Bolsonaro precisa se convencer do potencial da agenda liberal, diz Christian Lohbauer

Cientista político e ex-candidato à presidência pelo Novo, Christian Lohbauer afirma que governo ainda tem impulsos desenvolvimentistas, mas País precisa combater peso "mastodôntico" do Estado

Um Brasil

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Passados quatro meses do mandato do presidente Jair Bolsonaro, a economia, contrariando as expectativas, ainda engatinha. Apesar das instabilidades geradas dentro do próprio Poder Executivo e do pouco que foi efetivamente feito até agora, ainda é cedo para “arruinar” o governo, de acordo com o cientista política e ex-candidato a vice-presidente pelo Partido Novo na eleição de 2018, Christian Lohbauer.

“Olhando de fora, que é o exercício que temos que fazer, todo mundo está muito aflito, porque foram gastos cem dias ou mais de uma maneira que não deveria ter ocorrido, poderia ter sido mais bem aproveitado”, afirma, em entrevista ao UM BRASIL em parceria com o InfoMoney. “Acho que esse governo é o que a sociedade tinha disponível para derrotar um modelo que tivemos durante 16 anos. Temos de olhar na perspectiva histórica. Então, não me surpreende que seja um governo com tanta dificuldade”, completa.

Lohbauer avalia que, no Planalto, ainda há ruído sobre o direcionamento da política econômica que deve ditar os rumos do País, o que atrapalha o encaminhamento de propostas de desburocratização, redução do Estado e liberdade econômica.

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“O governo tem dentro dele ainda um pouco daquilo que é o Brasil desenvolvimentista”, analisa. “Ele [Bolsonaro] vai ter de se convencer de que a única saída para o Brasil retomar a rota do desenvolvimento é desmontar esse intervencionismo e esse peso mastodôntico que o Estado tem na vida das pessoas e das empresas.”

Para o cientista político, a Reforma da Previdência, a pauta mais aguardada no início do governo Bolsonaro, ficou para o segundo semestre, “o que é muito preocupante, mas não é o fim dos tempos”. Contudo, afirma que o presidente precisa corrigir alguns comportamentos que se espera de um chefe de Estado e que não pode titubear em relação à condução da economia.

“Se não tem expectativa de que vai ter mudança estrutural, não vai acontecer [investimento]. Isso é o que é mais aflitivo. Vou lhe dizer: o Brasil não aguenta dois anos de conversa mole. Não aguenta, não dá, porque a arrecadação cai, o desemprego aumenta, a competitividade cai a cada ano que passa. Então, é uma complicação de fatores que vai se acumulando – sem contar as reformas que, se não acontecerem, não quero nem pensar”, alerta.

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Como o novo governo causa um choque em relação aos 16 anos em que o PT esteve à frente do Planalto, Lohbauer pondera que não se devia esperar uma alteração brusca na condução do País. Mas, segundo ele, a mudança não pode esperar.

“Temos de dar esse desconto de paciência [por] mais alguns meses, mas não pode continuar do jeito que está. Afirmações do presidente da República, que é uma instituição, que continua fazendo intervenções pequenas e confusas que têm um efeito de mercado imediato, isso é um desastre. Isso tem de ser rapidamente corrigido. Ele deve ouvir algumas pessoas – acho que o ministro Paulo Guedes é uma delas – e acho que ele vai conseguir aos poucos se adaptar, porque, se não se adaptar, nós vamos viver essa incerteza permanente, e o País não aguenta”, destaca.

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