Eventos e feiras mantêm hotéis ocupados o ano inteiro e elevam turismo em SP

Ocupação chega a 100%, diz Abih-SP. E Copa e Olimpíada devem impor mudanças no setor para que SP não chegue ao limite

Publicidade

SÃO PAULO – “A cidade de São Paulo vive hoje o melhor momento do turismo”. A afirmação é do presidente da São Paulo Turismo (SPTuris), Caio Luiz de Carvalho, e refere-se aos bons números deixados pelos mais de 368 mil turistas que vieram ver a Fórmula 1 e o Salão do Automóvel e ocuparam mais de 80% dos quartos disponíveis na cidade. Contudo, nem só grandes eventos lotam hotéis. Eventos corporativos e eventos menores mantêm os hotéis ocupados o ano inteiro.

“Durante a semana, principalmente as terças, quartas e quintas, muitos hotéis ficam 100% ocupados”, afirma o diretor executivo da Abih-SP (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em São Paulo), Bruno Omori. Ele ressalta que não se pode esquecer que a capital paulista é pródiga em turismo de negócios, por isso, a importância dos eventos corporativos. Segundo ele, 95% dos 410 hotéis da cidade possuem, ao menos, uma sala de convenção. “São realizados na cidade, em média, 400 eventos por dia dentro dos hotéis”, explica. Esses eventos vão desde feiras focadas no público externo a grandes eventos internos, fechados.

“A cada ano mais de 90 mil eventos acontecem aqui, garantindo a geração de empregos e a arrecadação de receitas para a cidade”, calcula Carvalho. E dependendo do evento, ele faz o valor médio da diária dos hotéis variar. “A procura por hotéis sempre aumenta nos períodos de realização dos grandes eventos na cidade e essa variação depende também de outros fatores, como tamanho, proximidade e a própria duração de cada evento”. De acordo com a SPTuris, de janeiro a setembro deste ano, a diária média anual foi de R$ 201,51. No mês de outubro, esse valor subiu para R$ 207,26. O aumento deve-se aos grandes eventos ocorridos na última semana.

De maneira geral, diz Carvalho, hotéis da categoria midscale, cuja diária média fica em torno de R$ 168, são os mais procurados em grandes eventos. Para Omori, dependendo do evento, os quartos mais econômicos, cujo valor médio da diária está em R$ 96, são ocupados primeiro. “Vai depender mesmo do evento. Aqueles do porte da Fórmula 1 fazem todas as categorias de quartos ficarem reservadas com antecedência”, diz. “As grandes feiras têm o poder de movimentar o mercado interno e também lotam todas as categorias”, explica Omori.

São Paulo no limite?
Hoje, o turismo de São Paulo conta com 410 hotéis e 42 mil unidades quartos – o maior número do País. “O Rio de Janeiro, que fica em segundo lugar, oferece 26 mil quartos”, afirma Omori. “Se considerarmos as unidades que estão localizadas em um perímetro de até 100 quilômetros da capital, são mais de 100 mil quartos, o maior número da América Latina”, explica.

Apesar de forte nesse sentido, nem só de vagas em hotéis o turismo de São Paulo sobrevive. “Temos de lembrar que a cidade recebe 70% dos voos internacionais, distribui outros 70% dos voos pelo país, detém 15% do PIB nacional, possui a grande maioria das sucursais de multinacionais e abriga o maior número de eventos internacionais das Américas”, explica o presidente da SPTuris.

Continua depois da publicidade

De acordo com Carvalho, desde que São Paulo passou a ser promovida como destino turístico, em 2005, o número de turistas que desembarcam na capital paulista cresce todo ano. No ano passado, 11,3 milhões de visitantes vieram à cidade. Esse aumento deve ser maior nos próximos anos, devido à Copa e à Olimpíada. Com isso, é preciso saber se o turismo da cidade ainda tem condições de crescer mais. Para Carvalho, não há dúvidas de que sim. “São Paulo é hoje reconhecida como o principal centro de cultura, lazer e entretenimento da América Latina”, afirma.

Para esse crescimento se dar de maneira efetiva, contudo, é preciso sanar alguns gargalos. E o principal deles, na avaliação do presidente da SPTuris, é o relacionado ao transporte. “É de extrema necessidade a imediata readequação da infraestrutura dos aeroportos e a ampliação da oferta de voos, bem como a criação em paralelo de formas de deslocamento e mobilidade urbana mais eficientes”, acredita.

Para Omori, da Abih, São Paulo é a única cidade do País que tem condições de receber eventos como os agendados para 2014 e 2016. “Porém, precisamos de incentivos para fazermos reformas”, explica. Para ele, além da ampliação do número de quartos, é preciso também atentar à qualificação da mão de obra do setor, um dos principais gargalos que podem impedir o desenvolvimento do turismo da cidade. “É preciso qualificarmos e certificarmos os profissionais mais operacionais”.

Agenda
Segundo Omori, a Abih está desenvolvendo um planejamento estratégico na agenda de eventos e feiras da cidade para 2014 e 2016. Para ele, dificilmente haverá grandes eventos no mesmo período dos jogos. “No caso da Copa, os eventos devem se concentrar nos meses de janeiro a maio e de agosto a dezembro”, explica.

Ele ressalta que dificilmente as organizações dos eventos que ocorrem comumente na cidade vão querer competir com os jogos. “Quem vem à Copa não vai querer fazer qualquer tipo de negócio em feiras e eventos, vai consumir entretenimento e lazer”, explica.

“A agenda da cidade até 2016 é extraordinária e extremamente positiva para a capital”, afirma Carvalho. Para ele, todas as ações que garantem o conforto e a segurança de quem viaja geram receita e empregos para a cidade de São Paulo.