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SÃO PAULO – Dois meses atrás, os rumores (depois confirmados) sobre o veto do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) à fusão com a Kroton fizeram a ação da Estácio (ESTC3) despencar 15% em apenas dois pregões – dos dias 20 e 21 de junho – levando também a diversas reduções de recomendação por grandes casas de análise. Afinal, a fusão levaria à criação do maior grupo educacional do mundo – com grande impacto para o mercado educacional brasileiro. O futuro com o fracasso dessa união parecia nebuloso.
Contudo, passada essa fase, a situação parece ser bastante diferente para a Estácio. Durante o período, as ações já subiram quase 74% na bolsa brasileira. O mercado passa a precificar que, após o fim do noivado com a Kroton, há boas perspectivas para a companhia de educação, passando da casa dos R$ 14 para R$ 25.
Nos últimos dias, essa avaliação positiva acabou ganhando forças com o “aval” de diversos analistas em relatórios recentes. De olho no noticiário recente sobre as movimentações da empresa e também do setor, Itaú BBA, BTG Pactual e JPMorgan reiniciaram ou revisaram as perspectivas para as companhias de educação – colocando a Estácio sempre com uma visão otimista.
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Desde o final de julho, quando a companhia divulgou o resultado do segundo trimestre – com lucro de R$ 166,3 milhões no segundo trimestre, revertendo prejuízo de quase R$ 20 milhões no mesmo período do ano passado -, as ações engatam um movimento de alta ainda mais expressiva, fazendo com que os analistas revisassem os números para a empresa.
Na segunda-feira, a equipe de análise do JPMorgan elevou a recomendação para as ações da Estácio de neutra para overweight (exposição acima da média do mercado), com o preço-alvo sendo rolado de R$ 15,50 no fim de 2017 para R$ 27 no final de 2018.
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Os analistas Marcelo Santos e Andre Baggio destacaram a “impressionante reviravolta” na entrega de rentabilidade da empresa, com a margem ebitda no primeiro semestre de 6 pontos percentuais, para 27%, ainda deixando espaço para melhorias. Segundo o JP Morgan, o o resultado deve ser sustentável nos próximos trimestres. Os analistas também apontaram que a Estácio poderá diminuir a sua diferença de rentabilidade frente os 36% da Ser e 46% da Kroton.
Contribuindo para essa maior rentabilidade, o Bank of America Merrill Lynch destacou algumas iniciativas da empresa no primeiro semestre de modo a ter uma base de estudantes mais rentável e sustentável. Essas medidas incluem menores descontos, uma aceitação mais restrita de alunos e o lançamento de seu próprio programa de financiamento privado, o PAR. “As iniciativas devem continuar trazendo uma base de estudantes mais sustentável para o futuro, com um crescimento médio na taxa de ingresso de dois dígitos em 2017 e menor evasão (…). Além disso, o PAR deve ganhar relevância no terceiro trimestre”, apontam os analistas Roberto Otero e Gustavo Holzheim, que possuem recomendação de compra para os ativos.
Soma-se a isso outra mudança bastante importante: a presença do fundo americano de private equity Advent, que foi responsável pela transformação da Kroton na líder do setor de educação. Nas últimas semanas, o fundo comprou 10,48% do capital social da empresa. De acordo com analistas, a história de sucesso da gestora no setor é mais um ponto positivo para a empresa neste momento de transformação.
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“Enquanto a gestão atual está entregando mais do que o esperado, nós acreditamos que o histórico inquestionável da Advent traz uma maior confiança para a história da companhia, que deve enfrentar uma reclassificação de suas ações”, aponta o analista do BTG Pactual, Rodrigo Gastim. Já segundo o Brasil Plural, “o anúncio de que o Advent aumentou sua participação na companhia deve ser bem recebido dado seu histórico de reestruturação, o que poderia aumentar a qualidade da execução e os vetores de eficiência”.
Recomendações otimistas
Em meio a todos esses movimentos, o BTG Pactual e o JPMorgan elevaram recentemente as estimativas para a Estácio e possuem recomendação equivalente à compra para as ações ESTC3. O Itaú BBA, por sua vez, retomou recentemente a cobertura das companhias do setor com recomendação outperform para a a Estácio e apontando que está se definindo época “atípica e transformadora” para o setor educacional. Para o setor em geral, os analistas do banco destacaram as mudanças do cenário macroeconômico. “O declínio do Fies começa a fazer pressão nas margens das companhias e iniciativas de controle de custo serão chave para a manutenção da rentabilidade”, disseram os analistas Susana Salaru e Vitor Tomita. Por outro lado, o mercado com 13,6 milhões potenciais estudantes continua a crescer. Além de Estácio, os analistas retomaram a cobertura da Kroton e da Anima (ANIM3) para marketperform (desempenho em linha com a média do mercado), enquanto a Ser Educacional (SEER3) também é outperform. Em tempo, vale destacar que as outras companhias do setor também experimentam um movimento de forte alta nos últimos meses: a Kroton subiu 37% nesses últimos dois meses, enquanto a Anima subiu 19% e a Ser, 30%. Neste cenário positivo, o mercado também fica de olho no possível apetite da Estácio em aquisições – a empresa contratou o BTG Pactual como assessor e chamou a atenção do mercado. Atualmente, a Estácio é vista como a companhia que mais teria disposição hoje para uma compra de grande porte. Em meio a tantas notícias positivas, a Estácio trilha seu caminho sem a Kroton – e mostra que há muita vida para ela na Bolsa mesmo sem a fusão. Assim, mesmo sem a fusão, uma outra companhia está se desenhando: uma nova Estácio está surgindo. Gostou desta análise? Clique aqui e receba-as direto em seu e-mail!