Quanto custa viajar de carro pelo Brasil?

Saiba quais os custos envolvidos antes de pegar a estrada durante as férias  

Giovanna Sutto

(divulgação)
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SÃO PAULO – Quando as distâncias não são tão longas, viajar de carro geralmente é mais barato – e, dependendo do trajeto, nem tão mais lento – que de avião

Apesar disso, é preciso estar ciente dos custos para não atrapalhar o orçamento. Esses gastos advêm da preparação do carro para fazer uma viagem mais longa e das potenciais despesas relacionadas ao veículo depois de voltar. 

“Os custos podem ser significativamente reduzidos na hora da viagem se o dono do carro seguir o cronograma de revisões. Quem cuida do carro ao longo do ano não terá que pagar mais do que gasolina e pedágios [para viajar]”, afirma Raphael Galante, economista, que trabalha no setor automotivo há mais de 14 anos e atua como consultor na Oikonomia Consultoria Automotiva. 

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Norberto Sgobbi, gerente geral de pós venda do grupo Max Hyundai, também faz o alerta. “A revisão inclui troca de óleo, do bujão de carter, do filtro de ar, além de checar vazamentos, arrefecimento, parte de iluminação como lâmpadas queimadas, entre outras coisas, sempre de forma preventiva para que o condutor não fique na mão quando precisar”, lista. 

Os especialistas apontaram alguns gastos de manutenção que o condutor deve considerar antes de cair na estrada. Veja: 

Óleo 

A troca de óleo deve ser feita a cada 10 mil quilômetros rodados mais ou menos. Antes de viajar é bom confirmar se a troca foi feita recentemente e, caso não, fazer o serviço, que custa, em média, R$ 150. 

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O óleo tem como função manter o motor lubrificado e funcionando dentro dos parâmetros estabelecidos pelo fabricante. Se o carro rodar com o óleo vencido, pode prejudicar sua performance e, em casos extremos, fundir o propulsor. 

Pneus  

A verificação do conjunto de pneus antes de uma viagem é crucial por questão de segurança. Segundo Galante, um pneu dura em média 40 mil quilômetros, podendo variar dependendo do uso e do solo em que o carro circula.  

“Um pneu desgastado, mesmo que somente em algumas partes, perde sua capacidade ideal de drenagem de água, fica mais suscetível a perfurações e avarias e perde performance de frenagens e dirigibilidade. Especialmente no verão, na época das chuvas, pneus desgastados aumentam o risco de aquaplanagem e perdem sua capacidade máxima de frenagem, o que pode provocar um acidente”, explica Fabio Magliano, Gerente de produtos Car e Motorsport da Pirelli para a América Latina. 

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Alinhamento e balanceamento também são pontos importantes. “Para garantir o máximo retorno do seu investimento, é fundamental serem realizados, a cada 10.000 km, no máximo, o alinhamento, balanceamento e rodízio dos conjuntos pneus e rodas. Batidas em buracos ou obstáculos, por exemplo, podem provocar danos nos pneus, assim como de componentes da suspensão que podem afetar a utilização dos pneus, por isso uma avaliação constante é muito importante”, afirma Magliano 

Galante complementa: “se o pneu estiver na meia vida, mas o destino da viagem oferecer um terreno de lama ou terra, por exemplo, é interessante trocar”.  

Ainda, outra dica, essa sem custo algum, é a calibragem. “Sempre calibre os pneus com de acordo com a recomendação da montadora. Aumenta a durabilidade do pneu e economiza combustível“, explica o economista.  

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Os preços de um conjunto de pneus variam de acordo com tamanho, mas, para ter uma ideia, quatro pneus aro 13 saem por cerca de R$ 600, enquanto um conjunto de aro 17 pode sair por mais de R$ 4 mil, segundo Galante. 

Combustível  

Em relação ao combustível, que é um gasto direto da viagem, a recomendação é abastecer em postos de boa procedência para que a qualidade do combustível não interfira na sua viagem – e acabe causando mais prejuízos. Para saber como economizar nesse quesito, clique aqui.   

No Brasil, a média da gasolina em 2019 foi de R$ 4,55 por litro. O etanol teve um preço médio de R$ 3,15. Os dados são da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).  

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Pedágios 

Esse é outro gasto inevitável da maioria das viagens de carro. Os preços variam de acordo com a rodovia e o caminho planejado pelo condutor. Aqui, a dica é se planejar e avaliar os melhores caminhos e antes de sair já saber o valor que gastará com pedágios.  

