Além de se desfazer do Banco Alfa, as herdeiras de Aloysio Faria, ex-dono do Banco Real, venderam a um fundo de investimento o enorme terreno na zona sul de São Paulo onde funcionava o Hotel Transamérica, que fechou as portas no início da pandemia de Covid-19.
Os planos agora são ambiciosos: o local vai receber um novo clube, que terá a primeira piscina com ondas da cidade, um sucesso nos empreendimentos de superluxo no país. O investimento previsto é de R$ 1,1 bilhão, com a projeção de, no futuro, faturar R$ 2 bilhões ao ano.
Batizado de “Beyond The Club São Paulo”, o projeto é capitaneado pela KSM, empresa de Oscar Segall, um dos fundadores da construtora Klabin Segall, vendida em 2009. Ele tem transformado a construção de praias artificiais em condomínios de luxo em um grande negócio — o primeiro projeto foi a Praia da Grama, em Itupeva, a 70 quilômetros de São Paulo.
“Há 80 anos não se lança um clube em São Paulo. E isso tinha de ocorrer em uma área bem localizada, com alto poder aquisitivo”, afirmou Segall.
Os primeiros títulos começaram a ser vendidos há duas semanas, e a procura tem superado as expectativas. Até agora, foram 450 títulos, 200 para os chamados fundadores e outros 250 para o público em geral. A unidade saiu por R$ 630 mil. No total serão 3 mil títulos, com o preço subindo para quem deixar para depois.
Um dos desafios foi encontrar um local em São Paulo para abrigar a obra, mas um dos sócios da KSM, Raul Amorim de Souza, conhecia a família Faria. “Após a morte de Aloysio Faria, a família está passando por um processo de separação dos ativos e de reorganização patrimonial. Ter o hotel não fazia mais sentido”, afirmou Segall.
Como apenas o espaço do Transamérica não seria suficiente para abrigar o clube, também foi adquirido um terreno ao lado, totalizando 120 mil m². Já o Teatro Alfa, que também era da família Faria, foi vendido à gestora do BTG e fará parte do complexo do clube, com a diferença de que ele continuará aberto ao público em geral.
Em razão das reformas, o teatro fechará temporariamente as portas no fim deste ano, mas reabrirá “o mais rápido possível”, disse Segall. A ideia, afirmou ele, é de que o teatro também funcione como uma fonte de receitas extras para a associação do clube.
Diferenciais
Além da praia artificial, a grande aposta para dar tração às vendas, o clube quer trazer outros diferenciais em relação aos concorrentes em São Paulo. Além das quadras e do popular beach tennis, o empreendimento vai ter um espaço para e-sports e simuladores incluindo de esqui e Fórmula 1, além de coworking. Em parte do antigo Hotel Transamérica funcionará uma área para a estadia dos sócios do clube, que poderão se hospedar no local e trazer convidados.
Com a procura, a KSM quer levar o conceito do “Beyond The Club” para outras regiões, inclusive fora do Brasil. No plano estratégico já estão Miami (EUA), Madri (Espanha), Dubai (Emirados Árabes Unidos) e Uruguai.
Conforme Segall, construir uma praia artificial ainda é bastante caro, mas, à medida que os projetos vão saindo do papel, a tendência é de que haja uma redução dos custos. “O processo de democratização já está acontecendo.”
A tecnologia da piscina com ondas ficará sob a responsabilidade da espanhola Wavegarden, que tem quatro parques abertos ao público. Eles estão em Melbourne, na Austrália; em Bristol, na Inglaterra; na Coreia do Sul; e em Sion, nos Alpes Suíços. No Brasil, Praia da Grama foi o primeiro em um complexo residencial.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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