Economia de baixo contato é mudança irreversível, mas varejo físico não morrerá

Em entrevista ao UM BRASIL, Camila Farani, referência na indústria de venture capital, afirma que pandemia acelerou transformação digital que demoraria ao menos uma década no Brasil

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Atualmente, o mundo vive uma era de avanço da economia de baixo contato (low touch economy), impulsionada pelas empresas que tiveram de se adaptar às restrições no modo de operar. Contudo, nada substituirá o contato humano, de forma que o varejo físico não morrerá.

“Ele irá evoluir. A pandemia pegou um movimento que estava acontecendo muito fortemente na Europa e nos Estados Unidos e deu ‘saltos quânticos’ para o mundo. Isso quer dizer que as pessoas aprendem, cada vez mais, a usar o digital. É uma mudança irreversível”, afirma Camila Farani, investidora, educadora e empreendedora referência na indústria de venture capital.

Ela foi eleita uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina pela Bloomberg Línea.

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Camila pondera que o Brasil poderia demorar cerca de dez anos para alcançar esta evolução, mas a pandemia encurtou a mudança para um ano e meio.

“O que podemos extrair disso tudo é o fato de que a economia de baixo contato leva mais comodidade, conveniência e eficiência para consumidores, usuários, alunos e clientes. [A partir disso] o papel das empresas é pensar, cada vez mais, em como fazer isso por estas pessoas em qualquer lugar do mundo.”

A entrevista faz parte da série UM BRASIL e BRASA EuroLeads – um novo olhar sobre o Brasil, com apoio da Revista Problemas Brasileiros (PB) e realização da FecomercioSP.

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Outro ponto que ela analisa é se a situação econômica do Brasil tem impactado os aportes de investidores em companhias e startups nacionais. Camila pontua que, para além do cenário macroeconômico, o mercado de venture capital e de investidores-anjo segue um movimento anticíclico, conforme mapeado por 18 anos consecutivos pela indústria de capital de risco, no mundo.

Em outras palavras, este mercado não acompanha a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) de um país, de modo que os investimentos são feitos visando mais ao longo prazo e à sustentabilidade das companhias do que o momento em si.

Sobre a capacidade de as empresas lidarem com cenários adversos, Camila pondera que, quando se tem uma base muito sólida, do ponto de vista do negócio e dos fundadores – como resistir a frustrações, levantar um projeto, mover uma equipe e gerir talentos –, isso faz com que períodos de crises sejam superados, já que elas são cíclicas.

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“Se o empreendedor ‘raiz’ sabe que sempre passará por estes momentos, com impasses mais ou menos profundos, e está acostumado a uma série de variações e de vulnerabilidades o tempo todo, ele fica menos suscetível dos pontos de vista técnico e emocional”, conclui.

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