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Até agora, no entanto, os dois fabricantes de consoles líderes no mundo tiveram que lembrar uma antiga lição: É difícil prever o gosto dos consumidores chineses. De acordo com dados divulgados no fim da semana passada pela Niko, uma consultoria focada na indústria de jogos da Ásia, o Xbox One e o PS4 irão vender menos de uma combinada e “decepcionante” quantidade de 550.000 unidades na China em 2015. Enquanto isso, de acordo com dados da Niko, jogos de PC on-line permanecerão sendo o maior segmento do mercado de jogos da China em 2015, com expectativa da receita atingir US$ 16,8 bilhões. (A receita de jogos para celular, o segmento número dois, chegará a US$ 4 bilhões.)
O fator mais importante que está empurrando para baixo a demanda chinesa por jogos de console também é o mais local. Os jogadores da China não têm usado o PC como espaço para consoles de jogos mais avançados – por uma série de razões, eles preferem jogar no PC.
Em parte, isso acontece porque eles já estão acostumados. Em 1990 e 2000, a cultura de jogos chinesa primeiro se enraizou em cibercafés. Essas áreas públicas, lotadas de PCs, eram a porta de entrada mais confiável para a vida on-line na China nos anos 1990 e 2000. E a proibição pelo governo chinês dos consoles de jogos estrangeiros, supostamente para proteger a moral da juventude chinesa, deu a eles poucas alternativas fáceis.
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Consoles e seus jogos compatíveis finalmente se tornaram mais disponíveis no mercado negro, mas os jogadores já haviam desenvolvido um apreço pelas vantagens de jogar em cibercafés, incluindo interação social com seus parceiros de jogos e preços baixos. (Os jogadores só precisam pagar pelo tempo no computador, apesar de vários gastarem dinheiro com prazer no chamado jogo “freemium” para aprimorar sua experiência em jogos gratuitos; no altamente popular jogo multi-player de batalha League of Legends, por exemplo, os jogadores podem comprar “peles” que lhes dão características visuais e poderes melhores.) E também os jogadores de cibercafés não tinham acesso negado aos jogos produzidos fora do país (pelo menos, não àqueles que seguiam os padrões reguladores chineses).
O advento dos jogos de internet móvel não dissipou esse mercado – um fato que eu fiquei surpreso de confirmar durante uma recente viagem a Xangai, quando passava por um cibercafé aonde eu ia ocasionalmente e o encontrei cheio de jogadores tontos de nicotina e PCs supercarregados. Relatórios da Forbes mostram que entre 2013 e 2014, o número de cibercafés na China cresceu 5 por cento, para 142.000, largamente levados pelos jogadores em busca de máquinas e conexões rápidas – algo que muitos, se não a maioria, dos jogadores não pode pagar para ter em casa.
Em janeiro de 2014, o governo chinês suspendeu a proibição de consoles estrangeiros, o que permitiu que a Sony e a Microsoft entrassem no mercado chinês neste ano. Mas as empresas ainda enfrentam outras barreiras na China. Rigorosas normas do governo contra conteúdo político e violência muito realista impediram a introdução dos jogos populares e mais vendidos de atiradores em primeira pessoa como Halo e Grand Theft Auto. Isso os deixou com uma programação de jogos menos estelar e seriamente castrada para o mercado chinês.
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Mas o maior obstáculo continua sendo o preço. A versão mais barata do Xbox One é revendida por cerca de US$ 480 e o PS4 por US$ 460. De acordo com o relatório de janeiro de 2014 da CNBC, 70 por cento dos jogadores da China ganham menos de US$ 645 por mês.
Talvez, se a Sony e a Microsoft tivessem sido autorizadas a entrar no mercado chinês de jogos há alguns anos, elas tivessem encontrado formas de se adaptar ao mercado e construir um público-alvo atraindo os jogadores dos cibercafés. Mas o crescimento de jogos para celular (o segmento que mais cresce na China) e as smart TVs (que permitem que os jogadores acessem jogos para o sistema operacional Android de casa) não são bons presságios. (Niko argumenta que as smart TVs têm uma “melhor chance de sucesso que os jogos de console”.) Em outras palavras, apesar dos melhores esforços dos fabricantes de console de competir na China, pode ser que em breve seja hora de admitir que o jogo acabou.
Por Adam Minter