Vale a pena comprar Magazine Luiza após a oferta de ações? Confira a análise

Após um período turbulento em meio a oferta de ações, analistas se voltam para perspectivas para a empresa vencedora na bolsa 

Lara Rizério

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

(Divulgação)
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SÃO PAULO – Não é de hoje que este blog “O Investidor de Sucesso” enxerga boas oportunidades com as ações do Magazine Luiza (MGLU3). Em 2017, a empresa foi alvo de 4 recomendações na Carteira InfoMoney, todas com resultado positivo e ganhos entre 7% e 15%. Na última indicação, feita em 12 de setembro, os papéis MGLU3 chegaram a subir 15% em apenas 3 dias (veja a recomendação clicando aqui).

Após termos ficado um período restrito de emitir opinião sobre a companhia por normas regulatórias do compliance (como em qualquer instituição financeira, o analista não pode emitir opiniões sobre empresas que estão realizando algum tipo de negócio com a mesma instituição), o Magazine Luiza saiu da lista do compliance, o que nos permite a voltar a falar dela. E precisamos (antes tarde do que nunca) compartilhar nossas impressões sobre o resultado da oferta bilionária de ações feita pela empresa.

Após uma forte turbulência em setembro, a oferta do Magazine foi precificada na noite de quarta-feira passada (27) a R$ 65,00 por ação. Naquele pregão, MGLU3 acumulava 17,7% de queda nos últimos 8 pregões, fechando a R$ 68,31, pressionado justamente pelos “efeitos negativos” que uma oferta de ações traz ao mercado – de maneira resumida: pelo simples fato do preço de venda das ações na oferta ser algo próximo do que elas valem no mercado, os próprios investidores buscam “pressionar” o papel para baixo para que a oferta saia por valores mais interessantes.

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A questão é que, apesar deste “efeito negativo”, a capitalização trouxe saldos muito satisfatórios. O primeiro está na própria demanda da operação, com as ordens de compra superando em 1,8 vez a quantidade das vendas – na prática: o investidor que queria encarteirar  R$ 1 milhão de MGLU3 na oferta acabou levando apenas cerca de R$ 600 mil -, o que poderia levar estes grandes investidores a buscarem via bolsa comprar mais ações da empresa, com o intuito de atingir a participação almejada. O Magazine Luiza captou R$ 1,14 bilhão com a oferta, no âmbito da oferta primária e secundária de 24 milhões de ações ON, sendo 17,6 milhões de novas ações e 6,4 milhões de acionistas. 

Um outro detalhe extremamente importante sobre a oferta e que não fica explícito aos que olham apenas para os números: diversos fundos estrangeiros voltados ao setor de tecnologia passaram a ser acionistas da companhia, com mais de 40% da demanda vindo dos investidores internacionais. Com esses “fundos techs” voltando os seus olhos para os papéis, a empresa cada vez mais passará a ser reconhecida e avaliada no mercado como uma “tech”, e não como uma varejista – um sonho antigo do CEO (Chief Executive Officer) da companhia, Frederico Trajano, e um ponto que já comentamos aqui neste blog (leia mais aqui). 

Tamanho sucesso com a capitalização se reflete nos papéis da companhia, que voltaram a flertar com os R$ 80,00 registrados logo após o desdobramento das ações. Com esta etapa concluída, os analistas que acompanham o papel passam a avaliar quais outras transformações a companhia poderá fazer em suas atividades após a verdadeira revolução que ela atravessou no último biênio – e que levou a uma alta acumulada de 8.000%  das ações desde dezembro de 2015. O Magazine Luiza já conseguiu provar que sua transformação de varejista física para uma empresa forte em e-commerce e em “market place” (venda de terceiros dentro do seu ambiente online) deu muito certo, tendo como prova seus resultados operacionais excelentes – principalmente se comparados com o restante do setor. Com a capitalização via oferta de ações, ela também poderá crescer não apenas de forma orgânica, mas também via Fusões & Aquisições, além de progredir com o seu modelo já bem sucedido.

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No próprio comunicado sobre a capitalização, a empresa destacou o que faria com os recursos: “(i) investimentos em ativos de longo prazo, incluindo (a) melhoria e expansão da malha logística, (b) tecnologia e desenvolvimento da plataforma digital, (c) transformação das lojas existentes em pontos de venda e centros de distribuição (“shoppable distribution centers”), (d) inauguração de lojas novas, e (e) aquisição de empresas de tecnologia com atuação no segmento digital (destaco este ponto por conta da contratação do ex-diretor do Google para tocar esta frente – leia mais clicando aqui); e (ii) otimização da estrutura de capital da Companhia, incluindo pagamento de dívidas de curto prazo”.

Em relatório divulgado na última segunda-feira (2), o Bank of America Merrill Lynch espera que a companhia deverá sofisticar sua infraestrutura para permitir o crescimento da sua base de vendedores no marketplace,  além de alavancar a sua logística e sua rede de lojas, de forma a melhorar a fidelidade dos consumidores e aumentar (ainda mais) a sua diferença ante os seus pares. Assim, a capitalização poderá proporcionar o aperfeiçoamento ainda maior do chamado “omnichannel” (convergência de todos os canais utilizados por uma empresa, com a integração das lojas físicas, virtuais e o comprador no universo online), um dos grandes trunfos da empresa.

Os analistas do banco americano mantiveram a recomendação de compra para os ativos MGLU3, elevando o preço-alvo de R$ 70 para R$ 90 (potencial de valorização de 15,5% em relação ao último fechamento). “Acreditamos em melhorias capazes de permitir um período de crescimento rápido e sustentado e um reconhecimento maior das nuances do modelo da companhia para contribuir para uma nova reclassificação das ações”, avalia o BofA. Vale destacar que as ações de outras empresas do setor estão tendo um forte desempenho nesta semana, também sendo alvo de recomendações: na véspera, a B2W (BTOW3) foi recomendada pelo BTG Pactual, com ganhos de 15% em duas sessões e no maior patamar desde junho de 2015 (veja mais aqui), enquanto a Via Varejo (VVAR11) teve a recomendação elevada pelo Itaú BBA e avança quase 5% nesta sessão. 

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O que fazer?

Infelizmente, a ação do Magazine Luiza deixou a lista do compliance apenas nesta terça-feira, quatro dias depois que a Carteira InfoMoney foi disponibilizada ao grupo de alunos do curso “Como Montar uma Carteira de Ações Vencedora” (quer fazer parte do grupo e receber a carteira antes? Clique aqui. O analista responsável pela carteira e editor-chefe do InfoMoney, Thiago Salomão, disse que, embora nada o impeça de fazer mudanças na Carteira ao longo do mês, prefere dar um “voto de confiança” para as ações que entraram na carteira neste momento, aguardando uma das duas situações: i) uma queda nas ações MGLU3 (que abriria um ponto de entrada mais interessante); ou ii) uma forte alta das ações recomendadas para outubro, o que possibilitaria uma retiradas com bons lucros. 

Sobre a Carteira InfoMoney: ela será apresentada ao público nesta quarta-feira (4) AO VIVO às 14h45 (horário de Brasília) na InfoMoneyTV, sendo disponibilizada horas antes da transmissão. Aos que desejam ter acesso à Carteira InfoMoney com antecedência, basta fazer parte do grupo de alunos do curso “Como Montar uma Carteira de Ações Vencedora”. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.