Dia das Crianças: digitalização e união de entretenimento com educação são tendências

Estudo analisou padrões de consumo em dez categorias desde 2017; games e streaming infantil ganharam espaço, enquanto vestuário, calçados e livros infantis físicos precisar se readaptar aos novos tempos

Roberto de Lira

Conteúdos de de streaming dedicados ao público infantil são tendência (Foto: Shutterstock)
Conteúdos de de streaming dedicados ao público infantil são tendência (Foto: Shutterstock)

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Um Dia das Crianças cada vez mais digital, de experiências compartilhadas e com alimentação saudável e nutritiva. Esse é o panorama traçado em estudo do Ibevar- FIA Business School, analisando tendências de consumo em dez categorias-chave relacionadas a produtos e interesses infantis.

O estudo utiliza dados captados entre 2017 e 2024 para fazer projeções para a data festiva deste ano, que cai no próximo sábado. O Ibevar destaca que o mercado infantil brasileiro tem passado por transformações significativas nos últimos anos, refletindo mudanças tecnológicas, sociais e culturais mais amplas.

Para Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Ibevar e professor da FIA Business School, as projeções indicam um cenário misto, com algumas categorias em ascensão e outras em declínio.

“No entanto, o panorama geral sugere uma transformação na natureza da comemoração, com um foco crescente em experiências digitais e produtos que combinam entretenimento e educação”, destaca em nota.

Em alta

Entre as tendências de alta, o entretenimento digital ganha cada vez mais espaço, diz o estudo. “Com o crescimento contínuo de games e streaming infantil, esperamos ver muitas crianças recebendo presentes relacionados a jogos eletrônicos ou assinaturas de serviços de streaming. Isso pode proporcionar experiências mais imersivas e interativas.”

O foco em Educação também aparece positivamente na pesquisa. “O aumento no interesse por material escolar sugere que presentes educacionais serão bem recebidos. Isso pode incluir livros eletrônicos, tablets educativos ou kits de ciências, combinando aprendizado e diversão”.

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Na análise da categoria parques e diversões, é notado uma predileção pelas experiências familiares. “Embora para e diversões mostrem uma ligeira queda, ainda há um interesse significativo. Famílias podem optar por celebrar com passeios ou experiências compartilhadas, valorizando o tempo juntos”, diz o estudo do Ibevar

Em alimentação, é observado que a diminuição do interesse em fast-food infantil pode levar a celebrações com opções alimentares mais saudáveis e nutritivas.

Desafios

Por outros lado, os segmentos que enfrentam mais desafios de consumo são categorias consideradas tradicionais: há queda no interesse por livros infantis físicos, vestuário e calçados infantis, o que pode impactar negativamente esses setores do varejo.

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Ao analisar as mudança nos padrões de consumo, o Ibevar diz que, com o aumento do entretenimento digital, pode haver uma redução nos gastos com brinquedos físicos tradicionais.

Mas também são destacadas as preocupações com tempo de tela. “O crescimento do interesse em atividades digitais pode aumentar as preocupações dos pais sobre o equilíbrio entre tempo de tela e outras atividades.”

“O Dia das Crianças deste ano provavelmente será marcado por uma maior personalização e digitalização das celebrações. Enquanto algumas indústrias tradicionais podem enfrentar desafios, novas oportunidades surgem para produtos e experiências que combinam entretenimento, educação e tecnologia”, recomenda o Ibevar.

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“A chave para um Dia das Crianças bem-sucedido estará na capacidade de pais, educadores e empresas de se adaptarem a essas novas tendências, oferecendo opções que equilibrem o apelo digital com experiências tangíveis e significativas”, completa.

Veja abaixo uma análise detalhada em cada categoria:

Brinquedos

Segundo os dados analisados desde 2017, o setor de brinquedos apresenta flutuações interessantes, com um pico notável em 2023, seguido por uma ligeira queda no começo deste ano. O interesse por brinquedos tradicionais manteve-se relativamente estável de 2017 a 2022, com um aumento significativo em 2023.

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“A queda após o pico de 2023 pode indicar uma mudança nas preferências das crianças ou uma saturação temporária do mercado. A persistência dos brinquedos tradicionais, mesmo com o aumento dos games, sugere que ainda há um forte apelo para o brincar físico e tangível”, diz o estudo.

