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As embalagens de alimentos vendidos no Brasil não têm informações suficientes para esclarecer o consumidor, segundo pesquisa do Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em parceria com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
Focado nos aditivos alimentares, o estudo constatou falhas e inconformidades nas informações presentes nas listas de ingredientes, o que impede o consumidor de fazer uma escolha segura de alimentos mais saudáveis.
Daniela Canella, professora da Uerj e orientadora do estudo, explica que os aditivos são usados em bebidas e alimentos ultraprocessados e modificam as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais do produto, mas não têm fator nutricional.
Presunto, salsicha, pães empacotados, refrigerantes, bebidas lácteas e margarinas fazem parte da lista de produtos industrializados que recebem aditivos, desde a fabricação até a embalagem.
A professora alerta que o consumo de produtos ultraprocessados estão relacionados a uma série de doenças crônicas, como obesidade, hipertensão, diabetes, câncer e doença inflamatória intestinal, e defende a necessidade de o Brasil ter uma legislação que informe melhor o consumidor.
“O que a gente tem hoje é uma regulação que não necessariamente permite que o consumidor conheça tudo que compõe os alimentos que ele está consumindo. Então, no momento da escolha, da tomada de decisão, em alguma medida os consumidores não estão sendo suficientemente informados”, diz Canella.
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A gestora de empresas Cíntia Azevedo de Souza, diz que sempre lê os rótulos dos alimentos antes de comprar, para evitar que o filho Bernardo, de 5 anos, passe mal ao consumir algum produto. “Já achei substâncias em alguns rótulos, por meio de pesquisas também, que eu nem sabia que tinha ali”.
Ela cita como exemplos as jujubas. “Eu não confio em todos os rótulos de alimentos que compro. Acho que não são claros e que poderiam ser melhorados. Poderiam conter exatamente o que tem em cada produto. Acho que eles escondem alguns [ingredientes]”, diz Souza.
Diálogo com a Anvisa
O artigo sobre a pesquisa foi publicado em fevereiro na Revista de Saúde Pública, periódico científico editado pela Universidade de São Paulo (USP), e foi encaminhado ainda em 2021 à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
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A pesquisadora diz que, na época, não houve diálogo com a agência, mas que acredita que agora o assunto voltará a ser discutido, com a participação da sociedade civil e de profissionais da saúde.
Em nota, a Anvisa disse que considera importante o aprimoramento das regras para declaração dos ingredientes utilizados nos alimentos, inclusive os aditivos alimentares, e que o tema está nas discussões sobre rotulagem geral (cuja regulamentação é harmonizada no Mercosul).