Publicidade
SÃO PAULO – Mesmo antes da reaproximação entre os EUA e Cuba, empresas de private equity da Bain Capital Partners até a Equity International, do bilionário Sam Zell, estavam aumentando seus investimentos em resorts caribenhos, enquanto que os credores tradicionais da região reduziam operações.
Enquanto bancos canadenses, entre eles o Bank of Nova Scotia e o Royal Bank of Canada, fecharam algumas unidades nas ilhas, empresas de private equity com sede nos EUA gastaram US$ 329 milhões em desenvolvimentos hoteleiros neste ano, o maior montante em uma década, segundo a Real Capital Analytics, empresa de pesquisa de imóveis comerciais com sede em Nova York.
“Private equity é um personagem interessante nesta situação”, disse Robi Das, diretor-gerente do escritório da corretora de propriedades comerciais Newmark Grubb Knight Frank em Miami. “Os credores tradicionais têm hesitado em participar no Caribe. Eu não diria que eles saíram do mercado, mas a nova dívida que está entrando é private equity”.
Tendo problemas com alguns dos maiores endividamentos do mundo, os governos do Caribe estão procurando aproveitar a recuperação do turismo que vem junto à da economia dos EUA. Em maio, Zell liderou a aquisição por aproximadamente US$ 500 milhões da Decameron Hotels Resorts, que opera em países como a Jamaica e a Colômbia. Agora, Cuba proporciona uma nova oportunidade porque os turistas americanos estão se preparando para aproveitar uma flexibilização nas restrições de viagens. “O caso de Cuba é enorme, não há dúvida”, disse Das.
Enquanto os investidores esperam para ver quais salvaguardas financeiras serão instauradas, redes hoteleiras dos EUA, entre elas a Marriott International e a Hilton Worldwide Holdings, disseram estar interessadas no mercado cubano ou em monitorar desenvolvimentos no país.
Queda do turismo
Continua depois da publicidade
Credores tradicionais da região no passado, os bancos foram afetados por uma queda do turismo e pelo declínio da receita obtida com hotéis como consequência da crise financeira mundial. A chegada de turistas caiu 3,6% em 2009 para 22,1 milhões, o menor número desde 2005, segundo a Organização de Turismo do Caribe. A receita por quarto disponível para os hotéis caribenhos, indicador fundamental da saúde do setor, caiu 7% em 2008 e cerca de 16,6% no ano seguinte, segundo a Smith Travel Research.
Embora a economia regional tenha se recuperado, o crescimento continua sendo desigual. A previsão é de que as economias dos países do Caribe de fala espanhola se expandam 4,1% no ano que vem, na comparação com 2,2% das economias dos países de fala inglesa, segundo as Nações Unidas. Vulneráveis a furacões e terremotos, os países do Caribe têm uma razão média entre dívida e PIB de quase 80%, segundo a ONU.
Espera-se que mais de 25 milhões de pessoas tenham viajado ao Caribe neste ano, segundo a organização de turismo da região. O ministro de Turismo da Jamaica, Wykeham McNeill, disse no dia 29 de novembro que mais de US$ 300 milhões em investimentos hoteleiros estão ajudando a impulsionar uma economia que segundo previsões crescerá 1% ou menos neste ano. No dia 21 de novembro, a Fitch Ratings subiu o rating de crédito da República Dominicana, mencionando a fortaleza do mercado turístico da maior economia do Caribe.
Continua depois da publicidade
Joint ventures
Empresas de private equity estão entrando no mercado principalmente por meio de joint ventures com operadoras de hotéis, entre elas a Marriott e a Hyatt Hotels.
Pelo menos três dessas joint ventures fizeram ofertas pela carteira de hotéis da Occidental Hotels Resorts, vendida por Amancio Ortega, o bilionário dono da rede de indumentária Zara, e pelo Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, o segundo maior banco da Espanha.
Continua depois da publicidade
Os resorts all-inclusive do Caribe evoluíram da sua antiga imagem de quartos e piscinas lotados e longas filas para o bufê, disse Ryan Cotton, diretor da Bain Capital que liderou um investimento na agência de viagens Apple Leisure Group, gerente de 37 resorts.
O crescimento no Caribe também trouxe investimentos da China, que está oferecendo empréstimos baratos, serviços de construção e investimentos com ações em desenvolvimentos hoteleiros.
“Realmente nós estamos nos empenhando no Caribe”, disse Daniel Liu, vice-presidente sênior da China Construction America Inc. “Seremos uma força impulsionadora no mercado caribenho, eu tenho muita certeza disso”.