A sugestão é que os fabricantes de brinquedos devem considerar a integração de elementos tecnológicos em brinquedos tradicionais para manter o interesse. “Há oportunidades para brinquedos que promovam interação social e desenvolvimento de habilidades físicas. O mercado pode se beneficiar de campanhas que enfatizem os benefícios do brincar tradicional para o desenvolvimento infantil.”

Chocolates e doces

A categoria de chocolates e doces mostra uma tendência relativamente estável, com ligeiras flutuações ao longo do tempo. O interesse por esses itens manteve-se consistentemente alto, com picos sazonais provavelmente relacionados a feriados como Páscoa e Natal.

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“Há uma ligeira tendência de queda a partir de 2021, que pode refletir uma crescente conscientização sobre saúde e nutrição. A estabilidade geral sugere que chocolates e doces continuam sendo uma parte importante da cultura alimentar infantil no Brasil.”

Para o Ibevar, os fabricantes devem considerar o desenvolvimento de opções mais saudáveis, como chocolates com menor teor de açúcar ou doces feitos com ingredientes naturais. “Há oportunidades para marketing sazonal e promoções ligadas a datas festivas. A indústria pode se beneficiar de estratégias que posicionem seus produtos como ‘treats’ ocasionais dentro de uma dieta equilibrada.

Livros Infantis

A categoria de livros infantis mostra uma tendência preocupante de declínio, especialmente a partir de 2018. O interesse por livros infantis atingiu seu pico em 2018 e desde então tem mostrado uma queda constante. “Esta tendência pode estar relacionada ao aumento do consumo de conteúdo digital e à mudança nos hábitos de leitura. A queda é particularmente acentuada após 2020, possivelmente influenciada pela pandemia e pelo aumento do ensino à distância.”

Segundo o estudo, as editoras e livrarias precisam inovar em seus formatos, possivelmente integrando elementos digitais aos livros físicos. “Há uma necessidade urgente de campanhas que promovam a importância da leitura para o desenvolvimento infantil. Oportunidades surgem para plataformas de leitura digital que ofereçam experiências interativas e envolventes.”

Parques e diversões

A categoria de parques e diversões mostra uma tendência de crescimento até 2022, seguida por uma ligeira queda, diz o estudo. O interesse por parques e diversões cresceu consistentemente de 2017 a 2022, possivelmente refletindo um aumento no poder aquisitivo e na busca por experiências familiares.

“A queda após 2022 pode estar relacionada a mudanças nos hábitos de lazer pós-pandemia ou à saturação do mercado. A persistência do interesse sugere que experiências fora de casa ainda são valorizadas, apesar do aumento do entretenimento doméstico.”

As recomendações são que essas atrações devem investir em experiências únicas e memoráveis para manter o interesse. “Há oportunidades para a integração de tecnologias como realidade aumentada para enriquecer as experiências nos parques. O setor pode se beneficiar de estratégias de precificação flexíveis e pacotes familiares para atrair mais visitantes.”

Jogos eletrônicos

A categoria de jogos eletrônicos mostra uma tendência de crescimento expressivo, atingindo seu ápice em 2024-10. Este aumento reflete a crescente digitalização do entretenimento infantil no Brasil. “O interesse por games aumentou consistentemente de 2017 a 2024, com um salto significativo entre 2019 e 2020, possivelmente influenciado pela pandemia de Covid-19.”

O Ibevar destaca que a popularidade dos games pode estar relacionada à expansão do mercado de smartphones e tablets no Brasil, tornando os jogos mais acessíveis. O pico em 2024 sugere uma possível saturação do mercado ou a introdução de novas tecnologias de ‘gaming’, como realidade virtual ou aumentada.

O estudo diz que as empresas de desenvolvimento de jogos devem considerar o mercado brasileiro como um alvo prioritário. “Há oportunidades para jogos educativos que combinem entretenimento e aprendizagem. Pais e educadores precisarão desenvolver estratégias para equilibrar o tempo de tela e outras atividades.”

