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“Na volta a gente compra”. Essa frase está grudada na memória de gerações de meninas brasileiras que são fãs de Barbie, mas nunca puderam ter uma. A boneca ressignificou o conceito de brinquedo na segunda metade do século 20 e, neste ano, vem atraindo uma multidão aos cinemas criando um efeito cor-de-rosa para além da ficção.
Apesar de o preço da Barbie ser “salgado”, o item mais caro da sua linha sempre foi o modelo maior da casa da boneca, a “Barbie Dreamhouse” (Casa dos Sonhos da Barbie, em tradução livre). E esse patamar se mantém até hoje, seja nos EUA ou no Brasil.
A primeira Casa da Barbie data de 1962. Sessenta e um anos atrás, a estrutura da “Barbie Dreamhouse” era composta por papel-cartão e custava US$ 4,44. O item acompanhava móveis para a boneca do mesmo material (papelão).
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Considerando o contexto dos Estados Unidos na década de 60, o preço era alto numa época em que o salário-mínimo era de US$ 1,15 por hora (medida comum para a renda no país). Uma pessoa que trabalhasse 40 horas por semana ganhava cerca de US$ 184 por mês em 1962 – somente a Casa da Barbie correspondia a 2,41% do montante.
O salário-mínimo de um americano em 2023 gira em torno de US$ 1.160 ao mês. Os 2,41% deste montante, hoje, equivalem a US$ 24,82 – patamar elevado para uma caixa de papel-cartão colorida nos EUA.
Em 1979, a Casa dos Sonhos da Barbie evoluiu. A estrutura ganhou mais um andar, colunas e uma variedade de móveis de plástico. A edição é uma das mais caras que a Mattel já fabricou, considerando o cenário macroeconômico corrente, com preço sugerido de US$ 109,97 ou 27% do salário-mínimo da época nos EUA, de US$ 2,90 por hora ou US$ 464 mensais (40 horas semanais de trabalho).
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Entre 1962 e 2023 foram lançadas 22 Casas da Barbie no modelo “Barbie Dreamhouse”. O mais recente pode ser encontrado por cerca de US$ 200 nos Estados Unidos, em sites como o portal de vendas oficial da Mattel ou na Amazon, com desconto. A título de comparação, os fones sem fio da Apple de terceira geração custam US$ 169 no país.
Se apenas convertêssemos os valores, a Casa da Barbie mais recente custaria em torno de R$ 978 no Brasil. Contudo, ainda incidem sobre o brinquedo o imposto dessa categoria de produto, de 39,7%, além de encargos e tributações referentes ao transporte do item e custos de loja. O resultado: a casa sai a R$ 2.099,99 no site oficial da Mattel – valor 59% superior ao salário-mínimo atual e que correspondia a 72% da renda média em junho no país.
E esta não é a casa da Barbie mais cara disponível no mercado. A Barbie Dreamhouse Mega sai a R$ 2.119,990 no site da fabricante.
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Poder de compra
Vale pontuar a grande diferença entre o poder de compra de quem mora nos Estados Unidos e ganha em dólar e de quem mora no Brasil e ganha em reais.
O poder de compra é a capacidade de adquirir bens, sejam eles mercadorias ou serviços, com uma determinada quantia.
O Banco Mundial compara o poder de compra entre países e elabora o ranking da Paridade do Poder de Compra (PPC), que reflete o custo de vida em cada país, considerando produtividade econômica e padrões de vida. O Brasil ocupava a oitava posição no último ranking, de 2021, enquanto os Estados Unidos figuram em segundo lugar.
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Em termos práticos, isso quer dizer que o poder de compra no Brasil é menor que o dos EUA, com os mesmos bens custando mais aqui do que lá – como a Casa dos Sonhos da Barbie.
Mais recentemente, as Dreamhouses da Barbie entraram no centro de uma polêmica. Em 2019, a Mattel lançou versões inclusivas da boneca: uma variação com uma perna protética e outra versão da boneca cadeirante.
Mas casa dos sonhos da Barbie daquele ano (foto abaixo) – e de todos os anos anteriores – não possuíam um elevador que comportasse a cadeira de rodas da personagem.
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O elevador da Barbie Dreamhouse só foi ajustado na versão seguinte, a Mega (foto acima), em 2021, causando debate sobre erros na concepção de brinquedos inclusivos.
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