Para auxiliar o condutor no quanto vai gastar com pedágios na sua viagem, o InfoMoney selecionou um site que calcula esse custo.  

Bateria  

É importante prestar atenção também à vida útil da bateria, que dura, em média, dois anos, segundo Galante. Uma nova bateria de 60 Ah pode custar cerca de R$ 400, mas o preço também varia a depender da voltagem.  

Faróis  

Conferir a parte elétrica como faróis e outras luzes do carro é também importante. São detalhes avaliados na revisão e que não custam caro, mas pode ser um gasto a mais que poderia ter sido evitado. A troca da luz de um farol, por exemplo, pode ser feita com cerca de R$ 20, e pode evitar uma multa de mais de R$ 190.  

Palheta de chuva  

Sgobbi chama a atenção para a palheta de chuva que vai no para-brisa. “É um item super importante, porque facilita a visualização do condutor em um trecho de chuva e custa cerca de R$ 50 reais. É algo que muita gente esquece ou não dá atenção”, afirma o gerente do grupo Max Hyundai 

Sistema de freio 

Segundo Sgobbi, é preciso dar atenção aos fluidos e às pastilhas de freio. “Ambos são avaliados na revisão e dependendo do problema vai para um especialista. Mas, se o problema for identificado previamente, o motorista não precisa gastar muito e ainda pode evitar um acidente na estrada por problema no sistema de freio”, diz.  

O fluido custa em média R$ 15, enquanto as pastilhas podem ser trocadas por cerca de R$ 200.  

A maioria desses itens de segurança, o cliente não enxerga e por vezes não dá a devida atenção, o que pode causar acidentes e prejuízos financeiros”, diz Sgobbi 

Revisão

Segundo Cristiano Correa, professor de finanças do Ibmec, a revisão em si também tem um custo, que varia de carro para carro, mas no fim das contas ajuda o condutor a ter menos imprevistos durante um momento de diversão. A revisão de um Onix, a depender dos itens a serem substituídos, custa em torno de R$ 600, por exemplo, enquanto a de um Honda Civic sai por R$ 1.200. 

Os potenciais custos pós viagem, teoricamente, acontecerão caso o carro tenha sofrido algum dano. Se não, resta esperar a próxima revisão.  

Veja uma simulação:

Considerando o carro mais vendido do país, o Chevrolet Onix (na versão Joy 1.0 2020, flex, aro 15, com capacidade de 54L no tanque de combustível), veja o gasto aproximado que o condutor pode ter em uma viagem de carro de cerca de 100 quilômetros no estado de São Paulo:  

Itens a serem observados   Quanto custa cada um (na média) 
Troca de óleo   R$ 150 
Troca de pneus   R$ 600 
Troca de bateria   R$ 200 
Troca de faróis   R$ 20 
Palheta de chuva   R$ 50 
Sistema de freios (fluido +pastilha)  R$ 220 
Pedágios (média nacional)*  R$ 17,37 
Combustível (média do preço do litro em 2019 da gasolina)  R$ 4,55/L –> R$ 32 (considerando 100 km e a média de 14 km/L na estrada) 
Total   cerca de R$ 1.290 

*Dados fornecidos pela ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias), que representa o setor de concessões de rodovias, formado por 47 empresas privadas e associadas, e que atuam em 12 estados do país.

Vale lembrar que a tabela mostra apenas uma estimativa de preços a título de exemplo e considera que o carro precisará de muitos reparos antes da viagem. Por isso, o motorista deve adequar os valores ao seu veículo e seu destino. Como os especialistas explicaram, se o dono do veículo fizer todas as revisões, a chance de ter custos além de gasolina e pedágio é bem baixa.  

Carro próprio x aluguel

Correa, professor de finanças do Ibmec, indica que o aluguel “geralmente, não faz sentido para viagens curtas” se o viajante tiver carro próprio.  

Mas, se o proprietário não fez as revisões ao longo do ano e e o carro exigir muitas manutenções antes de viajar, talvez o aluguel possa ser vantajoso para determinados períodos (já que o aluguel é cobrado por diária).

Na prática, ele diz que a pessoa pode fazer uma comparação somando todos os seus custos com o carro e dividir pelo número de quilômetros que vai rodar. Depois, pegue o número final e compare o preço do aluguel, não se esquecendo de somar os pedágios e a gasolina à conta também dividindo pelo número de quilômetros.  

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Giovanna Sutto

Jornalista com mais de 6 anos de experiência na cobertura de finanças pessoais, meios de pagamentos, economia e carreira. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.