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SÃO PAULO – Renan Baptista e sua namorada, Paula, acabaram de voltar ao Brasil depois da realização de um sonho: dar a volta ao mundo de carro por 3 anos. A viagem começou em novembro de 2013, passou pelos 4 continentes e terminou 3 meses atrás com o retorno ao Brasil.
O dinheiro para realizar a empreitada veio dos rendimentos das carteiras do casal, sem trabalhar com carteira assinada desde 2013, Paula e Renan passaram a gerir seus próprios investimentos. A melhor parte foi que viajar não significou gastos excessivos: “a gente economizou mais dinheiro na viagem que quando trabalhávamos em São Paulo”, disse Renan ao InfoMoney.
Ele explica: “o equilíbrio financeiro é muito maior. Sem pagar condomínio, contabilizando melhor os gastos com diversão e cuidando melhor das finanças [na viagem], nosso custo de vida caiu em 40%”, calcula.
Investimentos
Embora estude o mercado financeiro desde 2006 e tenha entrado na bolsa em 2007, Renan conta que em 2011 tomou a decisão que foi “essencial” para viabilizar a viagem: diversificar. “Não ter que ficar acompanhando a bolsa o tempo inteiro por ter pré e pós-fixados, fundos imobiliários, multimercados e uma parcela em dólar foi muito importante. Nessa época eu passei a estudar muito mais alocação de ativos e melhorei meu controle emocional para gerir melhor meus investimentos”, relembra. A partir de então, sair do emprego começou a se tornar uma ideia cada vez mais palpável.
Para garantir que seus rendimentos não fossem todos levados embora, o casal estabeleceu a meta de preservar o capital e consumir apenas o juro real. “Pensamos: vamos tirar o juro, a inflação do período e só consumir o juro real. Por exemplo, se a inflação no ano foi 10% e o nosso retorno girava em 14%, a gente preservava esses 10% e consumia 4%”, explicou o investidor.
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Cortando gastos
Para começar a calcular, o casal levou em conta uma estimativa de outros “overlanders” (pessoas que viajam o mundo de carro”: na média, uma viagem como essa gasta cerca de US$ 100 por dia. “Teve países em que gastávamos US$ 30 e outros US$ 120, US$ 130 – no equilíbrio ficava uma média de US$ 100”.
Como optaram por viajar de carro, o investimento inicial para a viagem foi significativo. Somando a compra do carro, da barraca e outros itens de acampamento – que permitiram a criação de uma “residência móvel”, o casal gastou cerca de R$ 140 mil. “Quase tudo foi comprado nos Estados Unidos”, conta Renan, “menos o carro e a barraca”.
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Mas Renan e Paula usaram isso em favor próprio. “Dormíamos em lugares remotos, como florestas, montanhas e praias, fora de camping mesmo”, explicou Renan, que montava um chuveiro improvisado nesses casos. “Em 80% da viagem a gente dormia na barraca e o resto em casas de amigos, airbnb, couchsurfing e hostel”.
A alimentação muitas vezes era feita por ele mesmo que adora cozinhar. “Esses já são dois dos maiores gastos da viagem”, analisa. Mas ele também garante não ter passado vontade: “não deixamos de comer uma excelente carne na Argentina, tomar um ótimo vinho na França, e saborosa pizza na Itália tínhamos nossas noites especiais”, rememora.
Uma dica essencial, de acordo com ele, é a velocidade na estrada. “Em uma viagem como essa, quanto mais leve e devagar você anda, menos combustível você gasta. Passamos a andar no máximo a 90km por hora, economizávamos 30% do combustível”, contou Renan. Quando o deslocamento de carro não era possível, eles usaram ferramentas comparadoras de preços de voos e usaram o tempo como ferramenta de economia, esperando momentos em que as passagens ficassem mais baratas para decolar.
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Outra dica é sempre priorizar climas quentes, tanto pela condição da estrada como o próprio bem-estar. Como não tinham pressa, Renan e Paula chegaram a esperar meses em alguns destinos para chegar nos seguintes com temperaturas mais amenas.
Levando em conta essas economias, nem mesmo o transporte do carro por via marítima em contêineres foi um problema: no balanço final, Renan garante, viajar de carro saiu mais barato do que fazer tudo de avião, trem e ônibus. Fora o intangível: “você consegue ver muito mais coisas, conhecer melhor as pessoas, participar da cultura local, passar mais tempo em cada lugar faz você fugir dos picos de turistas e pegar as melhores paisagens”.
Para otimizar ainda mais as economias e se conectar com a população de cada destino, eles ainda optaram por realizar trabalhos voluntários em alguns dos locais por onde passaram. Equador, Califórnia, Texas e alguns lugares da Europa foram destinos onde trocaram mão de obra por alimentação, hospedagem e, principalmente “sinergia com a comunidade”.
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Próximos passos
Agora, o casal tem como meta viajar ainda mais, mas, dessa vez, ensinando. “O ‘outsiders brazil’ [projeto onde contam a experiência] hoje se tornou uma empresa e a gente está desenvolvendo produtos. Vamos fazer uma webserie, que deve estrear em fevereiro, explicando diversos aspectos de uma viagem como essa. Parte desse conteúdo vai ser pago”, explica.
Embora o que ganham hoje ainda não seja o suficiente para cobrir os gastos que têm com o site, eles esperam conseguir rentabilizar mais este sonho. Com venda de e-books, camisetas, patrocínios, artigos para revistas e o próprio curso, a experiência da viagem pode passar a ser, para o casal, uma nova profissão depois da aposentadoria.
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