Desanimado com Petrobras? Calma, três grandes “gatilhos” agitarão a estatal em dezembro

Desinvestimentos, desenrolar da cessão onerosa e revisão do plano de negócios devem guiar o último mês do ano para a companhia

Lara Rizério

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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SÃO PAULO – Os últimos trinta dias não foram animadores para a Petrobras (PETR3;PETR4). Enquanto o Ibovespa está próximo à estabilidade nos últimos trinta pregões, as ações da Petrobras sofrem na bolsa, com perdas de 13% no mesmo período (tanto para os papéis ON quanto para os papéis PN). 

Contudo, o desânimo, principalmente por conta das oscilações do preço do petróleo, deve dar lugar a alguns eventos que podem servir como catalisadores para a ação da companhia em dezembro (e guiar um ano positivo para a companhia após o desempenho tímido de 2017). 

São três os “triggers” para as ações PN da estatal para o último mês de 2017, conforme destaca o Bradesco BBI, que mantém recomendação de compra para os ativos, com preço-alvo de R$ 20 – o que configura um potencial de 30% em relação ao fechamento de terça-feira (5). A ação também segue na Carteira InfoMoney do mês de dezembro, com participação de 11,4% (para ver o portfólio completo, clique aqui). 

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Confira os gatilhos para a Petrobras destacados pelo Bradesco BBI abaixo:

1) Desinvestimentos: a Petrobras receberá nesta semana propostas não-vinculantes para os gasodutos do Norte e do Nordeste, com a compra da NTN (Nova Transportadora do Nordeste) que, segundo o Valor Econômico apontou, pode render um montante de US$ 5 bilhões para a companhia. 

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Há quatro grupos interessados, segundo a publicação: o Mubadala, companhia de investimento do fundo soberano de Abu Dhabi; a geradora de energia franco-belga Engie, a gestora brasileira de fundos Pátria; e a australiana Macquarie. Em uma parceria considerada provável para a compra do gasoduto, a Mubadala pode unir-se à EIG Global Energy Partners. 

“Apesar do atraso nos desinvestimentos em 2017 em meio ao processo no TCU (Tribunal de Contas da União) sobre a venda de ativos, nós acreditamos que a Petrobras possa anunciar nesse mês a venda de campos maduros e em águas rasas também, entregando juntamente com o IPO da BR Distribuidora e a venda da NTN, todos os ativos esperados para venda no ano”, avalia a equipe de análise. 

2) Cessão Onerosa: em breve, um outro grande evento esperado para a companhia deve acontecer. A Petrobras deve divulgar sua estimativa de volume para o excedente da cessão onerosa, para o qual a ANP ( Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) já havia anunciado estimativa de 6 a 15 bilhões de barris de  petróleo equivalente.  As reservas estimados são adicionais aos 5 bilhões de barris que a Petrobras tem o direito de explorar na área da cessão onerosa.

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Com isso as negociações para o ajuste da cessão onerosa seriam iniciadas. “Embora não tenhamos expectativa de que as negociações sejam concluídas ainda neste ano, o início dos entendimentos será um importante indicador para o mercado de que esse catalisador está, de fato, se materializando e de que uma resolução positiva aconteceria no início do ano que vem”, apontam os analistas do Bradesco BBI.

Eles estimam que a Petrobras possa receber 1,4 bilhão de barris de petróleo equivalente como ajuste de cessão onerosa, equivalente a US$ 8 bilhões, o que seria monetizado através do leilão da cessão onerosa no primeiro semestre de 2018. “Nós já incluímos esse valor em nosso modelo”, afirmam os analistas.

A Transferência de Direitos ocorre em meio ao debate sobre o regime de cessão onerosa, que foi criado em 2010 – quando o governo concedeu à Petrobras o direito de explorar 5 bilhões de barris de petróleo em campos do pré-sal, como parte da operação de capitalização da estatal realizada em 2010. Naquele ano, a Petrobras levantou US$ 69 bilhões, enquanto o governo recebeu um valor de US$ 42,5 bilhões em ações da companhia. Agora, o contrato está sendo reavaliado e a estatal poderia receber do governo um valor bilionário como compensação pela queda da cotação do petróleo desde a assinatura do acordo. Porém, o governo deve “pagar a dívida” com a companhia através da transferência de campos adicionais para a empresa e permissão para que ela venda os barris obtidos.

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3) Revisão de plano de negócios: conforme informado pelo CEO da Petrobras, Pedro Parente, a estatal deve divulgar uma atualização do seus plano de negócios ainda este mês. Além de divulgar suas metas de produção e programas para aumentar eficiência, mais detalhes sobre os “gatilhos” destacados acima, como cessão onerosa e desinvestimentos, são esperados, representando mais um bom motivo para ficar de olho nos próximos anúncios da empresa. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.