Black Friday 2023: como comprar sem bagunçar as finanças e ficar longe de fraudes?

Recomendação é usar crédito com cautela, não comprar por impulso e comparar preços

Equipe InfoMoney

Black Friday ajudou nas vendas do mês (Shutterstock)
Black Friday ajudou nas vendas do mês (Shutterstock)

As ofertas piscam nas vitrines — físicas e online — saltando desde setembro, mas o dia oficial da Black Friday 2023 no Brasil será, como manda a tradição, na última sexta-feira do mês, 24 de novembro. Com tantos descontos à vista, o consumidor que se planejou e fez o bom e velho dever de casa de pesquisar o que realmente precisa vai se dar bem nesta edição do maior evento do varejo.

Ainda, se você perder a Black Friday, haverá uma outra chance: a chamada Cyber Monday, que acontece sempre na segunda-feira seguinte à Black Friday — neste ano, no dia 27. A data é voltada para descontos em produtos de tecnologia.

Para você que busca, agora, fazer uma compra responsável e segura, a reportagem do InfoMoney preparou um guia com uma série de informações. Confira:

Compras com planejamento

Apesar dos esforços do governo federal para que a população saia do vermelho – como a implementação do programa de negociação de dívidas Desenrola — muitos ainda seguem no vermelho. Números da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) apontam que mais de 66,5 milhões de brasileiro estavam inadimplentes em setembro, mês em que quatro a cada dez brasileiros adultos tinham o nome negativado. Também de acordo com o levantamento, o volume de consumidores com contas atrasadas cresceu 5,78% em relação ao mesmo período de 2022.

Para não fazer parte de uma estatística como essa, a lei é ser consciente na hora de ir às compras,  apesar do canto das sereias — e-mails com cupons de desconto, vendedores mandando mensagem no WhatsApp e os anúncios que aparecem nas páginas enquanto navegamos.

O segredo é planejar a compra do que realmente precisa olhando, claro, se o dinheiro disponível é suficiente para cobrir o custo para não gerar novas dívidas.

“A primeira pergunta a se fazer é: ‘isso é um desejo ou uma necessidade?'”, afirma Paula Sauer, especialista em educação financeira e economia comportamental da faculdade ESPM.

Não é necessário demonizar o desejo, que é natural, mas a necessidade deve vir em primeiro lugar. Por isso, segundo Sauer, uma boa tática é utilizar uma lista, como aquela que fazemos para ir no supermercado. “Quando o consumidor vai ao mercado objetivamente, buscando pelos itens da lista, no fim, ele vê o carrinho cheio e percebe que já gastou uma boa quantia. Agora, sem foco, passeando, as chances de comprar itens por impulso que vão aparecendo nos corredores (itens de decoração, guloseimas, tábua de queijos/nozes) aumenta. Por isso, na Black Friday, mapear suas necessidades fará com que você pesquise primeiro pelo que precisa, te deixando menos propenso a realizar compras por impulso e se enrolar em dívidas”, explica.

Cartão de crédito

Até o cartão de crédito, tido no senso comum como um vilão, pode funcionar nas compras. Segundo planejadores financeiros, o diferencial é usar o cartão de crédito, e não o crédito do cartão.

“Avalie se é mais vantajoso comprar à vista ou parcelado. Dependendo do caso, dividir o valor em parcelas também pode ser uma boa opção. Mas lembre-se que as parcelas podem pesar na organização financeira dos meses seguintes”, diz Camila Pedretti, consultora de experiência do cliente da Jotta.

Além disso, parcelar uma compra pode trazer a ilusão de que aquele item não é tão caro ou que ele cabe no seu bolso agora. “Outra pergunta a se fazer é: ‘compraria isso agora se fosse à vista? Se a resposta for negativa, talvez seja melhor repensar a compra”, aconselha Sauer.

Leia também: Planejamento financeiro: o que é e como fazer

Para quem se atrapalhou com o uso do cartão, o cuidado terá de ser ainda mais redobrado para que ele não gere uma bola de neve de dívida em suas finanças. Vale lembrar que os juros do rotativo do cartão de crédito ultrapassaram os 441,1% ao ano em setembro.

Os planejadores financeiros apontam que o maior erro do consumidor é não pagar a fatura e cair no rotativo, com a dívida ganhando tamanho estratosférico sob os juros do cartão de crédito. Assim, caso este seja o seu caso, o conselho dos especialistas é unânime: evite a Black Friday.

Outra dica dos especialistas vai além da Black Friday: custo com gastos variáveis, como o cartão de crédito, não deve ultrapassar os 30% das suas finanças pessoais.

Compare preços

Pesquisar o que realmente importa é atalho para quem não quer errar na Black Friday. Antes do advento da tecnologia, os consumidores precisavam ir de loja em loja para conferir os descontos. Com a internet, sites que comparam preços e divulgam as melhores ofertas fazem esse trabalho ao consumidor. Então, compare os preços.

