Instituições não funcionam para todos: País está em marcha à ré

Presidente do Conselho de Administração da Livraria Cultura, Pedro Herz questiona política de privilégios

Um Brasil

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Com problemas econômicos e dificuldade para formar novos leitores, o Brasil assiste a sua qualidade de vida desmoronar enquanto anda em “marcha à ré”, avalia o presidente do Conselho de Administração da Livraria Cultura, Pedro Herz, sobre a situação do País em entrevista ao UM BRASIL.

Atuando em um setor que enfrenta uma crise “de dez anos ou mais”, o livreiro diz que as complicações da política brasileira fizeram a economia se separar do governo, tornando o ambiente de negócios mais hostil. Além disso, afirma que as instituições brasileiras funcionam para o benefício de determinados grupos em vez de tratar todos os cidadãos com isonomia.

“Por que alguns se aposentam de uma forma e outros, de outra?”, questiona Herz. “O sistema tributário, por exemplo, funciona apenas para o governo. Se você não pagar, eles vão na sua casa te buscar”, completa.

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Por causa de diversos privilégios em vigor no País, Herz diz que um bom presidente seria um candidato cuja plataforma política tivesse como prioridade equiparar os benefícios. “Se surgir alguém que não faça nada, mas coloque o que tem para funcionar, fará o melhor dos governos, porque não há nada mais que funcione para todos. Estamos em marche à ré”, salienta.

O presidente da Livraria Cultura também lamenta que políticos se preocupem mais em dizer que “tudo o que o antecessor fez não presta” do que se atentar às questões sociais, como a formação de jovens leitores. Segundo ele, os leitores “estão acabando” porque as pessoas não querem ouvir o que as outras têm a dizer.

“Cada vez mais as pessoas não ouvem. Elas falam compulsivamente o tempo todo. Fala-se sem parar. Mas ler é uma atividade solitária, e você precisa ficar calado para ouvir o que o outro está dizendo em uma mídia que não é oral”, explica.

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Com isso, além dos problemas de educação e segurança pública, o empreendedor se mostra desanimado com o futuro do País. “A qualidade de vida dos brasileiros está despencando, e não é de hoje, indo ladeira abaixo. Ao menos está se descobrindo que ter uma televisão nova de 60 polegadas não significa qualidade de vida, que deve ser intelectual e interior. Enquanto a qualidade de vida for projetada para ser material, acho que o nosso fim se aproxima”, reforça.

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