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SÃO PAULO – Apesar de ainda se manter em patamares abaixo do ideal, o valor do salário mínimo pago aos trabalhadores brasileiros tem registrado ligeira melhora ao longo dos últimos anos. E o próximo reajuste de 15,3%, que elevará o valor dos atuais R$ 260 para R$ 300, no dia 1º de maio, deve contribuir ainda mais para esta trajetória de evolução.
A constatação faz parte de relatório divulgado no último dia 27 pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos). O estudo analisa, entre outras coisas, o poder de compra do salário mínimo em relação aos produtos da cesta básica comercializada na cidade de São Paulo.
De acordo com a pesquisa, o conjunto de itens essenciais de consumo comprometia 73,51% do salário mínimo no ano 2000, parcela que caiu para 68,09% em 2004.
Melhor resultado da última década
A observação individual de cada produto da cesta básica também comprova o aumento da renda do assalariado brasileiro no decorrer dos últimos anos. Para se ter uma idéia, um salário mínimo permitia a compra de 21 kg de carne em 1995, enquanto em 2004 era possível adquirir 30 kg do mesmo produto.
Esta melhora pode ser comprovada também no caso do feijão, do arroz e do pão, além do litro de leite. Em todos estes itens, o poder de compra dos assalariados atingiu em 2004 seu maior patamar dos últimos dez anos.
Esta evolução, contudo, não se repete na comparação entre os números do ano passado e os resultados apurados em 1959, data em que o Dieese começou a calcular o Índice de Custo de Vida. Nesta relação, a pesquisa registra deterioração generalizada na renda do trabalhador.
Para se ter uma idéia, em 1959, com um salário mínimo, conseguia-se comprar 455 litros de leite. Já no ano de 2004, esta proporção havia caído para apenas 190 litros. O mesmo ocorre com o pão: com os valores de quarenta e cinco anos atrás podia-se adquirir 230 kg do produto, enquanto em 2004 era possível comprar somente 54 kg de pão.
Vale destacar que os dados do estudo do Dieese refletem diversas variáveis, como reajustes reais do salário mínimo, variação de preços dos produtos da cesta básica, e influência de fatores como isenção tributária e safras de alguns produtos agrícolas.