Morre ator Ney Latorraca, aos 80 anos

Ele estava internado na Clínica São Vicente, em Botafogo

Equipe InfoMoney

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O ator Ney Latorraca morreu nesta quinta-feira (26), às 6h23, no Rio de Janeiro.

Ney estava internado desde o dia 20 de dezembro na Clínica São Vicente, da Gávea, zona sul do Rio, em decorrência de uma sepse pulmonar. O artista já lutava contra um câncer de próstata.

A doença foi diagnosticada em 2019. Na época, Ney foi operado, retirou a próstata e permaneceu curado. A doença voltou em agosto deste ano, já com metástase. Houve o tratamento inicial, porém sem sucesso.

Ney Latorraca foi um dos maiores atores da história da dramaturgia brasileira, com papéis icônicos em Vamp e TV Pirata, entre outros.

Ney Latorraca deixa o marido, o ator Edi Botelho, com quem foi casado por 30 anos. O local, horário do velório e cremação do corpo ainda não estão definidos.

Relembre a trajetória de Ney Latorraca

Antonio Ney Latorraca era natural de Santos (SP). Aos 6 anos de idade, fez uma participação em uma radionovela da TV Record. Durante a década de 1970, atuou em vários espetáculos, entre os quais Hair (1970), Jesus Cristo Superstar (1972), Bodas de Sangue (1973) e A Mandrágora (1975).

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Fama e sucesso vieram com a novela Escalada, na TV Globo, em 1975. Na novela de Lauro César Muniz, a primeira de Latorraca, ele interpretou Felipe, que era mudo. “Ele só balançava a cabeça. E o que aconteceu? Um mês depois que a novela estreou, o personagem fazia tanto sucesso que todo mundo queria saber quem era aquela pessoa jogada pelos cantos, muda. Eu nunca apresentei aquele padrão imposto de galã, que precisava ter uma virilidade explícita. Pelo contrário. Mas Felipe fez sucesso, principalmente com o público feminino. Na época, havia um concurso em nível nacional para eleger o rei da televisão. Em seis semanas, eu já estava concorrendo com Tarcísio Meira e Roberto Carlos”, relembrou o ator ao projeto Memória Globo.

Ney Latorraca estabeleceu parceria importante com o diretor Walter Avancini, com quem realizou projetos de literatura adaptada como Anarquistas, Graças a Deus, Memórias de um Gigolô, Rabo de Saia e Grande Sertão: Veredas.

Vamp, TV Pirata e O Mistério de Irma Vap

Após diversas novelas, como Vamp, na qual interpretou o inesquecível Vlad, minisséries e também filmes no cinema, experimentou um exercício diferente com TV Pirata, em que encarnava Barbosa. Sobre o personagem, Ney Latorraca chegou a dizer: “Era um velho tarado, de cabeça branca, com um pouco de bico. Mas eu comecei a aumentar o bico, tanto que, meses depois, só dava Barbosa e todo mundo imitava. Foi um baita sucesso. Até hoje me pedem na rua para fazer o Barbosa”.

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Em 1986 estreou, com o ator Marco Nanini, o maior sucesso do teatro brasileiro, O Mistério de Irma Vap, que permaneceu em cartaz por mais de 11 anos. Foi o seu maior sucesso e lhe trouxe a almejada estabilidade financeira. “Comprei minha cobertura, passei a viajar de primeira classe e pude dar todo o conforto para a minha mãe, que se foi em 1994, até o fim da vida dela”, contou ele, em entrevista ao Estadão em julho passado.

Na Globo, Ney Latorraca fez 17 novelas e seis minisséries, além de seriados e especiais.

“Ator já nasce ator. Aprendi desde pequeno que precisava representar para sobreviver. Sempre fui uma criança diferente das outras: às vezes, eu tinha que dormir cedo porque não havia o que comer em casa. Então, até hoje, para mim, estou no lucro”, disse o ator em depoimento ao Memória Globo.

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Lula lamenta morte

Em uma mensagem publicada em sua conta no X (antigo Twitter), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte de Ney Latorraca, a quem se referiu como um ator e diretor “de carisma marcante”.

“O Brasil se despede do grande Ney Latorraca, aos 80 anos. Ator e diretor de carisma marcante, nos presenteou com grandes papéis na televisão e no teatro. Foi o vampiro Vlad, em Vamp, o Barbosa, da TV Pirata, na TV, e do Arandir em O Beijo no Asfalto, com Tarcísio Meira, no cinema. No teatro, entre as muitas peças, levou milhões de brasileiros às plateias com o espetáculo O Mistério de Irma Vap, ao lado de Marco Nanini, que entrou no livro dos recordes de 2003 por passar 11 anos em cartaz. Meus sentimentos aos familiares, amigos e admiradores da arte de Ney Latorraca”, escreveu Lula.