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SÃO PAULO – Em seu investor day de 2018, o CEO do Magazine Luiza, Frederico Trajano, usou boa parte do seu tempo de apresentação para reforçar uma meta que a varejista vem buscando para os próximos anos: a de transformar seu aplicativo em uma solução completa localizada na tela inicial dos smartphones de seus clientes (o chamado home screen app). É uma tentativa de trazer ao Brasil o que a Tencent criou na China com o seu WeChat.
Apesar do seu tamanho (e comprovada capacidade de transformação digital), porém, é provável que o Magazine não seja a primeira empresa a alcançar o status de um super app no dia a dia do brasileiro. Uma empresa bem menor chegou primeiro – e já nasceu com essa filosofia: a Rappi.
No mesmo aplicativo que pede comida, o usuário da startup colombiana já pode alugar patinetes elétricos, fazer compras em supermercados, contratar um ‘personal shopper’ em shoppings centers ou uma diarista para fazer uma limpeza, solicitar um test drive em carros da Renault, receber a ração do cachorro, solicitar dinheiro, em cédulas, para emergências e até escanear um QR Code para fazer pagamentos em lojas físicas.
Neste mês, o “delivery de tudo” anunciou uma parceria com a Housi para oferecer “apartamentos on demand”. O cliente agora pode entrar no app da Rappi para buscar um imóvel mobiliado para aluguel temporário.
Nas palavras de Fernando Vilela, head de Growth da Rappi no Brasil, a intenção é se tornar o aplicativo favorito do usuário. “Não faz sentido para ninguém ter um milhão de apps instalados”, diz ele em entrevista ao InfoMoney. “Ocupa espaço e você nunca vai usar todos com a mesma frequência”, aponta.
Vilela acredita que um super app é “o cenário ideal para todo mundo”. Os serviços contratados através do Rappi são fornecidos por outras empresas, como a Singu, marketplace de beleza e cuidados pessoais, e a Getninjas, de serviços em geral. “Essas empresas ganham uma exposição que não teriam e uma expertise em CRM já criada”, argumenta.
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Convencidos os parceiros, o maior desafio agora é criar a cultura do app multiuso para o próprio cliente. Na China, o fato de ter nascido como um substituto do WhatsApp acelerou muito a penetração do WeChat. Afinal, quem não precisa se comunicar diariamente?
Por aqui, segundo Vilela, o preço de tentar desbancar o maior app de mensagens do mundo “é tão grande que não compensa”. O Brasil, aliás, está dois passos atrás da China: antes de nos tornarmos usuários ávidos de super apps, precisamos abraçar o e-commerce em si. As vendas eletrônicas ainda representam cerca de 5% do total do varejo, de acordo com uma pesquisa da E-Consulting.
“Hoje se você anda pela região do Itaim [Bibi, em São Paulo], as pessoas já sabem o que são os super apps. Você vê muitas delas usando patinetes da Grin, pedindo almoço pela Rappi”, exemplifica o executivo. “Se você for para uma região mais afastada, de São Paulo mesmo, você já tem uma maior barreira”, compara. Por isso, ele considera o pagamento por QR Code um dos grandes trunfos da empresa: é a forma de envelopar tudo para o mundo off-line. “Você faz sua compra de mercado pela Rappi, contrata sua diarista pela Rappi e agora está dentro de um restaurante em que pode pagar com a Rappi Pay”.
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Unicórnio
A Rappi tornou-se unicórnio há pouco mais de seis meses, quando uma rodada de investimentos liderada pos DST Global e Tiger Global avaliou o negócio em US$ 1,1 bilhão. Agora, de acordo com a Bloomberg, o Softbank planeja um novo aporte de mais US$ 1 bilhão que inflará o valuation da empresa para US$ 2,5 bilhões.
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