Não se assuste com a forte queda desde o balanço: a ação da Fleury está ainda mais atrativa após sell-off

Analistas apontam que, apesar do pessimismo do mercado apresentado desde o balanço, a companhia segue resiliente e não há mudanças estruturais no case da empresa de diagnósticos

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Uma queda de 14% desde o pico observado em 23 de outubro, enquanto o Ibovespa caiu 3,4% no mesmo período. O que explica a queda recente da Fleury (FLRY3) que, apesar de tudo, segue em uma forte alta de 54% no ano?

O movimento de baixa da ação da empresa de medicina diagnóstica coincide com o resultado do terceiro trimestre de 2017, em que a companhia registrou bons números para o período, mas com alguns pontos de preocupação. O destaque ficou para a desaceleração das vendas das mesmas lojas (de alta de 4% no terceiro trimestre de 2017 versus alta de 9% no segundo trimestre), o que coincide com a abertura de duas grandes unidades, sugerindo alguma canibalização. 

Contudo, há quem avalie que essa correção deste então é exagerada, como é o caso do Bank of America Merrill Lynch, que reitera recomendação de compra para os ativos. “Nós recentemente estivemos com o CEO (Chief Executive Officer) da Fleury e saímos com uma visão positiva sobre o desenvolvimento da estratégia de longo prazo e implicações para o crescimento e retornos”, afirmam os analistas do banco, Roberto Otero e Gustavo Holzheim.  

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Segundo o CEO (Chief Executive Officer), Carlos Marinelli, a “canibalização” em si não é significativa. E, em alguns casos, ela é até mesmo intencional, uma vez que a companhia está remodelando suas antigas unidades e levando os clientes para novas unidades. 

Neste sentido, os analistas do Itaú BBA apontam: há uma evidência empírica de que a Fleury vem ganhando espaço no mercado nos últimos anos. “De acordo com os nossos cálculos, a marca da Fleury tem crescido consistentemente nos últimos quatro anos”, apontam os analistas Thiago Macruz, Marco Calvi e Ruben Couto.  

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Fleury ou Hermes Pardini?

Alguns analistas, como os do Itaú BBA e do Bradesco BBI, revisaram os seus números para baixo. Entre os motivos para isso, está a redução na “fatia premium” em São Paulo, o que provavelmente levará a uma redução nas estimativas para a divisão de PSC (unidades de atendimento a clientes). 

As revisões de ambas as casas para as estimativas da companhia foram para baixo. Porém, a perspectiva sobre o desempenho dos papéis difere. Para o Bradesco BBI, a queda recente das ações é exagerada, uma vez que os analistas não veem problemas de execução ou mudanças nas condições estruturais do mercado.

“Depois de revisar de perto o caso, concluímos que a execução continua se mostrando sólida e esperamos crescimento da receita na faixa de dois dígitos, bem como expansão da margem em 2018-2019”, afirmam os analistas. Contudo, apesar do valuation mais atrativo, eles seguem preferindo a Hermes Pardini (PARD3), uma vez que a avaliação é de que esta companhia deve apresentar maior crescimento e direcionadores mais fortes. 

Por outro lado, os analistas do Itaú BBA, Thiago Macruz, Marco Calvi e Ruben Couto apontam que a Fleury está sendo negociada a um desconto com relação a Hermes Pardini e, assim, seguem com uma recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado), apesar de ter rolado o preço justo de R$ 33 em 2017 para R$ 32,40 em 2018.

Na mesma linha, o JPMorgan aponta que segue construtivo com a Fleury e mantém recomendação equivalente à compra para os papéis, enquanto reduziu a recomendação para a Hermes Pardini para neutra de olho no valuation da empresa. Afinal, desde o IPO (Inicial Public Offering) em fevereiro, as ações PARD3 subiram 59%, superando o Ibovespa em 51% e em 38% a Fleury. 

Na avaliação dos analistas do JPMorgan, o crescimento do mercado deve seguir resiliente, apoiado pelo envelhecimento da população e foco crescente na medicina preventiva, com potenciais ventos favoráveis com o aumento de planos de saúde e melhora no mercado de trabalho com a redução do desemprego. 

Na mesma linha, o analista da XP Investimentos, Gustavo Cruz, destacou perspectivas positivas para a Fleury, também destacando a mais recente aquisição que ela fez no mercado, a do grupo Serdil, em setembro, uma companhia tradicional do segmento de medicina diagnóstica em exames de imagem na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. 

“A companhia deve se aproveitar da recuperação da economia, em meio à avaliação de que um dos piores problemas que o brasileiro vê é o da saúde pública. Dada melhora na renda, a população vai buscar um serviço melhor, inclusive ou prioritariamente para a saúde. Assim, a empresa deve performar bem no ano que vem”, afirma Cruz.

E, no curto prazo, há três pontos principais para se atentar: i) expansão da abertura de unidades, em meio a um cenário em que a divisão de PSC (unidades de atendimento a clientes) ainda é bastante fragmentada com diversos pequenos players; ii) cenário para fusões e aquisições, que deve ser um vetor importante de crescimento no Brasil e proporcionar a entrada em novas regiões e iii) negociações sobre aumento de preços em um cenário de menor inflação. 

Assim, de um modo geral, a avaliação é de que a queda da ação FLRY foi exagerada. Neste sentido, o BofA e o JPMorgan foram enfáticos ao destacar: a recente fraqueza do papel é uma boa oportunidade de entrada. “Nós acreditamos que a Fleury é uma história de crescimento doméstico de alta qualidade e resiliente. Em meio a um cenário de aumento da volatilidade do mercado em 2018 (com eleições e agenda de reformas), vemos a Fleury como um nome resiliente em um ponto de entrada ainda mais atraente após seu recente sell-off. Compre a ação”, apontam os analistas do BofA, avaliando que ela está ainda mais atrativa após a recente queda dos ativos. 

Para o banco americano, uma “menor euforia” não significa resultados menos sólidos e a companhia seguirá performando bem no próximo ano. Com todo esse cenário no radar, a ação FLRY3 entrou na Carteira InfoMoney de dezembro (para conferir o portfólio completo, clique aqui), tendo como um outro vetor positivo a expectativa de entrada no Ibovespa: o papel entrou na primeira prévia do índice que vigorará entre janeiro e abril do ano que vem. Após um fim de ano pouco animador para a Fleury, ela pode mostrar que segue com o seu case resiliente em 2018. 

 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.