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SÃO PAULO – Informação não se traduz em ação. Essa é a premissa de que partiram os brasileiros Lucas Moraes e Cristiano Oliveira quando decidiram criar, no Vale do Silício, a startup Olivia – uma assistente virtual inteligente que, ao aprender os hábitos de consumo dos usuários, busca minimizar o quanto possível seus gastos mensais. Agora, após fazer sucesso em terras americanas, a Olivia acaba de pousar no Brasil em versão Beta – e estará disponível ao público em geral ainda neste ano.
Aplicativos de organização financeira já não são novidade no mercado. Existem dezenas de opções de ferramentas com planilhas interativas e coloridas para apontar os gastos mensais de seus usuários. O pulo do gato da Olivia é que ela não para por aí: após entender os gastos recorrentes de cada pessoa, a inteligência artificial envia mensagens sugerindo formas de economizar antes mesmo de o dinheiro deixar a conta corrente.
Moraes exemplifica: “Imagine que você abasteça seu carro no mesmo posto toda semana. A Olivia está conectada com a sua conta bancária e sabe disso”, narra o cofundador ao InfoMoney. “A próxima etapa é que ela vai prever o futuro: no dia anterior ao que você costuma abastecer, recomenda um posto mais barato”, continua. É uma forma de realmente automatizar a decisão financeira – de traduzir a informação em ação.
Essa abordagem vale para tudo. Se o aplicativo detecta uma tendência a fazer pedidos no iFood em determinado horário do sábado, um pouco antes fará uma varredura em busca de um cupom de desconto no aplicativo de delivery e enviará uma mensagem para o usuário.
As pesquisas realizadas com os usuários americanos, que já possuem acesso às funções completas, mostram uma economia até sete vezes mais alta a partir do uso do app. Lá, a Olivia já conecta 14 mil instituições financeiras.
No Brasil, a tecnologia passou a versão alfa e roda agora em versão beta, com poucos usuários. Cerca de 13 mil pessoas estão na fila de espera. Mas a ferramenta ainda está sendo apresentada a algumas “jabuticabas”, como parcelamento de cartão de crédito (que não existe em outros lugares do mundo), e as taxas de juros altíssimas praticadas por aqui.
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Mesmo nessa fase inicial e com pouca integração com outras plataformas, o app já detectou um aumento de 6% nos valores poupados por seus usuários – em geral, pessoas que já têm certo nível de educação financeira. Agora, a empresa busca os parceiros locais e negocia uma parceria com a XP Investimentos para, além de ajudar seus usuários em economias, estimular que eles invistam e gerem rentabilidade.
Pé atrás
Moraes conta que, a princípio, a principal barreira que a Olivia terá de ultrapassar aqui no Brasil é a falta de confiança da população para liberar acesso a toda a sua vida financeira a uma tecnologia. “Nos Estados Unidos já existe uma cultura mais avançada de Open Banking, as pessoas estão mais acostumadas”, diz. “Aqui de fato existe um medo maior, mas a gente entende que com o tempo e foco em segurança, a gente consegue vencer”.
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