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As redes neutras de fibra ótica vêm ganhando participação no mercado brasileiro de internet, segundo representantes das quatro grandes empresas do segmento – V.tal, Fibrasil, I-Systems e American Tower – que participaram de um painel sobre o setor durante a Futurecom, evento da área de telecomunicação realizado em São Paulo nesta semana.
O modelo de negócio consiste no desenvolvimento de uma rede de fibra ótica que passa a ser “alugada” aos provedores de banda larga. Estes, por sua vez, oferecem o serviço de internet para os consumidores finais. A vantagem para o provedor está em não ter que investir na construção e na manutenção das redes — uma atividade que é intensiva em capital.
Do total de acessos à banda larga no Brasil, 18% já acontecem por meio das redes de alguma das quatro grandes empresas do setor. Até o fim do ano, serão mais de 20%, estimou o presidente da Fibrasil, André Krieger. “O mercado de redes neutras amadureceu muito, com uma quantidade enorme de provedores entrando no negócio”, ressaltou.
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Outra forma de medir o tamanho do setor é por meio da quantidade de casas passadas com fibra (homes passed, ou HPs, no jargão do setor) — indicador que representa o número de endereços onde a rede de fibra ótica está disponível. O mercado de internet fixa têm em torno de 140 milhões de HPs, das quais pouco mais de 30 milhões pertencem ao quarteto.
A V.tal é a líder do segmento, com 21 milhões de HPs e 70 contratos já firmados com provedores. Já a Fibrasil tem 4,6 milhões de HPs, e ultrapassou a marca de 50 contratos. A I-Sytems tem 5 milhões de HPs e 20 contratos firmados, além da meta de dobrar de tamanho até 2028.
O vice-presidente de negócios da V.tal, Pedro Arakawa, observou que a escala e a capilaridade das empresas de redes neutras têm sido reconhecidas pelos provedores como uma alternativa para oferecer internet em regiões onde não havia viabilidade econômica de atuar por meio da construção de redes por conta própria. “O setor tem sido importante para levar banda larga de qualidade a regiões ainda não atendidas”, afirmou.
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Na visão do diretor comercial da I-Systems, Márcio Estefan, o crescimento das empresas de redes neutras também é explicado pelo fato de que os provedores têm concentrado seus negócios na prestação do serviço e na experiência dos consumidores finais, optando por compartilhar a parte de infraestrutura. “Com o amadurecimento do mercado, está todo mundo começando a perceber que o melhor negócio é compartilhar”, disse.
O vice-presidente da American Tower, Daniel Laper, observou que já existem provedores totalmente “asset light”, isto é, cuja operação de internet está totalmente baseada nas redes neutras — algo que não se via no passado. O executivo acrescentou que o 5G também será mais um impulsionador do mercado de redes, uma vez que as torres de internet móvel demandam uma conexão com a fibra ótica.
Os representantes de todas as empresas disseram também que têm apetite de crescimento e estão atentos a oportunidades de aquisição das redes de fibra ótica dos provedores regionais.
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“Estamos muito atentos a oportunidades [de aquisições]. É também a chance para o provedor se capitalizar. Podemos acelerar essa consolidação, capturar as redes e as tornar disponíveis para todos”, afirmou Estefan, da I-Systems.
Visão semelhante foi citada por Krieger, da Fibrasil. “A indústria de banda larga é fragmentada no país. Acho que em nenhum outro lugar do mundo a indústria é tão fragmentada assim. Basta olhar no poste e ver quantos cabos de fibra têm lá”, afirmou, referindo-se ao potencial de consolidação do mercado.
Questionados sobre uma consolidação do próprio setor, Estefan avaliou que há espaço para as quatro empresas de redes neutras e que a competição é saudável. Já Laper, da American Tower, disse que a tendência é de as empresas buscarem aumentar a ocupação das redes já instaladas com a prospecção de clientes.
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