28,2 milhões de brasileiros não têm acesso à internet, diz IBGE

Excluídos digitais são 15,3% da população com 10 anos ou mais; mas proporção de domicílios com banda larga fixa superou a com banda larga móvel pela 1ª vez

Estadão Conteúdo

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Apesar de a pandemia de Covid-19 ter acelerado o acesso à internet no Brasil nos últimos dois anos, 7,28 milhões de famílias ainda permaneciam sem conexão à rede em casa em 2021, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

São cerca de 28,2 milhões de brasileiros de 10 anos ou mais de idade que não usavam a internet (3,6 milhões deles estudantes) no ano passado, com os excluídos digitais representando 15,3% da população  nessa faixa etária.

Os dois motivos mais mencionados para a exclusão digital foram não saber usar a internet (42,2%) e falta de interesse (27,7%). Já 20% apontaram motivos financeiros para a falta de acesso (14,0% disseram que o acesso à rede era caro e 6,2%, que o equipamento eletrônico necessário era caro).

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação 2021, a Pnad TIC.

Banda larga fixa

Nos domicílios com internet, o porcentual com banda larga móvel caiu de 81,2% em 2019 para 79,2% em 2021, enquanto a fatia com banda larga fixa aumentou de 78,0% para 83,5%. Na Região Norte, a banda larga fixa cresceu mais de 20 pontos percentuais entre 2019 e 2021, de 54,7% para 70,5% dos domicílios conectados.

“Em 2021, a banda larga móvel (3G ou 4G) se reduziu e a fixa aumentou, fazendo com que, pela primeira vez na série, a proporção de domicílios com acesso à banda larga fixa superasse a da banda larga móvel”, aponta o IBGE. “Até 2019, ambos os tipos de conexão por banda larga mostraram gradual sentido de crescimento nos domicílios.”

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A pesquisa mostra também que, no ano passado, 155,2 milhões de pessoas tinham aparelho de telefone celular no Brasil (84,4% da população com 10 anos ou mais). Entre os 28,7 milhões sem telefone celular, 8,9 milhões eram estudantes (dos quais 91,6% eram da rede pública de ensino).

O principal motivo para a ausência de telefone nesse nicho da população também foi financeiro (40% dos estudantes do ensino público sem celular disseram que o aparelho telefônico era caro, e outros 4,7% relataram que o serviço era caro).

Acesso pelo celular e pela TV

Na população que usava a internet, o meio de acesso mais adotado foi o telefone móvel celular (citado por 98,8% dos conectados), seguido pela televisão (45,1%), pelo microcomputador (41,9%) e pelo tablet (9,3%).

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“É a primeira vez que a televisão supera o microcomputador no acesso à internet, a primeira vez que a televisão fica em segundo lugar no acesso à internet”, disse Flávia Vinhaes, analista do IBGE.

A principal finalidade da internet foi conversar por chamadas de voz ou vídeo (95,7% dos usuários), ultrapassando assim o envio ou recebimento de mensagens de texto, voz ou imagens por aplicativos (94,9%). Na sequência vêm assistir a vídeos, inclusive programas, séries e filmes (89,1%) e enviar e receber e-mail (62,0%).

Televisão em casa

O número de domicílios particulares permanentes aumento durante a pandemia, de 71,12 milhões em 2019 para 72,9 milhões em 2021, mas diminuiu a proporção dos que têm televisão (de 96,2% para 95,5%), o que fez com que o total de lares sem TV aumentasse de 2,7 milhões para 3,2 milhões. “O número de domicílios cresce mais rápido que o número de domicílios com televisão”, afirma Vinhaes.

O número de domicílios com televisão de tela fina subiu de 55,9 milhões para 61,4 milhões, enquanto o total com televisão de tubo diminuiu de 17,6 milhões para 11,0 milhões. Com isso, a proporção de lares apenas com TV de tela fina cresceu de 74,3% para 84,2%, a fatia que possuía somente TV de tubo caiu de 18,3% para 11,9% e a proporção com ambos os tipos também caiu, de 7,4% para 3,9%.

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Embora venha melhorando o acesso da população a aparelhos de TV mais modernos, antenas ou conversores para recebimento do serviço digital, ainda há 1,539 milhão de famílias sem alternativa à TV aberta analógica aberta (e 80,6% vivem em áreas urbanas, o equivalente a 1,2 milhão de domicílios).

“O processo de implantação do sinal digital para acesso aos canais de televisão aberta, em substituição ao analógico, transmitido por antenas terrestres, ainda estava em andamento em 2021”, lembra o IBGE.

Estudantes sem internet

Entre os estudantes que não tinham internet, 94,7% frequentava a rede pública de ensino. Os alunos de 10 anos ou mais que ainda são excluídos digitais relataram maior peso da questão financeira: 25,1% consideravam o serviço caro e 18,3% afirmaram que o equipamento necessário para o acesso era caro.

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As demais razões apontadas para a falta de acesso à rede foram ausência de interesse (17,5%), não saber utilizar (15,9%) e falta de disponibilidade do serviço nos locais que costumava frequentar (10,6%).

‘Ajuda’ da pandemia

A exclusão digital era mais grave no pré-pandemia, quando havia 37 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais de idade sem acesso à internet (8,8 milhões de pessoas a mais que em 2021). Em 2019 eram 11,365 milhões de lares que estavam desconectados da rede (4,085 milhões a mais do que em 2021).

A pesquisa do IBGE mostra que 155,7 milhões dos 183,9 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais de idade utilizaram a internet no ano passado (84,7%), com maior utilização entre as mulheres (85,6%) do que entre os homens (83,7%).

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Sem dados de 2020

Em 2020, primeiro ano da pandemia de Covid-19, o IBGE não coletou na Pnad Contínua informações sobre acesso à internet, televisão e posse de telefone celular. O instituto diz que, por questões sanitárias, a coleta da pesquisa passou de presencial a remota, feita por telefone, forçando um enxugamento do questionário para que contemplasse somente os temas do núcleo básico da pesquisa.

Por este motivo, a série histórica sobre as informações de televisão e internet, iniciada em 2016, foi interrompida em 2020, e as análises sobre os resultados de 2021 têm como base de comparação o ano de 2019, no pré-pandemia.

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