Desperdício de sushi no Japão vira tema de polêmica nacional

Em apenas um dia, as lojas de conveniência japonesa desperdiçaram o equivalente a R$ 27 milhões em sushi

Maria Luiza Dourado

Ehomaki (zenjiro/Wikimedia Commons)
Ehomaki (zenjiro/Wikimedia Commons)

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Lojas de conveniência japonesas têm sido responsáveis pelo desperdício milionário de um dos alimentos símbolo do Japão, o sushi. De acordo com uma estimativa da jornalista e pesquisadora Rumi Ide, publicada no portal Yahoo Japan e citada pela BBC, no último dia 3 de fevereiro, as 55.657 lojas de conveniência do Japão jogaram fora 947.121 rolos de ehomaki, o que equivale a cerca de 700 a 800 milhões de ienes, ou R$ 27,2 milhões.

A pesquisa de Ide destaca que muitas das lojas de conveniência no Japão, que estão sempre cheias de onigiri, sanduíches, saladas, refeições de microondas e doces, acabam descartando alimentos que não foram vendidos dentro do prazo de validade. Essas lojas ficam abertas 24 horas por dia, 365 dias por ano, o que resulta em um enorme desperdício, muitas vezes desconhecido pelos consumidores.

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A falta de transparência das lojas ao reportar suas perdas agrava o problema. Grandes redes de lojas de conveniência japonesas, como 7-Eleven Japan e Lawson, se recusaram a compartilhar dados sobre o descarte de alimentos. Já a rede FamilyMart informa em seu site que suas lojas jogam fora 56,3 toneladas de comida por dia.

Segundo a BBC, com base em dados de 2020 da Comissão de Comércio Justo do Japão, as principais cadeias de lojas de conveniência do país jogaram fora, em média, 4,68 milhões de ienes em alimentos por loja por ano, o que resulta em uma perda anual de mais de 260 mil milhões de ienes, ou R$ 9,25 bilhões na cotação atual.

O problema é tão grave que o Japão incluiu a redução do desperdício de comida como uma de suas metas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. O país pretende reduzir o descarte de alimentos pela metade até 2030, para 4,9 milhões de toneladas. Em 2000, o desperdício anual chegava a 9,8 milhões de toneladas, mas em 2021, já havia sido reduzido para 5,23 milhões de toneladas.

Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.