Como Trump pode impulsionar ainda mais uma ação que já dispara na bolsa em 2018

O noticiário pode ajudar ainda mais a impulsionar a Gerdau na bolsa que, ao lado da CSN e Usiminas, é destaque de ganhos no ano no Ibovespa

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Recuperação econômica brasileira e cenário de menor aversão ao risco dos mercados com boas notícias ao redor do mundo têm guiado um desempenho bastante positivo para as siderúrgicas nesse começo de ano. Apenas nesse mês de janeiro, as ações da CSN (CSNA3) já subiram 32%, enquanto Usiminas (USIM5) avançou 22% e Gerdau (GGBR4) teve ganhos de 21%. 

Contudo, além desses fatores, uma outra notícia que estava desde o primeiro semestre do ano passado no radar do mercado, mas “adormecida” nos últimos meses, voltou à tona – com potencial para impulsionar principalmente a Gerdau e, em segundo lugar, a Usiminas. 

Nesta sexta-feira, a agência de notícias SteelBB, especializada no setor siderúrgico, informou que o Departamento de Comércio dos EUA submeteu ao presidente dos EUA, Donald Trump, as alegações finais sobre a Seção 232 (que trata dos riscos à segurança representados pelas importações de aço), investigação essa que teve início em abril passado. Agora, Trump tem 90 dias para decidir se ele tomará medidas.

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O atual governo americano estuda a revisão das importações de aço em meio à suspeita de que as importações das commodities possam estar prejudicando seus interesses. Em caso de uma decisão protecionista, o governo poderá impor elevadas taxas alfandegárias; com uma grande operação nos EUA, a Gerdau pode ser uma beneficiária deste movimento.  

Em apresentação no ano passado, o então presidente da Gerdau (e agora pertencente ao Conselho) André Gerdau Johannpeter, afirmou esperar que, como produtora norte-americana, a siderurgia desfrute dos benefícios da investigação da Seção 232 e as possíveis medidas subsequentes para combater o comércio desleal.   

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A visão foi corroborada pelo Bradesco BBI na época. Em relatório, destacou que a empresa se beneficiaria tanto em termos de preços quanto de volumes. O spread de metal norte-americano se expandiria entre US$ 50 a tonelada e US$ 100 a tonelada, com a Gerdau também ganhando participação de mercado das importações, apontaram os analistas. 

Já nessa sexta-feira, em nota a clientes, o analista do Itaú BBA Daniel Sasson apontou que o cenário de maior definição é potencialmente positivo para a Gerdau.

“Acreditamos que as ações relacionadas à indústria siderúrgica dos EUA (incluindo a Gerdau) podem ganhar algum fôlego se os investidores se posicionarem para o ‘evento'”, apontou. Isso porque, desde abril do ano passado, quando a investigação começou, houve muita incerteza em relação ao cronograma para uma decisão final sobre o assunto, algo que agora parece mais claro.

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“Observamos que as importações representam cerca de 25% do consumo de aço longo nos EUA, e os participantes do mercado reclamaram por muito tempo da concorrência desleal com as importações”, finaliza o Itaú BBA.

Fatores positivos

Esse cenário se soma às últimas estimativas já positivas para as siderúrgicas. Tanto que, na última quinta-feira, o BTG Pactual revisou para cima as suas estimativas para o setor siderúrgico, elevando a recomendação para as ações da CSN de venda para neutro, assim como preço-alvo para os próximos 12 meses de R$ 7,50 para R$ 11,00, além de elevarem os papéis da Usiminas de neutro para compra, com alvo em R$ 14,00. Por fim, o banco reiterou a compra para as ações da principal beneficiária com a medida de Trump, Gerdau elevando o preço-alvo de R$ 15,00 para R$ 18,00. 

De acordo com os analistas, as preocupações quanto uma redução da demanda por aço chinês foram mitigadas por conta dos estoques de aço do gigante asiático, que, segundo o banco de investimento, estão na mínima em anos e comprova o forte interesse do maior consumidor mundial do produto. Somado ao mercado aquecido, os insumos (minério de ferro e carvão) seguem em alta, em uma combinação que deve continuar impulsionando os preços de aço no curto prazo, apontam os analistas. Do ponto de vista estrutural, também há espaço para mais otimismo em relação ao setor, com a China reduzindo o excesso de capacidade de aço, além do recente aumento de preço anunciado pelas siderúrgicas brasileiras para o setor automobilístico.

Com relação as estimativas de resultados, os analistas elevaram em 12% a projeção de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da CSN em 2018, enquanto para Usiminas e Gerdau as expectativas aumentaram em 18% e 7%, respectivamente. 

Assim, o cenário que se aponta é positivo para as siderúrgicas, com os analistas de mercado mostrando maior divergência apenas sobre qual é a preferida. O Bank of America Merrill Lynch, por exemplo, revisou a sua recomendação para o setor e elevou CSN para compra, sendo esta a mesma recomendação para a Gerdau, mas aponta a Usiminas como a top pick. A Usiminas, aliás, segue na Carteira InfoMoney de janeiro. Confira o portfólio completo clicando aqui. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.