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Não é novidade que a inflação tem corroído a renda de diversas formas, seja no supermercado ou no posto de combustíveis. Mas em ano de Copa do Mundo os fãs de futebol e os colecionadores do álbum de figurinhas do maior torneio de futebol do planeta se assustaram com o preço do pacote com 5 cromos, que subiu muito acima da inflação: R$ 4, o dobro da Copa de 2018 e o quádruplo da Copa de 2014.
O preço do álbum da Copa do Catar também ficou bem mais salgado: R$ 12, uma alta de 52% em relação aos R$ 7,90 da Copa de 2018, disputada na Rússia, e mais que o dobro dos R$ 5,90 da Copa de 2014, realizada no Brasil. Nos últimos 4 anos, enquanto o preço do pacotinho subiu 100% e o álbum, 52%, a inflação medida pelo IPCA (o índice oficial de preços do Brasil) foi de 25%.
A “inflação do pacotinho” evidencia não só a desvalorização do real e a diminuição do poder de compra dos brasileiros nos últimos anos, mas também que a Panini, editora italiana responsável pelo álbum da Copa, tem reajustado os preços do seu produto no Brasil muito acima da inflação. Enquanto o IPCA subiu 61% desde a Copa de 2014, o preço do álbum cresceu 103% e o do pacote de cromos, 400%.
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O preço do álbum e das figurinhas foi divulgado na terça-feira (19) pela Panini, que anunciou o lançamento oficial para 19 de agosto. Mas ambos já estão disponíveis em pré-venda na loja da empresa na internet, individualmente ou em kits que podem chegar a R$ 449,90 (álbum capa dura + 100 pacotinhos).
Serão 670 cromos colecionáveis, incluindo 50 figurinhas especiais e 80 cromos extras.
Disparada de preço em 20 anos
Comparando com a Copa de 2002, quando o Brasil ganhou o torneio pela última vez e se tornou pentacampeão, a diferença fica ainda mais evidente: o álbum custava R$ 3,90 e o pacote de figurinhas, R$ 0,50 (e vinha com 6 cromos, não com 5). Ou seja: uma figurinha custava R$ 0,083 há 20 anos, quase um décimo dos R$ 0,80 de hoje.
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O preço do álbum até subiu abaixo da inflação nesses 20 anos (208%, contra 239% do IPCA), mas isso ocorreu em grande parte porque ficou “congelado” em R$ 3,90 entre 2002 e 2010 (enquanto a inflação no período foi de 88%). Desde então, o preço do álbum mais que triplicou, contra um IPCA de 177%.
Já o preço do pacote de figurinhas disparou de R$ 0,50 em 2002 (quando vinha com 6 cromos) para R$ 4 neste ano (uma alta de 700%). Considerando o preço por figurinha, já que desde a Copa de 2006 o pacote tem 5 cromos, a alta é de 860% em 20 anos.
Sobre o preço das figurinhas, a Panini afirmou em comunicado que “a editora mantém o preço dos produtos colecionáveis há dois anos entre R$ 3,50 e R$ 4,00, valor este alinhado e praticado em toda a América Latina”.
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“O álbum de figurinhas da Copa do Mundo Qatar 2022 é um produto oficial licenciado pela Fifa e, por esse motivo, tem que seguir políticas de equiparação de preços em todos os países da América Latina, conforme regras definidas pela entidade” (veja abaixo o posicionamento completo).
Perda de poder de compra
Outra forma de medir a perda do poder de compra em relação às figurinhas da Copa é comparar o que dá para adquirir ao longo do tempo com a mesma quantidade de dinheiro.
Enquanto em 2002 era possível comprar 1 álbum e 1.152 figurinhas com R$ 100, hoje essa mesma quantidade de dinheiro compra apenas 1 álbum e 110 figurinhas — uma redução de mais de 90% no número de cromos.
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Eram necessários R$ 12,40 para comprar o álbum e 100 figurinhas há 20 anos. Hoje, é preciso desembolsar R$ 92 para comprar a mesma quantidade (quase o dobro de apenas 4 anos atrás).
Posicionamento da Panini
“Em relação ao preço sugerido dos envelopes de figurinhas do álbum oficial da Copa do Mundo Qatar 2022, esclarecemos que a editora mantém o preço dos produtos colecionáveis há dois anos entre 3,50 e 4,00 reais, valor este alinhado e praticado em toda a América Latina.
Esclarecemos, ainda, que o álbum de figurinhas da Copa do Mundo Qatar 2022 é um produto oficial licenciado pela FIFA e, por esse motivo, tem que seguir políticas de equiparação de preços em todos os países LATAM, conforme regras definidas pela entidade. A finalidade disso é evitar problemas de cross-border e proteger mercados de diferentes localidades.
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Sabemos da paixão pelo colecionismo e queremos manter o canal aberto com os fãs para continuarmos construindo juntos esta história que já dura 60 anos”.
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