“Inflação de São João”: maçã e batatas sobem, farinha de trigo e pipoca caem em 2024

O levantamento considerou 27 itens da cesta do IPC/FGV

Maria Luiza Dourado

Festa junina na Paróquia de São Francisco Xavier do Engenho Velho, Rio de Janeiro (Leandro Neumann Ciuffo/Wikimedia Commons)
Festa junina na Paróquia de São Francisco Xavier do Engenho Velho, Rio de Janeiro (Leandro Neumann Ciuffo/Wikimedia Commons)

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Estamos no fim de junho, mês das festas juninas, conhecidas pela música típica, brincadeiras e, claro, pela comida — que ficou, em média, 5,74% mais cara nos últimos 12 meses, acima da inflação ao consumidor medida pelo IPC-S, de 3,28%, no mesmo período, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE).

O levantamento considerou 27 itens alimentícios da cesta do Índice de Preços ao
Consumidor (IPC/FGV). A batata-inglesa subiu 60,66% nos últimos 12 meses, sendo a alta mais expressiva da cesta, enquanto o arroz, a maçã e a batata doce subiram 23,42%, 21,72% e 11,59%, respectivamente.

Outros itens que subiram acima da média foram: açúcar refinado (10,30%); couve mineira (9,47%); açúcar cristal (7,82%); e refrigerantes e água mineral (5,82%).

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Na outra ponta, alguns itens aliviaram um pouco as altas, com destaque para a farinha de trigo, com uma queda de 15,47% no mesmo período. Outros itens importantes para as festas juninas também registraram recuo nos preços: leite condensado (-13,98%), leite tipo longa vida (-7,22%) e milho de pipoca (-6,63%) foram alguns dos produtos com quedas em relação aos 12 meses anteriores.
“Apesar de os números mostrarem que a inflação geral está reduzindo seu ritmo de
aceleração em 12 meses (3,28%), o que observamos é uma pressão não desprezível
sobre os preços dos alimentos, especialmente sobre os itens mais tradicionais das
festas juninas. Batata-inglesa, arroz e maçã são bastante utilizados na culinária junina
e têm mostrado persistência na aceleração de preços”, explica Matheus Dias,
economista do FGV-IBRE.

Dias afirma que os efeitos climáticos desempenham um papel importante na dinâmica dos preços dos alimentos, principalmente dos in natura, que possuem maior sensibilidade às mudanças climáticas. “A batata-inglesa tem sofrido com a quebra de safras anteriores e perda de produtividade, o que faz com que seu preço suba significativamente”, diz o pesquisador.
“Embora este ano a cesta tenha apresentado diversos produtos com queda de preços
em 12 meses, nenhum deles foi capaz de compensar as respectivas altas acumuladas
e registradas nas festas juninas de 2023, mostrando que o orçamento do consumidor
não deixou de sofrer com a alta do período anterior”, afirma Dias.

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Confira a tabela com a inflação acumulada em 12 meses de itens comuns em preparos de pratos típicos de festas juninas calculada pelo FGV-IBRE.

Inflação acumulada em 12 meses de itens comuns em preparos de pratos típicos de festas juninas (FGV-IBRE)

Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.