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SÃO PAULO – Em 2020, a quantidade de tentativas de fraudes no comércio eletrônico no Brasil aumentou 53,6% na comparação com 2019, segundo dados da Clearsale, empresa especializada em soluções antifraude. O tíquete médio das tentativas de fraude foi de R$ 1.002, o dobro do visto nas transações legítimas, segundo o estudo.
A pandemia explica o salto nas fraudes, de acordo com a pesquisa. “Por causa da pandemia, que chegou ao Brasil depois do Carnaval, o e-commerce se tornou a única opção de compra das pessoas em muitos casos. Com isso, o número de vendas online explodiu, bem como o de fraudes”, diz o estudo.
Em 2020, considerando segmentos como e-commerce, mercado financeiro, telecomunicações, entre outros, a companhia analisou 106 bilhões de transações digitais, identificou 3,5 milhões de tentativas de fraude. O estudo, intitulado Mapa da Fraude 2020, considerou o período entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2020.
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A pesquisa também mostra em quais dias da semana as fraudes no e-commerce são mais comuns. Em 2020, as quartas-feiras foram os dias que mais registraram tentativas de fraudes, respondendo por 16,8% do total. Porém, os dados mostram um equilíbrio significativo durante os dias de semana, e uma diminuição no fim de semana. Veja:
Dia de semana | Tentativa de fraude (% do total no Brasil) |
Quarta-feira | 16,81% |
Terça-feira | 16,57% |
Quinta-feira | 16,47% |
Segunda-feira | 15,29% |
Sexta-feira | 14,43% |
Sábado | 11,09% |
Domingo | 9,33% |
O estudo também mostrou que o período do dia em que os golpes mais aconteceram em 2020 foi no intervalo entre 14h e 19h. “Ao contrário do que muitos pensam, a fraude não é cometida isoladamente no meio da noite. Os fraudadores praticamente cumprem expediente em horário comercial”, diz o estudo.
Omar Jarouche, diretor de Marketing e Soluções da Clearsale, afirmou que é preciso desmitificar o hacker que trabalha sozinho e de madrugada. “As fraudes não acontecem exclusivamente com esse perfil de cibercriminoso. Muitas vezes, durante a semana, quem atua são quadrilhas especializadas em golpes e com pessoas experientes em diversas áreas como tecnologia, mercado financeiro, etc. Elas agem à luz do dia mesmo e em intervalos com volumes significativos de transações porque, em tese, conseguem atuar sem serem percebidas”, explica.
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A Clearsale não tem dados específicos sobre o volume de compras em cada hora do dia, mas como identifica mais fraudes neste intervalo, entende que um volume significativo de consumo acontece.
Vejao gráfico:
Na análise mensal, novembro é o mês com o maior número de tentativas de fraudes, segundo o estudo, com 10,4% do total de tentativas de golpes do país em 2020, o que pode ser explicado pelo aumento das transações durante a Black Friday. Porém, ao analisar o recorte por datas comemorativas, a sexta-feira de descontos não tem protagonismo nesse sentido. Natal, Dia das Mães e Dia dos Pais empatam em primeiro lugar.
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Data comemorativa | Porcentagem de fraudes sobre o total de pedidos em cada data |
1.Natal | 1,36% |
Dia das Mães | 1,36% |
Dia dos Pais | 1,36% |
2. Dia dos namorados | 1,28% |
3. Dia do consumidor | 1,25% |
4. Dia das crianças | 1,21% |
5. Cyber Monday | 0,82% |
6. Black Friday | 0,57% |
Assim, do total de pedidos feitos na Black Friday de 2020 e rastreados pela Clearsale, apenas 0,57% deles foram identificados como tentativas de fraude. O estudo selecionou as datas mais importantes para o varejo online.
“O pico de fraudes acontece em novembro por conta do volume enorme de vendas na Black Friday, que é o que puxa esse número para cima. Mas isso considerando uma variação de números absolutos. Por isso, é normal que em novembro a gente tenha muitas fraudes. Mas proporcionalmente ao número total de compras, os chamados bons pedidos [as compras legítimas] crescem em uma curva maior do que a das fraudes, o que fez com que a Black Friday não se tornasse a data comemorativa com mais golpes em 2020”, explica Jarouche.
Efeito pandemia
O estudo também traz alguns números comparativos sobre a pandemia. Entre março e dezembro de 2020 (pós-pandemia), o número de tentativas de fraudes aumentou 45,4% na comparação com o mesmo período de 2019 (pré-pandemia), para 3,2 milhões. Ao considerar o número de transações feitas via e-commerce, houve um salto de 87% no pós-pandemia, para 245 milhões de transações online, enquanto o ticket médio de compras online subiu de R$ 459 para R$ 488 no período pós pandemia.
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Mercado financeiro e telecom
O levantamento também traz um recorte sobre o mercado financeiro, que considera aberturas de contas, emissão de cartões, empréstimo pessoal. A Clearsale atende bancos, fintechs, financeiras, administradores de cartão e cooperativas de crédito. Das mais de 22 milhões de transações analisadas pela Clearsale em 2020, houve cerca de 902 mil tentativas de fraude, ou 4,05% de todas as transações do país.
O segmento de telecomunicação também foi analisado: dos 14 milhões de transações analisadas pela empresa, cerca de 5% foram tentativas de fraudes envolvendo vendas indevidas de produtos ou serviços, uso indevido de dados, desvio de equipamentos que seriam entregues na casa dos clientes, entre outros.
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