Polícia investiga frigorífico que vendeu carne estragada do RS como “nobre uruguaia”

A proteína, violada pelas enchentes no RS, deveria ter virado ração animal, mas foi vendida para mercados e açougues; quatro pessoas foram presas

Equipe InfoMoney

Carne (Foto de Markus Spiske/Pexels)
Carne (Foto de Markus Spiske/Pexels)

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Quatro pessoas foram presas no Rio de Janeiro após investigações da Polícia do Rio de Janeiro apontarem a venda de carne bovina deteriorada pelas enchentes do Rio Grande do Sul em mercados e açougues no Rio de Janeiro.

Segundo a investigação da Delegacia do Consumidor (Decon-RJ), a empresa Tem Di Tudo Salvados, que é do município fluminense de Três Rios, havia arrematado 800 quilos de proteína animal (bovina, suína e de aves) de um frigorífico do Rio Grande do Sul, atingido pelas enchentes de maio de 2024, alegando que usaria as carnes para ração animal, o que não aconteceu.

A acusação aponta que a Tem Di Tudo Salvados embalou e vendeu parte da proteína bovina como carne nobre uruguaia. A polícia afirma que, para maquiar o real estado da proteína, ela foi lavada para a retirada de resíduos de lama antes de ser reembalada.

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Ainda na última quarta-feira (22), uma peça de picanha do mesmo lote estava sendo vendida na Tem Di Tudo Salvados.

Com o esquema, a empresa fraudadora conseguiu um lucro de 1.000%, segundo o RJ TV. Isso porque a Tem Di Tudo Salvados comprou as 800 toneladas de proteína estragada por R$ 80 mil e revendeu por um preço estimado em R$ 5 milhões, segundo a Decon-RJ.

Saiba mais: Empresa no RJ revendia carne que estragou durante enchentes no Sul

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A fraude foi descoberta por acidente pela empresa gaúcha que vendeu a proteína para fins de ração animal a Tem Di Tudo Salvados. A carne estragada retornou às mãos do produtor de Canoas (RS) vendida por uma empresa mineira, que tinha a adquirido de um frigorífico de Nova Iguaçu (RJ), que havia comprado o produto da Tem Di Tudo Salvados.

Imagens veiculadas pelo jornal RJ TV, da TV Globo, mostram que as carnes retornaram a Canoas com aspecto de podre.

Agora, o desafio das autoridades é rastrear que outras empresas foram lesadas pela Tem Di Tudo Salvados e acabaram comprando e revendendo os lotes podres. Segundo a Decon, foram 32 carretas de proteína animal que saíram do Sul para outros estados, para compradores que foram enganados sobre sua procedência.