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SÃO PAULO – Os consumidores estão se tornando mais exigentes nos últimos anos. Além dos itens qualidade e preço, os brasileiros estão mais preocupados quanto à imagem da fabricante do produto. Empresas que empregam mão de obra infantil ou poluem o ambiente já estão sendo descartadas pelos clientes.
Empresas “socialmente responsáveis” são valorizadas
Esse comportamento foi verificado pela pesquisa Empresas e Responsabilidade Social e Indicador Pesquisa de Mercado, realizada pelo Instituto Ethos. Foram entrevistadas 1.002 pessoas em 11 regiões metropolitanas do país. Dos entrevistados, 14% deixaram de comprar produtos de empresas que não são consideradas responsáveis socialmente. Já 16% responderam que prestigiam as marcas de empresas que adotam iniciativas positivas para a sociedade.
Entre os principais itens valorizados pelos consumidores estão a colaboração com escolas, postos de saúde ou entidades sociais e a contratação de deficientes físicos. Segundo os consumidores, esses itens possuem um grande peso na escolha do produto. O item poluição ambiental ocupou o quarto lugar. Já fatores como veiculação de propaganda enganosa e realização de danos físicos ou morais aos trabalhadores são considerados como desestimulantes para as compras.
Na comparação com a pesquisa de 2001, nota se que não houve muitas alterações. Enquanto 13% dos entrevistados haviam respondido que a falta de responsabilidade social da empresa acabava inibindo a compra do produto, 16% dos entrevistados responderam que prestigiavam empresas preocupadas com a sociedade.
Ética não interessa consumidor
Um dado interessante da pesquisa se refere às questões éticas. A pesquisa revelou que questões ligadas à sonegação de imposto e suborno são consideradas irrelevantes para o consumidor no momento da compra. Dos entrevistados, 23% responderam que não comprariam produtos de empresas que sonegam impostos. Já 11% dos entrevistados afirmaram que não levam em conta se a empresa suborna agentes públicos.
A pesquisa foi realizada em diversos países e na colocação geral o Brasil ficou em 14º lugar, na frente de países como França e Espanha, porém atrás da China, África do Sul e Nigéria. Isso se deve a gravidade dos eventos ocorridos em cada país, visto que os mesmos acabam contribuindo para uma postura mais crítica e rígida dos consumidores.
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Empresas deveriam se preocupar mais
Segundo o presidente do Instituto Ethos, Oded Grajew, se as pessoas no Brasil forem mais conscientes a respeito de responsabilidade social, as empresas seriam obrigadas a melhorar as suas imagens e teriam uma presença mais forte em questões ligadas aos interesses da sociedade. Para Oded, atualmente as empresas contam apenas com alguns selos e a publicação de um balanço de responsabilidade social, nos moldes dos balanços financeiros.
Ele também ressalta que o governo deveria ter uma atuação mais presente nesse tipo de assunto, adotando a responsabilidade social como critério na escolha dos fornecedores e prestadores de serviços. Os fundos de pensão também deveriam avaliar melhor os seus investimentos, priorizando as empresas “socialmente responsáveis”.