Vestuário infantil

Já o setor de vestuário infantil mostra uma tendência de declínio ao longo dos anos analisados. O interesse por vestuário infantil atingiu seu pico no início do período analisado e tem mostrado uma queda constante desde então. “Esta tendência pode refletir mudanças nos hábitos de consumo, com pais optando por roupas mais duráveis ou priorizando outros gastos. A queda pode também estar relacionada ao aumento das compras online, que nem sempre são capturadas nas pesquisas de tendências.”

Segundo o estudo, marcas de roupas infantis precisam repensar suas estratégias, possivelmente focando em sustentabilidade e durabilidade. “Há oportunidades para modelos de negócio inovadores, como assinaturas de roupas infantis ou trocas de peças usadas. O setor pode se beneficiar de uma maior integração entre as experiências de compra online e offline.”

Calçados infantis

A categoria de calçados infantis também apresenta uma tendência significativa de declínio de 2017 a 2023. O interesse por calçados infantis mostra uma queda constante e acentuada ao longo do período analisado. “Esta tendência pode estar relacionada a mudanças nos hábitos de consumo, com pais optando por calçados mais duráveis ou versáteis. A queda pode também refletir um aumento nas compras online ou em outlets, que podem não ser totalmente capturadas nas pesquisas de tendências.”

Ou seja, os fabricantes de calçados infantis precisam inovar em design e funcionalidade para recuperar o interesse dos consumidores. “Há oportunidades para calçados que ‘crescem’ com a criança ou que oferecem maior durabilidade. O setor pode se beneficiar de estratégias de marketing que enfatizem a importância de calçados adequados para o desenvolvimento infantil.”

Fast-food

A categoria de fast-food infantil é outra a mostrar uma tendência de declínio, especialmente a partir de 2020. O interesse por fast-food infantil manteve-se relativamente estável até 2020, quando começou a mostrar uma tendência de queda significativa.

“Esta tendência pode refletir uma crescente conscientização sobre nutrição infantil e os riscos associados ao consumo excessivo de fast-food. A queda após 2020 pode estar relacionada também às mudanças de hábitos alimentares durante a pandemia, com mais refeições sendo preparadas em casa.”

Assim as redes de fast-food precisam repensar seus menus infantis, possivelmente incluindo opções mais saudáveis e nutritivas. “Há oportunidades para o desenvolvimento de ‘fast-food saudável’ voltado para crianças. O setor pode se beneficiar de estratégias de marketing que enfatizem a qualidade dos ingredientes e a transparência nutricional.”

Streaming infantil

A categoria de streaming infantil mostra uma forte tendência de crescimento, atingindo seu pico em 2024. O interesse por serviços de streaming infantil cresceu consistentemente ao longo do período analisado, com um aumento particularmente acentuado a partir de 2020.

“Este crescimento reflete a digitalização do entretenimento infantil e possivelmente foi acelerado pela pandemia de Covid-19. O pico em 2024 sugere uma possível saturação do mercado ou a emergência de novas formas de consumo de conteúdo.”

As plataformas de streaming devem investir, segundo o Ibevar, em conteúdo original e exclusivo para o público infantil brasileiro. “Há oportunidades para o desenvolvimento de recursos de controle parental mais sofisticados e personalizáveis. O setor pode se beneficiar da integração de elementos educativos e interativos ao conteúdo de streaming.”

Material escolar

A categoria de material escolar também mostra uma tendência de aumento gradual ao longo dos anos. O interesse por material escolar cresceu de forma constante durante o período analisado, com um aumento mais acentuado a partir de 2021.

“Esta tendência pode refletir um foco crescente na educação e na preparação escolar, possivelmente influenciado pelas experiências de ensino à distância durante a pandemia. O crescimento contínuo sugere que, apesar da digitalização, materiais escolares físicos ainda são valorizados no processo educacional.”

O estudo recomenda que os fabricantes de material escolar devem considerar a integração de elementos tecnológicos em seus produtos tradicionais. “Há oportunidades para o desenvolvimento de materiais escolares sustentáveis e ecologicamente corretos. O setor pode se beneficiar de estratégias de marketing que enfatizem a importância do material escolar adequado para o sucesso acadêmico.”