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Projeto que cria programa de fomento à causa animal alavanca investimento social

Com mais de 30 milhões de animais abandonados, abrigos esperam alta de doações

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A criação do Programa Nacional de Fomento à Causa Animal (Propet), que reconhece a saúde dos animais como fundamental para o bem-estar humano e a preservação do meio ambiente, deve alavancar os investimentos sociais relacionados à causa animal devido a possibilidade das doações de pessoas físicas e jurídicas serem deduzidas do Imposto de Renda.

A expectativa é que mais pessoas se sensibilizem com a causa e doem recursos para o cuidado com os animais. Para se ter uma ideia, existem cerca de 400 ONGs para abrigar animais no Brasil e o número mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2022, estima que há aproximadamente 30 milhões de animais abandonados nas ruas do país.

De acordo com especialistas, o investimento social é uma tendência em alta e que não deve ser adiada. Isso porque o tema está diretamente ligado às estratégias ESG (Ambiental, Social e Governança, na tradução da sigla) e ajuda a materializar o propósito das empresas para seus stakeholders, além de qualificar o vínculo com a comunidade. Para se ter uma ideia, das 137 organizações que responderam ao Censo Gife 2022-2023, 64% declararam apoiar OSCs (organizações da sociedade civil) em várias frentes, incluindo a causa animal.

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O reconhecimento desses movimentos sociais é fundamental para o avanço das iniciativas. “Trata-se de um problema de saúde pública. O abandono de animais e a ausência de programas de controle populacional levaram o Brasil a ser um dos países com o maior número de cachorros de rua”, diz Marcela Abate, protetora animal há mais de duas décadas e sócia do Recanto Bicho Feliz, em Ibiúna (SP).

A realidade dos abrigos espalhados pelo país costuma ser parecida. A maioria está lotada de animais e conta com poucos doadores para custear os cuidados. No abrigo Bicho Feliz, por exemplo, 380 animais são mantidos sob tutela, sendo 12 porcos e os demais cachorros, e consomem uma média mensal de três toneladas de ração. “Fazemos campanhas nas redes sociais e contamos com nossos 50 mil seguidores para manter os animais, mas as contas costumam ficar no vermelho e é fundamental que mais pessoas e empresas se sensibilizem”, diz Marcela.

Segundo ela, que deixou um emprego de 15 anos na Unilever para se dedicar à causa, na pandemia houve um avanço do número de adoções e a situação ficou mais confortável nos abrigos, mas a retomada do trabalho presencial tem atrapalhado as doações de animais e deixando os custos mais altos. “Além disso, muitos animais foram devolvidos nos últimos meses. Para se ter uma ideia, 90% dos cachorros disponíveis são de porte médio e grande e não atendem ao padrão requerido pela maioria dos adotantes”, afirma.

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O trabalho nos abrigos exige dedicação integral dos proprietários, além de demandar cuidados veterinários, de higiene e segurança. No Recanto Bicho Feliz, todos os animais acolhidos passam por processo de verificação de saúde, vacinação e castração antes de serem encaminhados para os adotantes. Além disso, todos são doadores de sangue como contrapartida de uma iniciativa da Cevet, que auxilia nos cuidados médicos. “É um trabalho infinito, mas ficamos felizes quando os animais encontram tutores responsáveis. É o que faz o trabalho valer à pena”, diz Marcela.

Para ela, as parcerias com empresas são essenciais para a manutenção do abrigo. Companhias como Cobasi e Petlove, que doam ração, e outros players que realizam eventos pontuais, como dia do voluntariado, nas instalações do abrigo contribuem para o aumento da visibilidade da causa.

Além disso, vários cachorros do abrigo serão estrelas em uma produção da Netflix, que deve estrear nos próximos meses. O filme Caramelo, protagonizado por Rafael Vitti, prestará uma homenagem a um dos maiores patrimônios culturais do Brasil: o vira-lata caramelo. “Esperamos que isso ajude a divulgar a causa animal e impulsione a adoção responsável”, diz Marcela.

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