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Minhas observações sobre as várias razões que atraem um número cada vez maior de pessoas para o mercado financeiro são as seguintes: qualidade de vida para si e para a família, grandes ganhos financeiros, liberdade geográfica, habilidades para gerenciar os próprios recursos financeiros, reconhecimento e status. Os dois últimos nem sempre são expressos devido ao medo de julgamento social.
Um bom gestor de uma empresa conceituada certa vez disse ter começado sua carreira no mercado financeiro porque sentia a “obrigação” de cuidar do patrimônio da família. Sentia-se o mais preparado entre todos, percepção essa reconhecida pelos próprios familiares devido a seu histórico profissional: um profissional competente e de destaque na empresa, onde formou diversos líderes que trouxeram resultados para os setores aos quais foram encaminhados. Agora aposentado, ele temia, envergonhado, a possibilidade de a família descobrir que o patrimônio que lhe foi delegado estava praticamente esgotado.
De outra perspectiva, uma funcionária concursada, bem remunerada e relativamente com tempo livre durante seu trabalho, tinha como objetivo no mercado financeiro aumentar seu patrimônio. Esse objetivo estava se tornando cada vez mais distante, pois as perdas de suas negociações excediam suas reservas.
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Observe que nos exemplos acima, os operadores possuíam alto potencial para desfrutar de qualidade de vida com a família, possuíam recursos financeiros consideráveis e desfrutavam de reconhecimento e status. No entanto, outros em situações totalmente diferentes poderiam se questionar sobre as razões verdadeiras que levaram essas pessoas a comprometer sua felicidade e paz, buscando no mercado financeiro algo que já possuíam.
Isso ocorre porque os verdadeiros motivos que guiam as escolhas são ocultos; em outras palavras, as escolhas podem ser adequadas, mas a motivação geralmente é escondida.
Para uma melhor compreensão, apresento de forma básica e esclarecedora o conceito de motivação na psicologia: a motivação é o que explica por que as pessoas continuam ou interrompem determinados comportamentos em momentos específicos. O estado mental que proporciona motivação é o desejo, mas vários outros estados, como crenças sobre o que se deve fazer ou intenções, também podem fornecer motivação.
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Dado o exposto, nos dois casos, os operadores tinham razões relevantes e dignas para atuarem como negociadores no mercado. No entanto, o autoconhecimento os levou a descobrir o que os mantinha envolvidos no mercado, levando-os a desrespeitar suas próprias estratégias e a destruir o patrimônio familiar.
A aposentadoria pode fazer um indivíduo sentir-se inútil e desacreditado. Aqueles que não investiram todo o seu valor na carreira que seguiram conseguem dar um novo significado a essa nova fase da vida, buscando novos propósitos e ocupações para viver a próxima etapa com mais saúde emocional. Isso não aconteceu no primeiro caso, em que a busca por reconhecimento que ele tinha no emprego anterior, que representava a essência de sua existência, o levou a se envolver excessivamente no day-trade.
No segundo exemplo, a condição de trabalho do nosso operador o deixou ocioso diariamente, tornando-o cada vez mais entediado e insatisfeito com sua própria existência. Isso mudou quando ele descobriu o par de moedas americano.
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Em resumo, o objetivo deste breve relato é promover a reflexão sobre as perdas financeiras sérias que estão destruindo famílias e patrimônios cada vez mais. Perceba que, para evitar cair em armadilhas, cada operador deve ser capaz de responder, para si mesmo, à seguinte pergunta: “Por que quero ser trader/negociador no mercado financeiro?”
Ao responder clara e objetivamente a essa pergunta, o próximo passo é traçar planos que levem ao alcance da (ou das) respostas fornecidas àquela pergunta.
Lembre-se de que as perdas que ocorrem fora do planejamento não são acidentais nem ocorrem por perseguição, e não devem ser justificadas por razões (descritas no primeiro parágrafo) que ocultam as verdadeiras motivações.