Publicidade
Além de tirar a economia do atoleiro, as diversas reformas prospectadas para o Brasil têm o objetivo de “curar” uma enfermidade. “Hoje, o País está acometido de uma espécie de doença, que é a combinação de uma ‘anemia’ de produtividade com uma ‘obesidade’ do setor público”, explica o diretor-executivo do Banco Mundial, Otaviano Canuto.
Em entrevista ao UM BRASIL, realizada em parceria com o Centro de Liderança Pública (CLP), Canuto salienta que a reforma fiscal é a mais importante, mas a pauta não deve impedir o prosseguimento de outras que também contribuiriam para o desenvolvimento e a estabilidade, como uma agenda microeconômica que simplificasse a burocracia e aperfeiçoasse o ambiente de negócios. Avanços nesse campo podem melhorar a produtividade da economia brasileira, estagnada há anos.
“Faz três décadas, particularmente as duas últimas, em que a produtividade não cresce ou cresce muito pouco, enquanto o resto do mundo está indo muito bem. O que a gente viu de aumento de produtividade no novo milênio foi muito mais em decorrência da incorporação de pessoas no mercado de trabalho do que de eficiência no uso de recursos. A questão é que, com o envelhecimento da população, essa fonte acabou. Então, mais do que nunca, precisamos de aumentos de produtividade”, reforça.
Continua depois da publicidade
O diretor-executivo do Banco Mundial comenta que abrir mais a economia brasileira ao comércio exterior facilitaria o acesso a tecnologias de primeira linha.
“O Brasil é mais fechado comercialmente do que qualquer outra economia do mundo comparável, não só em termos de tarifas, mas também de barreiras não tarifárias. Isso significa dizer que, a título de proteger e sustentar estruturas que não são viáveis aqui dentro, o País deixa de ter acesso a tecnologias e componentes melhores disponíveis lá fora. Se fosse mais aberto comercialmente, poderia ser menos completo nas cadeias produtivas industriais, mas o que aqui fosse produzido seria feito com qualidade e preços melhores”, assegura.
Canuto ressalta que a implantação de um teto para os gastos públicos foi um passo para solucionar o problema fiscal brasileiro. O processo, no entanto, não está concluído, uma vez que, sem a Reforma da Previdência, a “camisa de força” das contas públicas não vai conseguir “segurar o paciente”.
Continua depois da publicidade
“Todo ano, não importa quem governe, o gasto público no Brasil cresce em termos reais ao ritmo de 6% ao ano”, pontua. “Então, o que importa é manter uma trajetória de recuperação do saldo primário gradualmente. Se fizermos isso, conseguimos finalmente diminuir esse espaço que o rentista tem de ganhar dinheiro com a dívida pública, e os juros de longa prazo começam a cair. O pessoal vai se perguntar onde que pode ganhar dinheiro. A resposta é no sistema produtivo”, conclui.
A entrevista faz parte da série “Brasil, ponto de partida?”, produzida com base no estudo Visão Brasil 2030, que traça um diagnóstico detalhado da situação atual do País e das aspirações coletadas ao longo da construção do trabalho, com o objetivo de estabelecer uma estratégia de longo prazo para que o Brasil se torne uma nação desenvolvida.
Quer investir com corretagem ZERO na Bolsa? Clique aqui e abra agora sua conta na Clear!