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SÃO PAULO – O varejo foi atingido de forma muito significativa pelos impactos da pandemia do novo coronavírus. Empresas tiveram que se adaptar para não perder espaço neste momento delicado. E, ainda que forçadas, muitas dessas mudanças aceleraram tendências interessantes sobre como será o consumo, o varejo e o comportamento do consumidor no mundo pós-pandemia.
Pensando nisso, o Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar) divulgou, em primeira mão para o InfoMoney, um estudo para tentar entender quais serão os as maiores transformações e tendências do varejo em um Brasil pós-Covid.
O comportamento do novo consumidor
Para Patrícia Cotti, diretora executiva do Ibevar, é importante que o varejo como um todo, sejam as grandes marcas ou os pequenos empresários, entenda que as transformações do mercado provocadas pelo coronavírus mudaram bastante os hábitos dos consumidores.
“Ainda que seja tudo muito incerto, já que estamos falando de tendências, precisamos destacar a nova linha comportamental que muitos consumidores podem adotar. Porque tudo isso que vivemos acaba gerando novos valores e hábitos”, explica.
A especialista aponta que as marcas não podem ignorar as transformações e precisam se condicionar a se reinventar constantemente, proporcionando uma entrega ainda mais completa ao consumidor.
Para Patricia, o que mais importa no momento é que as empresas entendam que garantir uma boa experiência pode ser a estratégia mais relevante a se adotar no momento. “A jornada do consumidor passa a ser o ponto central e as empresas precisam se desenvolver nessa questão: ou elas colocam o consumidor no centro e se mostram como uma solução, ou elas não vão mais vender”, explica.
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A especialista aponta que o momento é ideal para as marcas se tornarem necessárias para os consumidores, entendendo a nova linha de comportamento de consumo e aproveitando a oportunidade atrair mais consumidores fiéis.
“Este é o momento que as marcas têm para dar as caras e fidelizar os clientes. As empresas possuem necessidades imediatas, óbvio, mas precisam pensar no futuro do consumidor para garantir suas necessidades futuras”, conclui Patricia.
Confira abaixo as principais tendências que, segundo o Ibevar, devem impactar bastante o segmento após a pandemia.
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Movimento “Faça você mesmo” e circulo de consumo local
Segundo a avaliação da especialista, uma das tendências é que o consumidor sinta-se cada vez mais incentivado a fazer seus próprios produtos. O conceito, do inglês Do it Yourself (DIY), que começou na década de 70 como rejeição à ideia de comprar produtos de comerciantes terceiros, pode pegar tração com as influências diretas da pandemia sobre a vida dos consumidores.
Para Patricia, isso se dá principalmente pelo fato de os consumidores colocarem uma visão um pouco mais pessoal para os produtos – fato que foi impulsionado pelas redes sociais e pelos criadores de conteúdo nas plataformas digitais.
“As mídias sociais colocam muito essa visão de pessoalidade dos produtos, mas a consequência disso é diversa. Temos desde aquele pequeno empreendedor que perdeu o emprego e começou a produzir por conta própria, quanto alguém que começou a treinar sozinho em casa e não vê mais a necessidade de um plano de academia, por exemplo”, explica a diretora.
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Ou seja, o conceito de fazer você mesmo torna-se mais forte à medida que as pessoas e os processos produtivos se misturam diante dos confinamentos e restrições de compra que a Covid impôs.
“O prazer de ‘fazer você mesmo’ começa a ser, de novo, inserido no dia a dia do consumidor, bem como os benefícios trazidos pelo modelo, sejam financeiros ou emocionais”, afirma.
Ainda segundo a diretora, a ideia de “círculo de consumo local”, direcionada ao incentivo do consumo de produtos vendidos localmente e de forma segura, pode ser uma outra grande tendência mundo pós-covid.
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“Podemos notar uma forte causa nas redes sociais, por exemplo, em prol da sustentabilidade financeira dos pequenos comerciantes e empreendedores regionais. O olhar do cliente para o pequeno varejista é diferente, porque ele vê o consumidor sem ser um mero número, e as pessoas começaram a dar mais importância a esse tipo de atenção mais personalizada”, explica.
“Você tem uma valorização desses pequenos e micronegócios, não só pela conveniência e proximidade, mas pela sensação do que aquilo traz como pessoa”, acredita Patrícia.
Slowlife e consumo crítico/colaborativo
O grande fundamento do “Slowlife” é a alteração do ritmo da vida e a eliminação de tudo aquilo que pode ser considerado não essencial. Segundo a diretora, uma visão mais crítica e analítica sobre o que consumimos e o porquê pode levar muitos consumidores a repensarem suas necessidades de compra.
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“A nova realidade de vida e o impacto do isolamento no modo como as pessoas se relacionam entre elas, com ambiente e ‘coisas’, faz repensar a maneira que vemos a nós mesmos e nossos objetivos de vida”, explica a diretora.
Para Patricia, a pandemia trouxe novas concepções sobre os produtos e serviços e como o uso deles impacta a vida de cada um, com isso as pessoas passaram a valorizar mais os momentos e as experiências do que o item ou o serviço em si.
“Os consumidores estão olhando os produtos que compram, os serviços que assinam e até mesmo o consumo no geral com outros olhos. Ressignificamos o produto e o quanto precisamos daquilo”, exemplifica.
Patricia ainda diz que o consumo excessivo de certos produtos e serviços pode levar o consumidor a pensar sobre a real necessidade de manter um uso exclusivo de algum item. Revelando outra possível tendência para o varejo: o consumo colaborativo.
“Existe um número crescente de movimentos, iniciativas, empreendedores e novos modelos de negócios que visam facilitar a sustentabilidade na maneira de consumir e viver, o que revela uma mudança nas preferências de ‘ter o bem’ para ‘ter acesso ao bem'”, conclui a diretora.
Redes sociais, interação remota e digitalização
O papel protagonista que as redes sociais têm desempenhado na interação online não é algo inédito e tampouco foi causado pela pandemia, mas as redes não deixam de ser um dos canais mais importantes para o futuro do varejo, segundo a visão do Ibevar.
Para a diretora, é mais do que claro que a digitalização e as redes sociais são fatores determinantes no consumo democratizado e influenciam as decisões de compra de produtos e serviços.
“Plataformas digitais concorrentes e complementares fornecem acesso a informações detalhadas do produto e expõem as experiências dos indivíduos”, comenta.
“O digital é uma decorrência de todo resto e não um ponto de partida. O próprio pensamento de e-commerce já se tornou algo antigo. Precisamos entender melhor a conversão e ‘conversação’ com o consumidor. O que vale agora é como falar e se comunicar digitalmente com os clientes e não discutir sobre se vale ou não estar no digital”, explica Patricia.
“Se é certo que o digital já se apresentava como uma tendência e desafio, agora ele se torna mais do que uma necessidade das organizações. E não mais pelo caráter de inovação, até então buscado, mas como uma resposta às mudanças no modo de consumo dos brasileiros”, conclui a especialista.
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