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O aplicativo Threads, produzido pela Meta para rivalizar com o Twitter, já ultrapassou 100 milhões de usuários cadastrados, segundo Search Engine Journal. O levantamento utilizou como base uma contagem dos símbolos que aparecem nos perfis do Instagram, quando pessoas associam as contas em ambas as redes sociais.
A marca foi atingida em cerca de cinco dias após o lançamento do aplicativo. A título de comparação, o ChatGPT levou pelo menos dois meses para alcançar 100 milhões de seguidores e o TikTok levou nove meses.
Os papéis da Meta (M1TA34) tinham alta de 0,62% em Nova York, às 15h38 (de Brasília). O movimento ocorre na contramão de pares do setor de tecnologia, que operam sob forte pressão de baixa.
Na Threads, a dinâmica é praticamente igual à do Twitter: as pessoas podem postar texto e links, responder ou repassar mensagens de outras pessoas. O app permite que os usuários usem as credenciais do Instagram para criar a conta mais rapidamente e transferir os seguidores existentes para a nova rede. A rede social também permite a publicação de vídeos de até 5 minutos e duplica a verificação de contas de outras plataformas do mesmo conglomerado, como o Instagram.
Em seu lançamento, a nova rede já ficou disponível para usuários de mais de 100 países e conquistou mais de 10 milhões de inscrições nas primeiras horas.
A Meta não foi a única empresa a tentar lançar uma “cópia” do Twitter. Desde que Elon Musk adquiriu a rede e mudou algumas regras, novos serviços surgiram na tentativa de conquistar o público fiel do passarinho azul, como foi o caso da plataforma indiana Koo, que viralizou no Brasil em novembro do ano passado.
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Ameaça de processo
O Twitter tem ameaçado processar a Meta por causa da Threads em uma carta enviada ao presidente-executivo da proprietária do Facebook, Mark Zuckerberg, pelo advogado do Twitter, Alex Spiro.
Ele, em sua carta, acusou a Meta de contratar ex-funcionários do Twitter que “tiveram e continuam tendo acesso aos segredos comerciais do Twitter e a outras informações altamente confidenciais”, conforme noticiado primeiro pelo site de notícias Semafor.
“O Twitter pretende fazer cumprir rigorosamente os seus direitos de propriedade intelectual e exige que a Meta tome medidas imediatas para cessar o uso de quaisquer segredos comerciais do Twitter ou outras informações altamente confidenciais”, escreveu Spiro na carta.
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Especialistas jurídicos disseram que, embora muitas empresas tenham acusado de roubo de segredos comerciais concorrentes que contrataram ex-funcionários e que possuem um produto semelhante, os casos são difíceis de serem comprovados.
Para vencer, uma empresa precisa mostrar que seu concorrente obteve informações economicamente valiosas e que a empresa havia feito “esforços razoáveis” para mantê-las em segredo, disse Polk Wagner, professor de direito da Universidade da Pensilvânia.
Problemas na União Europeia
O novo aplicativo ainda não foi lançado na União Europeia, por causa de questões de privacidade de dados. Apesar disso, o sistema já pode ser usado no Reino Unido, que, embora esteja no continente, não faz mais parte do bloco econômico, portanto, tem regras diferentes. A Meta estuda como serão as regulamentações do bloco sobre o uso de dados.
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Apesar da restrição, times de futebol europeus, veículos como Le Monde e AFP e outras organizações da União Europeia encontraram uma maneira de obter o novo aplicativo Threads, embora a empresa não o tenha lançado no bloco.
Contas verificadas estavam postando no aplicativo no dia em que foi ao ar na quinta-feira (6), assim como o legislador de esquerda francês François Ruffin, que excluiu uma postagem inicial. O clube de futebol alemão RB Leipzig e o francês Saint-Etienne também começaram a postar no Threads, bem como uma conta verificada para o jogador do Real Madrid Eduardo Camavinga.
Existem outras maneiras de obter acesso, como conectar-se à App Store dos EUA para os usuários do iPhone ou um kit de pacote do Android. Também conhecidos como APKs, esses programas permitem que os usuários do Android baixem aplicativos manualmente que não estão na Google Play Store.
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Zuckerberg x Musk
A Meta pode estar se aproveitando de um momento conturbado do Twitter.
Desde que Musk adquiriu a rede social por US$ 44 bilhões em outubro, a empresa cortou milhares de funcionários, afrouxou suas políticas de moderação de conteúdo. Também há desafios financeiros: a receita de publicidade da empresa com sede em São Francisco caiu 50%, disse Musk em março, e recentemente contratou Linda Yaccarino, executiva da NBCUniversal, como diretora executiva para tentar melhorar o relacionamento com as marcas.
Desde o lançamento do Threads na quarta (5), o Twitter ainda está limitando quantos tweets por dia os usuários podem visualizar — uma medida que Musk chamou de “temporária”.
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Essas restrições fazem parte do movimento mais recente que pode levar os usuários do Twitter a buscar alternativas. E a Threads já começa com os sistemas maduros graças à infraestrutura existente do Instagram.
*Com informações do Estadão Conteúdo e Dow Jones Newswires