Churrasco ficou mais caro em outubro, apontam dados de supermercados

O preço da carne bovina ao consumidor final em São Paulo apresentou um aumento de 6% em outubro, o maior desde dezembro de 2019

Maria Luiza Dourado

Publicidade

O preço do churrasco ficou mais caro em outubro em São Paulo, após o preço da carne bovina disparar 6%, a maior alta desde dezembro de 2019. Os grandes culpados, no entanto, não foram os cortes mais nobres e famosos entre churrasqueiros, como a picanha.

É o que mostra o Índice de Preços dos Supermercados (IPS), alimentado com dados da Associação Paulista de Supermercados (Apas), coletados em parceria com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

Segundo o IPS, o preço da carne bovina ao consumidor final foi impulsionado principalmente pelo acém, que ficou 9,65% mais caro na comparação mensal, seguido pelo músculo, com aumento de 8,37% nos preços. Depois vêm braço, 7,75% mais caro; coxão duro, com aumento de 6,68%; e patinho, com preço 6% maior.

Nos últimos 12 meses, esses cortes registraram aumentos de 11,39% (acém), 11,06% (músculo), 10,11% (braço), 9,63% (coxão duro) e 10,72% (patinho). No geral, as carnes acumulam alta de 7,17% no período.

Os cortes mais usados em churrasco registraram altas menores. A fraldinha subiu 1,57%, e a picanha avançou 2,78% no mês passado, enquanto o contrafilé, por exemplo, encareceu 4,25%. Outras carnes como a costela bovina ficou 3,97% mais cara, enquanto o filé mignon, 3,58%.

No acumulado de 12 meses, os cortes para churrasco subiram 4,09% (picanha), 7,41% (contrafilé), 2,07% (fraldinha) e 4,44% (costela bovina). Já o do filé mignon caiu 0,41% no período.

Continua depois da publicidade

Leia mais: IPCA: inflação sobe 0,56% em outubro, acima do esperado, com pressão de energia

Na contramão da carne, as bebidas alcoólicas foram a única categoria a exibir uma taxa negativa em outubro deste ano, com uma deflação de 0,14%.

O aumento nos preços das carnes está ligado à desvalorização do real, que estimulou as exportações de carne, especialmente para a China, diminuindo a oferta interna, avalia Felipe Queiroz, Economista-chefe da Apas.

Continua depois da publicidade

“Ao mesmo tempo o consumo doméstico também aumentou, impulsionado pelo aquecimento na economia brasileira e melhora nos níveis de emprego, o que permite que os consumidores aumentem a demanda de proteína bovina, contribuindo para a elevação dos preços”, diz o profissional.

Outro ponto de pressão inflacionária foi o aumento no custo do boi, diz Queiroz, com o indicador do boi gordo disparando para R$ 334,60 durante a segunda semana de novembro, maior valor desde maio de 2022.

Visão geral

O Índice de Preços dos Supermercados (IPS) registrou inflação de 0,88% em outubro de 2024, após alta de 0,56% observada no mês anterior. No acumulado do ano, o índice registra aumento de 3,49%, enquanto no acumulado em 12 meses, a alta alcançou a marca de 5,50%, maior patamar desde junho de 2023.

Continua depois da publicidade

Ao comparar o resultado de outubro de 2024 (0,88%) com o mesmo período de 2023 (0,46%), constata-se um salto de 0,42 ponto percentual puxado principalmente pela alta dos produtos industrializados e semielaborados, segundo a Apas.

Entre as categorias que influenciaram no comportamento do índice, os produtos semielaborados (categoria que engloba carne) lideraram a alta mensal (2,56%), seguidos pelas bebidas não alcoólicas (0,96%) e os artigos de limpeza (0,63%).

Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.