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Diante dos indícios de agravamento do ambiente econômico global e do aumento da crise de segurança alimentar no mundo, há um risco crescente de que vários países passem a adotar ainda mais restrições ao comércio exterior e às exportações mundiais.
“As nações passam a se proteger e começam a caminhar em um sentido inverso a todo aquele movimento de união, de livre fluxo e de aberturas econômica e comercial. Isso é um reflexo das diversas crises que estão acontecendo em cadeia. Eu vejo [que está] ocorrendo uma reestruturação da ordem econômica internacional”, afirma Luciana Maria de Oliveira, advogada associada sênior do Cescon Barrieu nas áreas de Comércio Internacional e Comércio Exterior.
“Os países começam a reformular as economias e se fecham para as cadeias globais de valor, muitas vezes sobretaxando [o setor produtivo] em impostos e criando políticas que acabam prejudicando [a economia]. Os conflitos localizados, que não são tão localizados assim, geram reflexos imediatos no mundo todo, fazendo com que nações utilizem determinados parâmetros que não eram usados há muitas décadas, como a questão da autossuficiência”, ressalta.
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Em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, Luciana fala sobre as tensões nos mercados internacionais em decorrência da pandemia e da guerra na Ucrânia, além do posicionamento brasileiro em negociações internacionais e do futuro da globalização.
Para a doutora em Direito Internacional, em que pesem todos os problemas e dificuldades estruturais do Brasil, o País tem a vantagem de ser o terceiro maior exportador agrícola do mundo, de forma que terá grandes oportunidades comerciais – por meio do aumento de preços das commodities – se souber reestruturar a cadeia de suprimentos e não ser demasiadamente dependente de outros países em detrimento da própria produção nacional, bem como se conseguir diversificar ainda mais os fornecedores para bens como fertilizantes.
“É importante que o Brasil não se filie aos movimentos de fechamento, de imposição de barreiras às exportações e de busca pela autossuficiência, de forma a não deixar de ser competitivo e de investir em seu mercado. Atualmente, o Brasil ainda é muito fechado para as cadeias de produção e de valor, então, precisa se abrir mais e buscar contratos que beneficiem os investimentos internacionais”, esclarece.
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Ela também pondera que os fatores ambiental e sustentável serão fundamentais no processo de reformulação do comércio global.
“Hoje, há uma grande necessidade na Europa de investir em energia limpa; a Alemanha tem uma forte dependência do gás natural da Rússia; a Ucrânia e a Rússia exportam 25% do petróleo para o continente. Agora, os países começam a pensar a questão da dependência. Não é mais possível, diante das atuais circunstâncias, depender tanto de determinados fornecedores em setores tão estratégicos”, conclui.