Depois avalie qual forma de pagamento é a mais vantajosa — a que dá o maior percentual de desconto no valor final do item/serviço adquirido. O Pix, ferramenta de transação financeira criada pelo Banco Central, vem sendo muito utilizado pelas varejistas nesta edição da Black Friday, com descontos mais consideráveis.

O cuidado é com o destinatário da chave Pix: cheque sempre quem vai receber antes de confirmar o envio do dinheiro pelo sistema de pagamento do BC. Caso haja algum problema, o ressarcimento do valor costuma ser burocrático.

Aproveite as compras

Para quem se planejou e sabe que as compras na Black Friday não farão um desarranjo nas contas, a dica é garimpar por promoções com cashback, mecanismo que converte uma porcentagem do valor gasto em crédito para novas aquisições, transferência bancária ou crédito no cartão.

Para descobrir cupons de desconto, sites como Cuponomia, Méliuz e MeuCupom ajudam.

O vídeo abaixo explica como funciona e o que você precisa prestar atenção na hora de usar o recurso. Veja: 

Especialistas também afirmam que a Black Friday pode ser uma boa oportunidade para comprar viagens e pacotes mais baratos. Também vale lembrar que supermercados e hipermercados entram na Black Friday com muitas ofertas e essa é uma ótima chance para abastecer a casa com produtos de higiene e limpeza para os próximos meses. Alguns sites unem promoções desse tipo, como o “Oferta de Supermercados”, “Catálogo de Ofertas” e “Porta Folhetos”.

Melhores horários para comprar

Estudo da Promobit, plataforma de promoções e descontos, destaca algumas categorias de produtos e os melhores horários de ofertas para adquiri-los.  Na categoria de moda masculina, as ofertas começarão a pipocar mais após às 15h desta sexta, tendo ápice às 23h. Já quem busca itens de moda feminina, as ofertam seguirão com mais força entre 12h e 13h.

Quem busca trocar de celular não terá uma janela de horário tão específica porque as ofertas são mais pulverizadas. Segundo o estudo, o comportamento engloba iPhones e aparelhos Android, com a diferença que o volume de ofertas dos produtos que não são da Apple é bem maior.

Para TVs, a dica é ficar atento às ofertas até 1h da manhã desta sexta, quando as promoções começam a diminuir. Para eletrodomésticos, o melhor horário é entre 9h e 11h.

Evite golpes

Outro cuidado fundamental é com a prevenção contra golpes relacionados às compras.

Segundo Marcelo Queiroz, head de estratégia de mercado da ClearSale, a Black Friday representa um momento propício para a atuação dos fraudadores. “O momento é potencial para as ações criminosas e de engenharia social, como se chama a técnica de manipulação psicológica utilizada por criminosos para aliciar consumidores”, diz.

Ainda segundo Queiroz, os golpistas utilizam da seguinte técnica: “eles tentam capturar dados a partir de promoções e produtos, sorteios e benefícios de todos os tipos, que normalmente são utilizados como fator de alavanca de clique emocional, para que as pessoas fiquem mais suscetíveis a caírem em golpes de engenharia social”.

A ClearSale estima que 1,5% das transações do dia da Black Friday sejam de tentativas de fraude. Dois cuidados:

“Frete”
Desconfie da oferta em que o preço do produto é vantajoso, mas o do frete é muito caro. É um claro sinal de golpe.

“Metade do dobro”
Outro golpe comum é o realizado por estabelecimentos comerciais em que os preços, antes da Black Friday, passam por um aumento e são vendidos preço normal na data promocional. Para fugir da “metade do dobro”, o ideal é acompanhar a variação dos preços com antecedência. Se você não conseguiu fazer isso, é importante utilizar os sites de comparação de preços e consultar a lista do Procon sobre sites suspeitos.

Antes de fechar uma compra online, informe-se sobre a reputação do site em portais de serviço ao consumidor, como o ReclameAqui, e observe as formas de pagamento oferecidas. Outra dica, segundo os especialistas, é desconfiar de preços muito abaixo dos praticados no mercado, além de evitar compras pelas redes sociais.

E lembre-se: se não tiver certeza de que a página é segura, não coloque informações pessoais e tampouco realize a compra.

Como resolver problemas pós-Black Friday

Problemas relacionados à aquisição de um produto ou serviço adquirido na Black Friday são comuns. Os especialistas reforçam que a melhor saída é buscar um acordo com a empresa envolvida.

“Se o consumidor identificar que se trata de uma fraude ou quiser voltar atrás na compra por se sentir lesado, a dica é entrar em contato imediato com a empresa e explicar a situação e os motivos da sua insatisfação. A empresa precisa dar um prazo para solucionar o problema”, afirma Predretti, da Jotta.

Se não for possível resolver com a empresa, de forma amigável, anote o protocolo de atendimento, reúna todos os documentos que comprovem a compra e a sua insatisfação, como as tentativas de contato, fotos do produto se ele estiver danificado e comprovantes de compra.

Se ainda assim os problemas persistirem, o consumidor deve procurar seus direitos, por meio do Procon ou site da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e, se necessário, contratar um advogado para ingressar com uma ação judicial.

(Com informações da Agência Brasil)