taxa básica de juros da economia, a taxa Selic, cai, os preços de todos os títulos públicos sobem, correto? Em muitos casos sim, mas atenção: isso não é uma regra para todos os casos.

A taxa Selic é definida com base em operações compromissadas dos bancos com o Banco Central, por isso as instituições financeiras baseiam seus custos de empréstimos nessa taxa, o que acaba influenciando os juros de todo o mercado. Dessa forma, quando há um movimento forte de redução nos juros, a tendência é de aumento nos preços dos títulos públicos.

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No entanto, basta olhar para o título público que teve a melhor rentabilidade no ano passado, o Tesouro IPCA+ com vencimento em 2035, para constatar que essa relação inversamente proporcional entre taxa Selic e preço dos títulos públicos nem sempre é verdadeira. Em 2016, o Comitê de Política Monetária do Banco Central reduziu a taxa Selic nas duas últimas reuniões do ano, nas noites de 19 de outubro e 30 de novembro. Embora o preço unitário de venda do Tesouro IPCA+ com vencimento em 2035 tenha subido de R$ 1.056 para R$ 1.062 na manhã seguinte ao primeiro corte nos juros, foi registrada uma queda no preço unitário de venda após o segundo corte de juros, de R$ 984 para R$ 983.

Isso acontece porque as taxas de juros dos títulos públicos seguem uma dinâmica de mercado própria, embora também influenciada por expectativas, situação econômica, entre outros fatores. Por isso, muitas vezes os preços podem se mover de modo diferente ao esperado olhando apenas para a taxa Selic. É importante entender, ainda, que a taxa Selic é diária, e então nem sempre reflete muito bem a realidade para títulos com vencimentos mais longos.

Segundo explicação do próprio Tesouro Direto, “o risco de longo prazo é diferente do risco do curto prazo, pois os fatores que influenciam as taxas de juros mais longas são diferentes dos fatores que influenciam as taxas mais curtas”. Em documento publicado pelo Tesouro Direto, a instituição explica que por isso é possível que um título Tesouro IPCA+ com vencimento em 20 anos tenha uma queda nas taxas de juros mesmo quando a taxa Selic subir, assim como o contrário também é válido.

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Também vale lembrar que, enquanto a meta para a taxa Selic é definida pelo Banco Central em reuniões a cada 45 dias, aproximadamente, as taxas de juros dos títulos públicos sofrem alterações diariamente, já refletindo fatores como mudanças de expectativas.

Para quem pretende mitigar esse risco de mercado nas vendas antecipadas de títulos públicos, o Tesouro Selic, também conhecido como LFT, apresenta uma relação mais direta com a taxa básica de juros da economia, uma vez que esse papel é atrelado a própria taxa Selic. De fato, o preço unitário de venda desses papéis apresentou ligeira alta tanto nos vencimentos para 2017 quanto para 2021 nas duas ocasiões em que o Banco Central decidiu cortar a taxa básica de juros no ano passado.

Lembrando que o investidor que mantiver o título público até a data de vencimento não terá a influência desse efeito das oscilações das taxas de juros de mercado. Ao manter o investimento até o prazo de vencimento, ele sempre receberá a rentabilidade contratada no momento da compra.

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