Fornecimento de água no Grande Rio pode levar até 72h para voltar ao normal: como fica o consumidor?

Espuma de origem criminosa interrompeu operação da ETA do Guandu, a principal fornecedora de água potável para 11 milhões de pessoas

Agência Brasil

(Danilo Alvesd/Unsplash)
(Danilo Alvesd/Unsplash)

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A Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae), que abastece a região metropolitana do Rio de Janeiro, retomou a operação na Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu por volta das 19h30 desta segunda-feira (28). Contudo, o sistema pode levar até 72 horas para normalizar o abastecimento na região.

Técnicos da unidade confirmaram, por meio de monitoramento e análises laboratoriais, que não há mais risco de alterações na qualidade da água tratada.

O fornecimento de água na unidade foi interrompido às 05h30 da segunda-feira (28), após técnicos identificarem a presença de grande volume de surfactantes (composto presente nos detergentes) no Rio Guandu, que abastece 11 milhões de pessoas em oito municípios (Rio de Janeiro, Duque de Caxias, São João de Meriti, Nova Iguaçu, Mesquita, Nilópolis, Belford Roxo e Queimados). A estação trata 43 mil litros de água por segundo.

Segundo o presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Philipe Campello, a espuma veio de um lançamento criminoso de substância surfactante na água. Já segundo o diretor de saneamento e grande operação da Cedae, Daniel Okumura, tudo indica que o lançamento da substância, um tipo de detergente, foi pontual.

O Inea acionou a Polícia Civil, que abriu um inquérito para investigar o caso por meio da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente. O trabalho inclui a verificação se algum dos 72 estabelecimentos industriais e comerciais licenciados para o despejo no Guandu foi o responsável por esse lançamento. Também não foi descartada a hipótese de a substância ter sido lançada no Rio de outras formas, como de um caminhão, por exemplo.

As concessionárias responsáveis por levar a água da Cedae ao consumidor final – Iguá Saneamento, Águas do Rio e Rio+Saneamento – recomendaram que a população economize água.

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“Essa situação não é corriqueira. A gente pede a compreensão dos consumidores e que economizem água, fazendo uma reserva mínima”, complementou Aguinaldo Ballon.

Terei desconto na minha conta?

Não. Ainda que a interrupção das operações na ETA Guandu tenha causado falta d’água em partes da região metropolitana do Rio, não haverá aplicação de descontos na conta de quem ficou sem água.

Segundo Thiago Bernardo da Silva, advogado e sócio do escritório GFB Advogados, a situação se enquadra nas hipóteses em que as concessionárias de serviço público podem interromper a prestação do serviço – para garantir a segurança de bens e pessoas.

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“Considerando que o abastecimento de água é cobrado pelo consumo, o desconto nas contas não é automático”, explica.

A concessionária Águas do Rio informou ao InfoMoney que o valor é cobrado de acordo com o volume de água consumido pelos clientes.

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