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O cliente deve estar no centro das decisões do mercado. Essa condição é chave para a manutenção de um ambiente de negócios sustentável, transparente e eficiente. Por isso, o investidor deve ser o agente em torno do qual são definidas as estratégias da indústria de investimentos.
Fazer desse protagonismo prioridade exige mudanças na forma com que os players, como as instituições do mercado, os reguladores e os autorreguladores se relacionam com os investidores atualmente. Uma delas é dar mais transparência e clareza nas informações que chegam a eles e aprimorar ainda mais os modelos de negócios.
Essa discussão começou há um tempo na Anbima. Nosso pontapé inicial foi a mudança do eixo de toda nossa autorregulação. Até 2018, ela trazia exigências com foco em produtos e serviços, mas, a partir dali, passou a mirar nas atividades da indústria, como gestão e distribuição, e na conduta dos profissionais.
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Esse processo, bem-recebido pelos players, foi resultado natural do amadurecimento do mercado, que é dinâmico e avançou muito desde então. Prova disso é o aumento no número de investidores. O Raio X do Investidor Brasileiro, pesquisa da Anbima em parceria com o Datafolha, mostrou que a quantidade de investidores saltou de 31% para 37% da população entre 2021 e 2023, totalizando cerca de 59 milhões de pessoas.
Alcançar esse número não é tarefa trivial e demanda esforços de toda a indústria de investimentos: um dos pontos principais é entender e facilitar a jornada do investidor. Navegar no mercado não é simples para os principiantes. Hoje, quando uma pessoa quer investir, há uma série de documentos complexos que devem ser lidos e compreendidos antes de a aplicação financeira ser concluída.
São materiais informativos, como prospectos e relatórios, que trazem dados essenciais sobre o investimento, mas são recheados de termos técnicos pouco usuais no dia a dia do brasileiro e que, muitas vezes, mais afastam do que aproximam as pessoas do universo dos investimentos. Pensando em simplificar essa experiência, uma das ações da Anbima para 2024 é mapear toda a documentação e pensar em formas de reorganizá-la, tornando-a menos burocrática e mais efetiva ao apresentar informações úteis e necessárias para as duas pontas.
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Manter o investidor no centro dos negócios exige um esforço contínuo de transparência na relação com os players do mercado. Em um mundo com informações por todos os lados, é essencial garantir que eles tenham todas aquelas necessárias para identificar conflitos de interesse em suas aplicações. A Resolução 179 da CVM cumpre esse papel, dando ainda mais clareza sobre a remuneração dos assessores de investimento (os antigos agentes autônomos) e todos os envolvidos da cadeia de distribuição. Essas regras entram em vigor em novembro e, por enquanto, a Anbima trabalha na padronização das informações entre diferentes produtos para que eles sejam comparáveis e de fácil entendimento do investidor.
Outra prova de que o investidor está no centro de tudo é o open investment. Trata-se da troca de informações sobre investimentos entre as instituições financeiras, sempre com consentimento do cliente. Essa novidade já está valendo e é um ganho para o cliente, uma vez que acirra a concorrência no mercado e amplia o leque de produtos e serviços disponíveis. As casas, inclusive aquelas com as quais ele não tem relacionamento, podem ofertar produtos mais personalizados, atrativos e alinhados com seu perfil.
Nessa mesma onda, a CVM lançará neste ano o open capital market. A iniciativa permitirá a portabilidade de investimentos entre as instituições sem a necessidade de efetuar o resgate, abrindo caminho para operações rápidas e trazendo ainda mais fluidez para o ambiente de negócios.
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Não posso deixar de falar do movimento do mercado de repensar seus produtos considerando o aumento da expectativa de vida dos brasileiros. As instituições estão fazendo seu trabalho e também faz parte da agenda da Anbima traçar um diagnóstico das carteiras dos planos de previdência para encontrar formas de o mercado de capitais colaborar com investimentos construídos especificamente para o horizonte de longo prazo.
O mercado no centro de tudo ficou no passado. O investidor é o combustível de uma indústria de investimentos robusta e com crescimento sustentável. Quanto mais empoderado ele estiver e mais transparentes forem as relações com as instituições financeiras, mais consistente será a evolução da economia brasileira.