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O Brasil, assim como os países que mais se desenvolveram no século 20, ignorou a possibilidade de escassez dos recursos naturais e os impactos do método tradicional de crescimento econômico sobre o meio ambiente. As consequências disso, manifestadas na questão climática, já não podem ser negligenciadas.
Para o diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem, empresa brasileira do ramo petroquímico, Jorge Soto, uma correção de rumo, mais do que necessária, é possível – desde que se adote a chamada “economia circular”.
Em entrevista ao UM BRASIL, em parceria com a revista Problemas Brasileiros (PB), ambos realizações da FecomercioSP, Soto explica que a economia circular se trata de um “sistema para facilitar o uso eficiente dos recursos naturais”. Na prática, consiste em criar cadeias de produção fundamentadas na reciclagem e na reutilização de recursos previamente empregados em outras atividades.
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“O Brasil e os demais países seguiram um modelo de desenvolvimento que não olhou muito para a disponibilidade de recursos. Agora, estamos percebendo as consequências. Daí vem a conexão da economia circular com as mudanças climáticas”, reitera Soto.
Engenheiro químico e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Soto salienta que o caminho para uma sociedade mais sustentável deve ser pavimentado pela inovação e pela mudança do comportamento do consumidor. Todavia, este processo traz custos que precisam ser assumidos.
“Todo produto novo, que surge de processos de inovação e desenvolvimento tecnológico, no início, é mais caro. Mas, de acordo com a expectativa histórica de todos os processos de mercado, com o crescimento da escala, ele vai reduzindo o custo”, pondera.
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“Aí vem um papel muito importante dos consumidores, principalmente daqueles que têm mais condições de tomar uma decisão com base nas questões de sustentabilidade, de não olhar apenas para o preço”, complementa.
O diretor da Braskem ressalta que, na atualidade, modelos de produção mais sustentáveis não estão mais restritos às grandes empresas.
“Queria dar destaque a uma questão – e talvez seja um paradigma – de que a mudança é sempre puxada pelas grandes empresas. Eu diria que as pequenas e as startups estão trazendo grandes novidades para a nossa sociedade”, indica.
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Soto também enfatiza que as empresas que optarem por seguir modelos intensivos em gases poluentes tendem a perder participação no mercado com o tempo, em razão do encarecimento dos produtos e serviços.
“Quem paga pelos impactos das mudanças climáticas? A sociedade como um todo. Então, é necessária uma precificação disso, que já começa a acontecer: 22% das emissões de gases do efeito estufa, hoje, já têm algum sistema de precificação. Isso significa que quanto maior a emissão, mais caro fica o produto”, pontua.