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Mesmo após cinco dias do temporal que atingiu São Paulo na última sexta-feira (3), matou ao menos sete pessoas e deixou mais de 2,1 milhões sem energia, cerca de 230 mil imóveis, entre residências e comércios, ainda estão sem luz.
Segundo dados da distribuidora Enel, até às 8h desta terça-feira (7), a energia foi reestabelecida para mais de 90% dos clientes que tiveram o fornecimento impactado após o temporal da última sexta. “Até o momento, cerca de 1,9 milhão de clientes tiveram o serviço normalizado, de um total de 2,1 milhões afetados na tempestade”, diz a empresa em nota atualizada às 8h. A expectativa é retomar todos os serviços ainda hoje. Os 200 mil clientes que ainda sofrem com os impactos da chuva estão localizados na região metropolitana de São Paulo.
Por volta das 11h, a CPFL, que atende cerca de 4,9 milhões de clientes em SP, informou que cerca de 29 mil endereços ainda estão às escuras, mas também afirma que a previsão é normalizar o fornecimento para todos os clientes nesta terça (7).
A demora para o restabelecimento da energia causou muita insatisfação e prejuízo para a população. Relatos apontam que muitos consumidores enfrentaram mais de 50 horas sem o fornecimento do serviço, o que ocasionou a perda de alimentos em geladeiras, problemas em eletrodomésticos e muitos transtornos.
“O vendaval que atingiu a área de concessão no dia 3 de novembro foi o mais forte dos últimos anos e provocou danos severos na rede de distribuição”, justifica a Enel, que fornece energia para 24 municípios em São Paulo.
A companhia explica que vem trabalhando para dar conta de todo o prejuízo causado desde sexta e alega que colocou quase 3 mil profissionais nas ruas, que “seguem trabalhando 24 horas por dia para agilizar os atendimentos e normalizar o fornecimento para quase a totalidade dos clientes”.
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Apesar disso, a Enel diz que o trabalho é complexo porque a rede foi atingida por queda de árvores de grande porte e galhos. Dessa maneira, a recuperação ocorre de forma gradual. “Em atuação conjunta com Corpo de Bombeiros, prefeitura e outras autoridades, a companhia tem priorizado os casos mais críticos, como serviços essenciais”, afirma a empresa.
A companhia orienta que os clientes acessem seus canais digitais para abrir chamado de falta de luz, por meio do aplicativo Enel São Paulo e a agência virtual do site.
A CPFL, por sua vez, disse em nota que “segue atuando no restabelecimento dos clientes atingidos pela forte tempestade que atingiu os municípios da área de concessão de suas três distribuidoras que atendem parte do interior e litoral do estado de São Paulo na sexta-feira impactando trechos da rede elétrica nas cidades afetadas”. Por fim, a empresa ressalta que, apesar dos danos, “grande parte dos clientes afetados já teve o fornecimento restabelecido e continuará ininterruptamente os serviços até regularizar para todos os seus clientes o fornecimento de energia elétrica.”
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A EDP Brasil, que atende algumas cidades do Vale do Paraíba, Alto Tietê e Litoral Norte, não forneceu informações de quantas unidades consumidoras ainda estão sem luz, mas garantiu que chegou a 99,3% de normalização do fornecimento de energia para seus clientes nas 28 cidades que atende.
“Seguem em andamento atendimentos mais isolados e de casos considerados mais complexos, que demandam maior tempo de serviço. Parte do trabalho está sendo realizado em parceria com órgãos municipais, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros. E uma fatia das operações acontecem, por exemplo, em locais com maior dificuldade de acesso e que exigem veículos especiais. Em outros casos, os atendimentos podem ser realizados somente no período diurno por questão de segurança”, alega a distribuidora.
O InfoMoney também contatou a Elektro e pediu um balanço da situação na regiões que cobrem, mas aguarda retorno.
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Prejuízo para moradores e comerciantes
Diante de todos os transtornos causados pelo temporal, comerciantes de bairros da zona sul paulistana registram significativa perda de produtos e clientes, enquanto moradores lidam com transtornos na rotina.
A Porto Maria Padaria, que fica na Vila da Saúde, teve enorme prejuízo, já que trabalha com uma grande quantidade de produtos perecíveis. Os donos do local tiveram que fechar as portas até que a energia volte e, com isso, pediram aos funcionários que fiquem em casa, com exceção de alguns que ajudam a organizar a loja, se desfazendo dos alimentos e bebidas que estragaram e higienizando prateleiras, chão, fornos e congeladores.
A loja ficou sem luz após um poste ter explodido, logo depois que a energia foi restabelecida em uma parte da avenida Bosque da Saúde, onde está localizada. Desde então, Baltazar Lisboa, um dos sócios do estabelecimento, tenta, sem sucesso, acionar a Enel para que a empresa envie uma equipe ao endereço e solucione o problema.
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Segundo Lisboa, o fim de semana é um período de bastante movimento na padaria, o que significa que perderam muitos clientes. Sem energia, a equipe não consegue nem sequer dimensionar os danos, já que podem envolver, inclusive, perda de maquinário, considerando que muitos queimam quando há um corte súbito.
“E bem próximo do Natal, para melhorar, quando a gente tem que pagar décimo terceiro salário. Alguém vai ter que dividir esse prejuízo com a gente”, explicou à Agência Brasil, acrescentando que tem cerca de 45 funcionários.
O aposentado Vasco Quito mora exatamente na casa diante da qual fica o poste que explodiu e provocou a segunda queda de energia na região. Ele relata que estava dentro de casa quando ouviu um estrondo e que chegou a avisar à equipe da Enel estava na rua de cima prestando serviço.
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Quando aconteceu a explosão do poste, quase ficou incomunicável, porque, na hora, seu carregador de celular queimou. A sorte foi que um primo seu, que mora por perto, tinha um semelhante e pôde emprestar a ele, que assim conseguiu seguir ligando para a companhia, em busca de atualizações sobre a estimativa de retomada do serviço. “No sábado, restabeleceu o fornecimento na parte de cima [da avenida], mas aí estourou o poste aqui”, contou. “Transtornos estou tendo vários. Minha esposa precisa usar inalador. Minhas coisas do freezer estragaram, da geladeira, laticínios, porque não tenho outro lugar aonde levar.”
Os lojistas e moradores que conversaram com a reportagem pontuaram, ainda, que houve um acidente nas proximidades da avenida. Isso porque alguns semáforos pararam de funcionar, sendo que parte deles até agora não foi religada.
A faxineira Maria do Carmo Ramos, da academia Fitness, também vizinha dos demais entrevistados, destacou que o maior inconveniente tem sido não ter condições de acolher devidamente os alunos que frequentam o local, especializado no atendimento integrado e que oferece também apoio psicológico aos clientes. “A gente está abrindo enquanto tem sol, porque aí abre a janela”, afirma à Agência Brasil. A academia funciona 24 horas, em condições normais, mas que, desde a última sexta-feira, tem fechado por volta de 17h.
A promessa da Enel é restabelecer a energia até o fim desta terça (7).
*Com Agência Brasil.