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Com o alívio no preço da conta de luz, a inflação dos mais ricos foi três vezes maior do que a experimentada pelos mais pobres em maio, conforme Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, divulgado nesta terça-feira, 14, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O indicador repondera o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), conforme a faixa de rendimento das famílias.
Em maio, o IPCA agregado avançou 0,47%. Para as famílias de renda muito baixa, a alta foi de 0,29%. Para as famílias de renda alta, ficou em 0,93%.
No acumulado em 12 meses, porém, as famílias mais pobres seguem sentindo mais a pressão da inflação. O IPCA para as famílias de renda muito baixa acumula alta de 12,0% até maio. Já a taxa para as famílias de renda alta acumula alta de 11,3% em 12 meses.
Em maio, isoladamente, o grupo Transportes se destacou nos impactos de alta do IPCA, com destaque para as passagens aéreas, que pesam mais na cesta de consumo dos mais ricos. “No caso dos transportes, além da alta de 1,0% dos combustíveis, cabe destacar o reajuste de 18,3% nas passagens aéreas – que impactou a inflação do segmento de renda mais alta”, diz um trecho do relatório do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda.
Só que o grupo Habitação teve uma deflação de 1,70% no IPCA de maio, por causa da queda de 7,95% nos preços da conta de luz, motivada pela mudança na bandeira tarifária, a taxa extra cobrada quando as usinas termelétricas são acionadas na geração de eletricidade. Em 16 de abril, passou a vigorar a bandeira verde, sem cobrança adicional. Desde setembro do ano passado, pesava sobre a conta de luz a bandeira “escassez hídrica”, uma cobrança extraordinária, acima até mesmo da taxa da bandeira vermelha.
“O peso maior da energia elétrica no orçamento das classes de renda mais baixa comparativamente à faixa de renda mais alta fez com que a queda de 8,0%, observada em maio, gerasse um alívio inflacionário maior para a população de menor renda”, diz o relatório do Ipea.
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Apesar do alívio, os gastos com alimentação e moradia ainda se destacam nas altas de preços nos acumulados em 12 meses. Por isso, a inflação é sentida mais fortemente pelas famílias de menor renda.
“As altas observadas em itens de grande consumo – como cenoura (116,4%), batata (54,3%), frango (22,7%), ovos (18,4%), leite (29,3%), macarrão (19,3%), pão francês (15,61%), óleo de soja (31,3%) e margarina (24,0%) – explicam boa parte do impacto inflacionário dos alimentos no período. No caso da habitação, as principais influências altistas vieram dos reajustes do gás de botijão (29,4%) e do aluguel (9,1%)”, continua o relatório do Ipea.
O indicador do Ipea desagrega o IPCA por seis faixas de renda familiar. A menor faixa se situa abaixo da renda familiar mensal de R$ 1.726,01. Já a faixa mais elevada inclui as famílias cuja renda média familiar está acima de R$ 17.260,14 ao mês.