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O Brasil apresenta cada vez mais oportunidades para negócios de biogás e biometano, mas dificuldades principalmente na distribuição do combustível pelo país ainda são um entrave para deslanchar investimentos, avaliaram executivos do setor energético em evento nesta quinta-feira (15).
A indústria sucroalcooleira enxerga na produção do biometano uma alternativa atrativa para aproveitar os resíduos de sua atividade, sendo até mais rentável do que a opção mais comum, de destinar biomassa para cogeração de energia elétrica, apontou o CEO da Raízen, Ricardo Mussa.
O problema, segundo Mussa, é a dificuldade de conexão com a rede de gasodutos, o que acaba impedindo o transporte do combustível renovável para mais mercados pelo Brasil.
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“Das minhas 35 unidades, seis estão próximas da Gasbrasiliano e da Comgás (distribuidoras de gás canalizado), as outras estão longe”, afirmou o CEO da Raízen durante evento da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen).
O biometano é um combustível renovável, obtido pelo processamento do biogás, que, por sua vez, pode ser produzido com resíduos orgânicos urbanos e agropecuários. Um dos principais atrativos do biometano é o fato de ser um substituto de combustíveis fósseis, como o diesel. Neste ano, o segmento ganhou um plano específico do governo.
Cristopher Vlavianos, presidente do grupo Comerc Energia, também disse ver muita demanda pelo biometano no mercado. “Temos uma fila de consumidores hoje loucos para comprar biometano e não tem biometano para vender. Essas empresas hoje têm suas metas de descarbonização, qualquer volume de biometano hoje é pouco”, disse Vlavianos.
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Atualmente, existem quatro plantas autorizadas pela agência reguladora ANP para geração de biometano, com produção de 400 mil metros cúbicos por dia, segundo informações da associação Abiogás.
Diante do entrave logístico, as principais alternativas para muitas plantas industriais são ou usar o biogás para geração de energia elétrica, ou transformá-lo em biometano para substituir o diesel em frotas de veículos pesados. Essa última opção, apesar de interessante, não serve para o “mercado secundário” de caminhões, no qual os veículos não estariam adaptados a utilizar o combustível, disse Mussa.
Para o CEO da Raízen, o governo precisa refletir qual é a forma mais desejável de se aproveitar o potencial brasileiro da biomassa, e se valeria a pena dar mais incetivos para que as distribuidoras de gás ajudem na criação de um mercado robusto para o biometano.
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Ele lembrou ainda que a biomassa utilizada para produção de biogás e biometano pode ter outros fins, como a fabricação do etanol de segunda geração, que tem sido bastante valorizado pelo mercado europeu.
Embora ainda pequeno, o mercado brasileiro de biogás tem recebido cada vez mais investimentos de grandes companhias de combustíveis. Neste ano, a Raízen iniciou a construção de sua primeira planta dedicada ao biometano, em Piracicaba (SP), com investimentos de cerca de 300 milhões de reais.
Em julho, a Vibra, que é co-controladora da Comerc, adquiriu 50% da ZEG Biogás e Energia e se comprometeu a aportar até 412 milhões de reais no negócio em projetos de biogás e biometano. Já o grupo Urca Energia, maior produtor atual de biometano no país, anunciou investimentos de 500 milhões de reais até o fim de 2023 para expandir sua produção.