Nota de R$ 1 vira raridade cobiçada por colecionadores e pode valer até R$ 1.700

Valor da moeda em papel pode chegar a R$ 1.700, dependendo do estado de conservação

Anna França

Nota de R$ 1 emitida em 1996 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Nota de R$ 1 emitida em 1996 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Em 1º de julho de 1994 entrava em circulação a nova moeda que mudaria a realidade econômica brasileira. Criada para lidar com uma inflação que ultrapassava a casa dos 2.000% em um ano, o real surgiu para garantir maior poder de compra ao brasileiro. Tanto que a nota de R$ 1 virou uma vedete do plano, permitindo a compra de muitas mercadorias nos primeiros anos de circulação.

Com ela era possível comprar, por exemplo, 10 unidades de pão francês, que naquela época custava, em média, 10 centavos. Em trinta anos, a realidade mudou e um único pãozinho hoje pode custar até R$ 2.

Ao longo das últimas três décadas, o real se desvalorizou, apesar da estabilidade econômica. Mas uma coisa não mudou: a nota de R$ 1 continua sendo a “queridinha”, mas, agora, dos colecionadores. Ela não é mais fabricada em papel e foi substituída pela moeda a partir de 2004 — ou seja há 20 anos.

Um dos motivos de a nota de R$ 1 ter saído de circulação está ligado à duração das cédulas em papel. Após estudos, o próprio Banco Central percebeu que as notas de R$ 1 tinham uma vida útil média de 13 meses, tornando a produção uma tarefa custosa aos cofres públicos devido ao seu desgaste. Por isso, ela foi substituída pela moeda de R$ 1, que dura até os dias de hoje.

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Peça rara

Segundo Mariana Campos, diretora comercial da Sociedade Numismática Brasileira (SNB), se a nota estiver com aparência de nova — sem danos e em bom estado de conservação — pode chegar a valer até algumas centenas de reais. “Mas, se o número de série for iniciado com a letra B e terminado com a letra A, pode ter um grande valor para os colecionadores, por serem mais raras”, diz.

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Segundo Mariana, vários aspectos podem tornar uma peça rara. Os mais relevantes são a quantidade de peças cunhadas e o estado de conservação. Porém, é preciso levar em conta o contexto inserido, a quantidade de peças conhecidas ou eventuais retiradas de circulação, bem como eventuais erros no processo de cunhagem e a data de lançamento. “Nem sempre moedas antigas são raras, o que importa mesmo são as especificidades. Algumas cunhadas em número elevado, por exemplo, podem ser consideradas mais incomuns com o tempo do que outras cunhadas em quantidades menores. Assim, o grau de raridade se refere à dificuldade em se encontrar determinada moeda”, explica.

Via de regra, uma peça rara (e cara) são as que possuem uma baixa emissão, ou seja, poucas unidades produzidas. Ajuda a valorizá-las, assim como o estado de conservação, a demanda do mercado por aquela peça. No caso da nota de R$ 1, o valor hoje pode alcançar até R$ 1.700,00. Desse modo, o que outrora era apenas um ‘troco’, agora pode ser um tesouro valioso nas mãos dos colecionadores.

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Como saber o valor de uma moeda?

Encontrar uma moeda valiosa pode ser considerado um “golpe de sorte”. Moedas com falhas de fabricação são mais raras, e mais valiosas, por mais incrível que pareça.

As notas de R$ 1 bem conservadas precisam ter detalhes da fabricação original, não podendo exibir mais de 20% de desgaste.

A Sociedade Numismática Brasileira conta com cerca de 800 sócios. Estima-se que haja entre 5 e 10 mil colecionadores ativos de numismática no país. Mas o Brasil não tem números sobre a movimentação total do setor de colecionadores de moedas.

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Nos Estados Unidos, a casa de leilões Heritage Auctions estima que o mercado de peças de numismáticas gire em torno de US$ 1,5 bilhão a US$ 2 bilhões, segundo o sócio, Cristiano Bierrenbach. Para este ano, a Heritage espera movimentar US$ 500 milhões só em leilões de moedas americanas, estrangeiras e cédulas.

Para vender as peças no Brasil, os interessados podem anunciar em grandes marketplaces ou procurar no site da SNB informações sobre colecionadores e eventos pelo Brasil. 

Anna França

Jornalista especializada em economia e finanças. Foi editora de Negócios e Legislação no DCI, subeditora de indústria na Gazeta Mercantil e repórter de finanças e agronegócios na revista Dinheiro